sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aborígenes querem parentes de volta

Aiana Oliveira

Depois de 25 anos de insistência, os aborígenes australianos deverão ter de volta alguns dos 6 mil artefatos e restos mortais levados por exploradores ingleses no século 19 que hoje enfeitam museus e galerias da Inglaterra. A expectativa pelo retorno das ossadas existe desde novembro, com o fim dos trabalhos de um grupo de estudiosos que, a pedido do governo britânico, mapeou todo o patrimônio aborígene e selecionou o que deveria ser devolvido. O centro da polêmica são as mais de 5 mil ossadas. Sagradas para os aborígenes, que consideram que seus antepassados são os protetores espirituais, elas são objeto de pesquisas, principalmente aquelas que visam o mapeamento genético da evolução do homem.
O resultado não agradou os museus. “Reconhecemos os direitos das comunidades, mas as coleções têm um grande valor para o patrimônio cultural e científico inglês”, diz Neil Chalmers, diretor do Museu de História Natural de Londres. Segundo ele, as ossadas foram essenciais na descrição de povos e doenças que lhes afligiam,  como a malária.
Os aborígenes, porém, não querem discutir. “Os ingleses não entendem que, no que diz respeito a nossa cultura, não podemos fazer acordos”, diz Rodney Dillon, presidente da Comissão de Aborígenes e Habitantes do Estreito de Torres. “As ossadas são de nossos ancestrais e nós temos o direito de tê-las repatriadas.” Mas a devolução não depende só do desejo de um e de outro lado. Será preciso alterar a lei britânica para permitir a saída dos objetos. E, para isso, haja diplomacia.

Revista Aventuras da História Volume 007

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