segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

NO PIAUÍ, A CAMPEÃ DO ENEM

Nelson Bacic Olic

A divulgação, pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), do ranking das escolas cujos alunos obtiveram os melhores resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) causou surpresa em todo o país. A melhor escola ranqueada foi o Instituto Dom Barreto, de Teresina, no Piauí.
Mas nós, da equipe de Mundo, não nos surpreendemos. O Instituto Dom Barreto, assinante de nossa publicação desde 1995, já havia comprovado a qualidade do seu ensino nos concursos nacionais de redação que promovemos. Por nada menos que cinco vezes, nos últimos anos, seus estudantes foram premiados, inclusive com um primeiro e dois segundos lugares. Não é pouca coisa, quando se sabe que as mais de duas centenas de redações que chegam às nossas mãos para a avaliação da banca passaram antes, quase sempre, pelo crivo de concursos internos das próprias escolas.
O Enem não é o único indicador de qualidade de uma escola e, entre pessoas informadas, rejeita-se a idéia de imaginar que exista uma “melhor escola” do Brasil.
Existem centenas – melhor, milhares – de escolas de alto nível, entre as quais figuram também (poucas, infelizmente) escolas públicas. Mas o ranking do Enem não é algo a se ignorar.
Pessoalmente, tive o privilégio de constatar in loco, por cinco vezes, a dedicação e a qualidade do trabalho pedagógico de professores, coordenadores e direção da escola, nas ocasiões em que fui convidado a proferir palestras para alunos. Em 1994, quando estive no Dom Barreto pela primeira vez, fiquei surpreso com a participação dos alunos e pela qualidade (e quantidade) dos questionamentos que me fizeram.
De lá para cá, deixei de me surpreender.
O contato com o corpo docente, especialmente com a professora Catarina e os professores Ricardo e Carlos Evandro, consolidaram minha impressão de estar presenciando uma experiência pedagógica muito especial. Além de cursos não convencionais de xadrez, latim, filosofia e sociologia, o colégio conta com uma infra-estrutura de causar inveja. Sua biblioteca possui mais de 90 mil volumes e, para minha grande alegria de geógrafo, o Dom Barreto tem um laboratório de Geografia.
Fundado há 63 anos pelas irmãs missionárias de Jesus Crucificado, a escola passou a ser dirigida por leigos a partir de 1973. Possui cerca de 2300 alunos (do ensino infantil ao médio) e quase 400 professores (vários ex-alunos), parte considerável deles com títulos de mestrado e doutorado. Um capítulo especial da escola foi a presença marcante de seu diretor, o professor Marcílio Rangel, diretor desde 1983 e precocemente falecido em 2006. Em novembro de 2005, quando de nosso último encontro, o professor Marcílio, já com a saúde debilitada, continuava a vibrar intensamente quando se referia aos projetos da escola. Com orgulho justificado, ele me falava da “sala do futuro” e dos projetos sociais – entre os quais a “Casa do Menor”, que tive oportunidade de visitar, uma entidade mantida pelo colégio que abriga mais de 150 jovens de famílias dos bairros pobres de Teresina.
A excelência pode ser produzida em qualquer lugar. Parabéns a toda a comunidade escolar do Dom Barreto pelo merecido sucesso e reconhecimento do trabalho realizado. Nós, da equipe de Mundo, sentimo-nos honrados pelo privilégio de sua parceria pedagógica.

Boletim Mundo n° 2 Ano 15

Nenhum comentário:

Postar um comentário