A cidade do Cabo é a expressão concreta de uma convergência peculiar entre a geografia e a história. Localizada numa pequena península no extremo sul do continente africano, Capetown é o segundo maior núcleo urbano (3,3 milhões de habitantes), da República Sul Africana. Quem chega à cidade, logo vislumbra seu mais importante acidente natural, a Table Mountain (Montanha da Mesa). Este bloco de relevo tabular, de 1.087 metros, pode ser avistado de todos os pontos da cidade. A vista da cidade a partir da Table Mountain é lindíssima.
A cidade e regiões próximas guardam uma singular mescla cultural e populacional, resultado da superposição e miscigenação de diferentes culturas ao longo do tempo. Aos hotentotes, grupo ancestral que habitava a região, juntaram- se, há cerca de mil anos, povos bantos que se expandiam para o sul. No século XVII chegaram os colonizadores europeus, primeiramente holandeses, que fundaram a cidade e criaram a Colônia do Cabo, em 1652. Calvinistas, esses colonos fugiam às perseguições religiosas movidas a eles na Europa. Em seguida, chegaram outros colonos protestantes, de origens francesa, inglesa e alemã. Nesse período houve expressiva mestiçagem entre os colonizadores e grupos africanos.Ato contínuo foram trazidos escravos, assim como trabalhadores livres, da Malásia, da Indonésia, da África Oriental e do Subcontinente Indiano. Houve também mestiçagem entre esses grupos e os que ali já se encontravam. Do século XIX, quando a Colônia do Cabo passou ao domínio britânico, até os dias atuais, juntaram-se a esse caldeirão étnico-cultural imigrantes europeus de várias nacionalidades e imigrantes vindos de países vizinhos como Angola, Moçambique e Zimbábue. Vez por outra, estes últimos têm sido vítimas de atos de xenofobia.
Dessa evolução demográfica resultou uma composição populacional bem diversa do resto da África do Sul. Segundo o censo de 2001, os coloreds (mestiços, na classificação criada pelo apartheid e conservada até hoje) perfaziam 48,2% da população, seguidos pelos “negros” (31,7%) e “brancos” (18,7%). Capetown pode se orgulhar de ser a mais cosmopolita e liberal cidade do país. Um cartão de visita da cidade é o Victória & Alfred Waterfront, antigo cais construído no século XIX e que hoje abriga, além de um grande shopping e dezenas de restaurantes, o surpreendente Aquário dos Dois Oceanos.
Os habitantes de Capetown estão cada vez mais empolgados com a Copa do Mundo, que o país sediará em 2010. Já são encontradas nas lojas as camisetas da torcida bafanabafana, nome carinhoso da seleção local. Ela divide as vitrines com outra, de cor verde, na qual está escrito Springboks, que identifica a seleção de rúgbi, esporte no qual o país sagrou-se campeão mundial em 1995 e 2007. Nelson Mandela é objeto de veneração pela maioria da população, onipresente em estátuas, fotos e camisetas.
Frases e citações do líder da luta contra o apartheid estão impressos em cartazes e pôsteres nas lojas para turistas.
Nos arredores de Capetown há duas outras atrações; a primeira é o Cabo da Boa Esperança, cerca de 100 quilômetros ao sul.
Foi uma emoção especial visitar o Cape Point e imaginar, erroneamente como os navegadores portugueses do passado, que ali se dava o encontro das águas do Atlântico e do Índico. Na verdade, a famosa passagem de Bartolomeu Dias e Vasco da Gama encontra- se cerca de 200 quilômetros a sudeste, no Cabo das Agulhas.
A segunda atração é a rota dos vinhedos do Cabo. Nesta área está Stellenbosh, a primeira cidade vinícola edificada por holandeses em 1679. Mais tarde, huguenotes franceses fundaram Franshoek e, em seguida, Paarl. A qualidade dos vinhos sul africanos é reconhecida mundialmente.
Boletim Mundo n° 3 Ano 17
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