O grupo de países mais atingido baseou seu crescimento recente nos fluxos de entrada de investimentos financeiros.
O dinheiro abundante provocou bolhas de consumo e de preços. Agora, inverteu-se a direção dos fluxos de capital e as bolhas explodem como bombas. Na Letônia, explodiu uma bolha imobiliária similar à dos Estados Unidos, destruindo com ela o principal banco nacional. Em quase todos os países da região, os bancos nacionais estão rodeados por labaredas e os bancos estrangeiros exportam capital para cobrir rombos nas suas matrizes.
O FMI entrou em ação, fornecendo empréstimos para os países mais endividados. Junto com o dinheiro, seguem as exigências de cortes nos gastos públicos a fim de equilibrar as finanças em desordem. Um pacote de drásticos cortes em gastos sociais na Letônia provocou protestos de massas. É o fim de um ciclo de esperanças desmesuradas nos efeitos mágicos da integração à União Européia e à Zona do Euro (UE).
Na Europa centro-oriental, a implosão do bloco soviético, em 1989, foi seguida por reformas dramáticas que substituíram as economias centralmente planificadas por economias de mercado. Ao longo da primeira metade dos anos 90, expressivas quedas no PIB acompanharam aquelas reformas. Depois, chegou o tempo da expansão e do longo processo de adesão à UE.
Hoje, com exceção de quase todas as repúblicas da antiga Iugoslávia, os países da região ingressaram no bloco europeu.
A Eslovênia e a Eslováquia adotaram o euro. Os demais estão comprometidos com o ingresso na Zona do Euro. Apenas Ucrânia, Belarus e Moldávia, que fazem parte da Comunidade de Estados Independentes (CEI), não têm na adoção da moeda única um horizonte de curto prazo. O colapso financeiro atual, contudo, ameaça o conjunto do projeto de integração européia.
Se as economias da Europa centro-oriental experimentarem uma depressão prolongada, tensões protecionistas se disseminarão por toda a UE, ameaçando o próprio mercado comum. Um risco paralelo decorre das pressões para a desvalorização das moedas nacionais dos países da região e da busca de uma saída inflacionária para a crise, por meio da impressão de dinheiro.
Nessa hipótese, a incorporação destes países à Zona do Euro seria postergada para um futuro incerto, o que traria conseqüências políticas imprevisíveis.
A UE não pode abandonar seus integrantes mais fracos à própria sorte sem minar a sua estabilidade econômica e a sua credibilidade política. O caminho quase inevitável é patrocinar vultosos pacotes de socorro financeiro direcionados para os países do leste. Mas os governos dos países do núcleo rico do bloco temem enfurecer seus eleitores, que já experimentam os efeitos da recessão. O impasse é óbvio. A solução não é.
Boletim Mundo n° 2 Ano 17
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