Como surgiu o interesse pelo Jesus histórico?
Michael Baigent – Não tinha um grande interesse em Jesus até
escrever O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. A partir daí começamos a pesquisar
as inconsistências do Novo Testamento e de que modo ele havia sido escrito e
compilado. Percebi então a imensa quantidade de perguntas que precisavam de
resposta.
E qual foi o próximo passo?
Fiz uma grande pesquisa sobre a vida política de Jesus.
Ficou muito claro que a crucificação foi uma execução política. Também ficou
claro que o movimento zelote, que lutava contra a dominação romana, precisava
de um líder, um rei que descendesse de Davi. Jesus estava cercado de zelotes,
incluindo aqueles que tinham como função matar pessoas. Documentos gregos
também provam que Jesus foi crucificado entre dois zelotes, e não entre
ladrões, como diz o cristianismo.
E quanto à possível união entre Jesus e Maria Madalena?
Em grande parte desses manuscritos há referências ao
relacionamento muito próximo que Jesus manteve com mulheres que estavam entre
seus seguidores e, mais especificamente, com Maria Madalena. No fim do século
2, alguns dos seguidores de Jesus passaram a satanizar o sexo feminino, criando
um tipo de cristianismo que exclui as mulheres dos papéis centrais da Igreja. O
que ocorreu a partir daí é essa bobagem centrada na dominação masculina que
impede as mulheres de ocuparem o lugar de padres, bispos, papas.
O fundamentalismo religioso vai acabar um dia?
Não, pois estamos falando de um sistema rígido, como o
cristão, por exemplo. O cristianismo limita as expressões de seus seguidores
justamente porque eles [a Igreja] têm medo de que, se as perguntas certas forem
feitas, o sistema irá entrar em colapso. Acredito que todo sistema rígido, que
teme críticas, não tem futuro. Estou convencido de que o Vaticano irá ruir. E
isso será uma boa coisa. Adoraria ver o papa se tornar apenas o bispo de Roma.
Aventuras na História n° 035
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