domingo, 29 de janeiro de 2012

...Jardins Suspensos da Babilônia

Fabio Marton

Após dias escaldantes pelo deserto, um viajante que chega pela primeira vez à cidade da Babilônia de 570 a.C. acaba intrigado com um ruído de cachoeira. Atraído pelo som, o forasteiro depara-se com uma montanha tropical – ela parece brotar do solo arenoso. A “montanha” tem seis terraços, apoiados em pilastras. Lá em cima, imponentes esculturas de touros e dragões espreitam entre as árvores, mas as pessoas circulam à vontade. E uma escadaria convida a juntar-se a elas nesse paraíso.
Teria o sol do deserto cozido os miolos do viajante? Eis uma polêmica entre os historiadores. Tudo o que se sabe sobre os Jardins da Babilônia vem de relatos de gregos somente do século 2 a.C., como Strabo e Diodoro. Segundo eles, o monumento foi erguido por Nabucodonosor II, entre 605 a 560 a.C., como um presente à esposa, Amytis. Ela teria saudade de sua terra natal, a Pérsia (atual Irã), repleta de florestas e montanhas. Em 1913, o arqueólogo alemão Robert Koldewey afirmou ter desenterrado ruínas que seriam dos jardins, mas apresentou poucas provas. E a mais misteriosa das Sete Maravilhas segue instigando nossa imaginação.
Saiba mais: As Sete Maravilhas do Mundo, Elizabeth Romer, Melhoramentos, 1996
1. ESQUELETO OCO
Quem chega aos jardins pela primeira vez tarda a acreditar, mas as árvores maiores são plantadas dentro de colunas cúbicas. Elas são ocas, cheias de terra e feitas de tijolos de barro. Por isso, precisam ser impermeabilizadas para que a água não danifique a estrutura. Isso é feito com camadas de junco, piche e até chumbo, que sustentam uma estrutura quadrada de 124 metros de largura, 26 metros de altura e entre cinco e sete andares.
2. BUQUÊS GIGANTES
Nada por aqui é mais abundante que as plantas. Há centenas de espécies de árvore, em especial vindas da Pérsia. Várias produzem frutos: amêndoas, tâmaras, nozes, pêras, ameixas, pêssegos e damascos. Outras apenas enfeitam e dão sombra, como cedros, ciprestes, abetos, acácias, carvalhos e salgueiros. Também há flores, como roseiras e azaléias. A produção do jardim – frutos, flores e madeira – é aproveitada e vendida no bazar da cidade.
3. HOMENS TRABALHANDO
Uma equipe de especialistas cuida do jardim. São escravos “recrutados” entre os jardineiros mais experientes das cidades conquistadas na Mesopotâmia. Guardas do Exército protegem as entradas e saídas.
4. ELEVADOR DE ÁGUA
Por todos os lados e andares, a água desce em cascata, de uma piscina lá de cima. Ninguém vê como tanta água chega até lá porque o sistema é todo interno: ela é levada por baldes presos a uma polia desde outra piscina, no solo, alimentada pelo rio Eufrates. Escravos revezam-se em turnos para mover as manivelas e manter a cachoeira em ação. O sol faz com que as quedas produzam uma névoa, que mantém o clima bem diferente do resto da região.
5. ALA VIP
Os poderosos Nabucodonosor e Amytis aproveitam a sombra de um dossel e tomam cerveja para aliviar as preocupações e aproximar-se de seus deuses. Os babilônicos fazem cerveja de trigo e cevada, e a consideram uma bebida nobre, sagrada e afrodisíaca.
6. TURISMO ECOLÓGICO
A Babilônia é a maior cidade do mundo. Visitantes vêm negociar, estudar, fazer contatos diplomáticos ou rezar nos templos. Pelos terraços, encontram-se gregos, indianos, egípcios, judeus e persas que tenham permissão do rei para passar um dia no balneário.

Revista Aventuras na História n° 008

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