Mauro Tracco
Uma é comédia. A
outra, drama. Com vocês, uma batalha entre as duas melhores séries de guerra da
TV.
Não são apenas as empreiteiras, a indústria bélica e as
companhias petrolíferas que lucram com as guerras: Hollywood já faturou muito
em cima de praticamente todo conflito de alguma relevância. Mas, se costuma ser
fácil haver bons filmes de guerra, é difícil ver esse tema originar boas séries
para a TV. Duas exceções são as americanas M.A.S.H. e Band of Brothers, que se
destacam por ter encontrado fórmulas distintas e bem-sucedidas de agradar
público e crítica. Em 11 temporadas no ar, de 1972 a 1983, M.A.S.H. passou as
últimas nove na lista das dez séries mais assistidas nos Estados Unidos. Já
Band of Brothers, minissérie em dez capítulos que foi ao ar pela primeira vez
em 2001, é a segunda produção do canal HBO com maior audiência até hoje (atrás
de Família Soprano).
O tom escolhido é a principal diferença entre as duas
séries. M.A.S.H., baseada no filme de mesmo nome dirigido pelo americano Robert
Altman, ridiculariza a guerra e os militares. A comédia mostra o cotidiano de
uma unidade médica móvel durante a Guerra da Coréia, na qual os cirurgiões
estão mais preocupados em encher a cara e levar enfermeiras para suas tendas do
que em servir seu país. Muitos elementos do filme foram preservados, como a
total ausência de cenas de batalha, a sátira aos valores norte-americanos e o
humor nonsense. Quando M.A.S.H. surgiu, o mundo assistia à Guerra do Vietnã, e
o seriado era uma clara crítica a essa impopular ação militar norte-americana.Em Band of Brothers a comédia dá lugar ao drama. A série nasceu do sucesso de O Resgate do Soldado Ryan, de 1998: após trabalharem juntos no filme, o diretor Steven Spielberg e o ator Tom Hanks resolveram, como produtores, levar ao ar outra saga ambientada na Segunda Guerra. Dessa vez, optaram por contar uma história real: a da 101ª Divisão Aerotransportada, a Companhia Easy. Com depoimentos de veteranos, Band of Brothers se baseia no livro homônimo do historiador americano Stephen Ambrose e glorifica os homens que derrotaram o nazismo. A série estreou em 9 de setembro de 2001, com 10 milhões de telespectadores. Após o ataque terrorista ocorrido dois dias depois, a audiência caiu 40%. Embora estivesse longe de ser um fracasso, os números decepcionaram a HBO, que investiu 120 milhões de dólares na série de TV mais cara da história.
Aventuras na História
n° 035
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