Há exatos 400 anos, no dia 15 de julho de 1606, nascia em
Leiden, na Holanda, Rembrandt van Rijn. Um dos mestres do barroco, ao lado de
Caravaggio e Velázquez, Rembrandt conheceu, como poucos artistas em toda a
história, o sabor do sucesso e a dor do esquecimento com intensidade.
O pintor foi bastante prestigiado na burguesia da Amsterdã
do século 17, mas morreu pobre e com má fama, tanto moral quanto artística.
Freqüentou as altas rodas, casou-se com uma jovem rica, morou numa das casas
mais luxuosas da cidade (onde hoje funciona o Museu Rembrandt, que expõe, em
2006, cinco das 24 mostras espalhadas pelo país em homenagem à data). Teve uma
vida próspera, construída com as encomendas que chegavam a seu ateliê.Pintou de temas bíblicos a paisagens, mas foi a expressão dos sentimentos das pessoas, muitas delas simples e pobres, que o alçou à genialidade. “Não há, na história da pintura, artista que tenha penetrado tão profundamente, com tanta dúvida e angústia, no problema das relações entre o homem e o mundo”, escreveu o historiador de arte Pierre Cabanne em Rembrandt, da coleção “Grandes Mestres da Arte Européia”. O domínio da técnica do claro-escuro e o realismo provocante ficaram marcados na sua obra, com destaque para A Noiva Judia e Os Síndicos, além das três telas que ilustram esta página e dos cerca de 100 auto-retratos que mostram a bonança da juventude e a solidão da velhice.
Rembrandt morreu aos 63 anos, desprezado pelos clientes que não suportavam sua livre interpretação (muitas vezes ele ignorava seus pedidos e pintava como lhe convinha, distanciando-se do idealismo da arte clássica), endividado e marcado pela tragédia. Sua mulher morreu meses após dar à luz o quarto filho do casal, o único a chegar à vida adulta – mas que também viria a morrer pouco depois de se casar.
Uma vida em três telas
Obras são retratos da fama à decadência.
Clássico da medicina
A primeira obra de prestígio de Rembrandt, A Lição de
Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp (1632), deu fama imediata a ele. Para o
historiador de arte Pierre Cabanne, nele o jovem artista “explora a morte para
dar uma lição de vida”.
Ronda diurna
A Mudança de Guarda da Companhia do Capitão Frans Banning
Cocq (1642), ou Ronda Noturna (embora a cena seja diurna), foi recebida
friamente pelos soldados, talvez porque não tenham sido retratados numa pose
heróica, mas numa banal ordem de marcha.
Herói caolho
A Câmara de Amsterdã encomendou a Rembrandt um painel em
comemoração à independência da Holanda em relação à Espanha. Julius Civilis
(1662) é um retrato ridicularizado de uma cena heróica. Rejeitado, o autor
quase o destruiu.
Aventuras na História n° 035
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