sábado, 10 de novembro de 2012

Os 400 anos de Rembrandt


Há exatos 400 anos, no dia 15 de julho de 1606, nascia em Leiden, na Holanda, Rembrandt van Rijn. Um dos mestres do barroco, ao lado de Caravaggio e Velázquez, Rembrandt conheceu, como poucos artistas em toda a história, o sabor do sucesso e a dor do esquecimento com intensidade.
O pintor foi bastante prestigiado na burguesia da Amsterdã do século 17, mas morreu pobre e com má fama, tanto moral quanto artística. Freqüentou as altas rodas, casou-se com uma jovem rica, morou numa das casas mais luxuosas da cidade (onde hoje funciona o Museu Rembrandt, que expõe, em 2006, cinco das 24 mostras espalhadas pelo país em homenagem à data). Teve uma vida próspera, construída com as encomendas que chegavam a seu ateliê.
Pintou de temas bíblicos a paisagens, mas foi a expressão dos sentimentos das pessoas, muitas delas simples e pobres, que o alçou à genialidade. “Não há, na história da pintura, artista que tenha penetrado tão profundamente, com tanta dúvida e angústia, no problema das relações entre o homem e o mundo”, escreveu o historiador de arte Pierre Cabanne em Rembrandt, da coleção “Grandes Mestres da Arte Européia”. O domínio da técnica do claro-escuro e o realismo provocante ficaram marcados na sua obra, com destaque para A Noiva Judia e Os Síndicos, além das três telas que ilustram esta página e dos cerca de 100 auto-retratos que mostram a bonança da juventude e a solidão da velhice.
Rembrandt morreu aos 63 anos, desprezado pelos clientes que não suportavam sua livre interpretação (muitas vezes ele ignorava seus pedidos e pintava como lhe convinha, distanciando-se do idealismo da arte clássica), endividado e marcado pela tragédia. Sua mulher morreu meses após dar à luz o quarto filho do casal, o único a chegar à vida adulta – mas que também viria a morrer pouco depois de se casar.

 Uma vida em três telas
Obras são retratos da fama à decadência.

Clássico da medicina
A primeira obra de prestígio de Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp (1632), deu fama imediata a ele. Para o historiador de arte Pierre Cabanne, nele o jovem artista “explora a morte para dar uma lição de vida”.

Ronda diurna
A Mudança de Guarda da Companhia do Capitão Frans Banning Cocq (1642), ou Ronda Noturna (embora a cena seja diurna), foi recebida friamente pelos soldados, talvez porque não tenham sido retratados numa pose heróica, mas numa banal ordem de marcha.

Herói caolho
A Câmara de Amsterdã encomendou a Rembrandt um painel em comemoração à independência da Holanda em relação à Espanha. Julius Civilis (1662) é um retrato ridicularizado de uma cena heróica. Rejeitado, o autor quase o destruiu.

Aventuras na História n° 035

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