domingo, 29 de janeiro de 2012

Jerusalém: Via-Crúcis

Adriana Küchler

Andar pelo caminho que Jesus teria percorrido do julgamento até a crucificação e morte não tem significado só para os cristãos. A Via-Crúcis, no interior das muralhas da cidade antiga de Jerusalém, é um museu ao ar livre que mistura história e misticismo. Pelas ruas estreitas que ligam as 14 estações, o visitante atravessa a mistura de povos, estilos arquitetônicos e religiões que caracterizam a parte antiga de Jerusalém, passando pelos bairros judeu, muçulmano, cristão e armênio. O caminho, também chamado de Via Dolorosa, começa no lado muçulmano, termina no cristão e cruza um enorme mercado árabe. Milhares de peregrinos e turistas visitam e rezam em frente às chamadas estações. Elas são marcadas, em sua maioria, por construções posteriores à época de Jesus, mas, segundo a tradição cristã, simbolizam cada uma das principais passagens do martírio de Cristo.
Saiba mais: www.jerusalem.muni.il
1. O julgamento
No pátio desta escola fica a primeira estação da Via-Crúcis. O local abrigou uma fortaleza construída por Herodes (o rei romano da Judéia), no século 1 a.C., que servia de residência oficial do governador Pôncio Pilatos, quando visitava Jerusalém. Ali, ele teria julgado e condenado Jesus, por volta do ano 30.
2. O primeiro Flagelo
Marco do local onde Jesus teria sofrido os primeiros açoites, o templo foi construído no século 12 pelos cruzados. Foi reformado entre 1927 e 1929, quando ganhou vitrais representando o flagelo de Cristo, Pilatos lavando as mãos e o triunfo de Barrabás.
3. Eis o homem
Só uma parte do portão em forma de arco erguido durante o império de Adriano, no século 2, resistiu ao tempo. Parte dele atravessa a Via-Crúcis, entre a segunda e a terceira estações, e outro pedaço faz parte da estrutura da Capela Ecce Homo. A expressão (que em latim significa “eis o homem”) refere-se ao momento em que Pilatos teria apresentado Jesus à multidão.
4. O rei dos judeus
Debaixo do atual convento das Irmãs de Sion foi encontrada uma grande piscina romana, usada como reservatório de água. Numa das pedras originais do piso foi identificada a inscrição “jogo do rei”, uma brincadeira dos soldados da época inspirada em Jesus, o “rei dos judeus”.
5. ...E Maria chorou
Uma capela armênia marca a quarta estação. Sob ela, nas ruínas de uma igreja bizantina, arqueólogos acharam um mosaico esculpido no século 5 ou 6. O desenho de um par de sandálias apontaria o local onde Maria estava quando o filho passou com a cruz. A quinta estação, um pouco mais à frente, marca o local onde Jesus teria sido ajudado por Cirineu.
6. O Sudário
A sexta estação é marcada por uma capela católica grega, no local onde ficaria a casa de Verônica, que enxugou o suor do rosto de Jesus. Segundo a crença, seu corpo ainda estaria lá, no subsolo da igreja, mas o lenço onde teria ficado gravada a imagem de Cristo, está guardado na Basílica de São Pedro, em Roma. A igreja atual foi construída sobre as ruínas de um monastério do século 16.
7. Cidade Velha
Sobre as ruínas de Jerusalém, destruída durante a guerra entre judeus e romanos, de 132 a 135, o imperador Adriano construiu a cidade de Aelia Capitolina. Uma coluna vermelha que marcava o cruzamento das principais vias é a única obra que resistiu ao tempo. Ela marca a sétima estação.
8. Mercado Árabe
Não é fácil encontrar a placa que identifica a sétima estação: ela se esconde no meio de frutas, pães e óleos. O local onde Jesus caiu pela segunda vez é hoje uma das principais ruas do enorme mercado árabe. Esse é o ponto onde fica mais evidente a mistura de povos e religiões da cidade antiga de Jerusalém.
9. Santo Sepulcro
Erguida pela primeira vez em 326, no lugar onde Jesus teria sido crucificado e enterrado, a igreja do Santo Sepulcro foi atingida por um terremoto, destruída por persas e por egípcios e reconstruída pelos cruzados no século 12. Lá ficam as cinco últimas estações e o suposto túmulo de Jesus.
10. Altar de Jesus Cristo
No segundo andar da igreja do Santo Sepulcro ficaria o calvário (o topo do Monte Gólgota), onde Jesus teria morrido. A 12a estação é marcada por um altar de prata da igreja ortodoxa grega.

Revista Aventuras na História n° 008

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