terça-feira, 17 de janeiro de 2012

POTÊNCIAS DELINEIAM POLÍTICAS DE SEGURANÇA ENERGÉTICA

Numa era de escassez crescente de hidrocarbonetos, a diversificação das fontes e dos fornecedores comanda o planejamento estratégico dos grandes consumidores.
Todos os países do mundo, em maior ou menor grau, preocupam-se com sua segurança energética. O problema se coloca de maneira crucial para as grandes potências que carecem de matérias-primas energéticas suficientes para seu consumo e dependem de importações energéticas.
A matriz energética mundial concentra-se fortemente nos hidrocarbonetos (petróleo, carvão e gás), que respondem por cerca de 80% das fontes primárias de energia na atualidade é composta por hidrocarbonetos.
O petróleo, isoladamente, é responsável por quase 40% do total. Consideradas matérias- primas não renováveis,  as reservas exploráveis de hidrocarbonetos tendem a se esgotar ao longo das próximas décadas.
Simultaneamente, o aumento do uso de combustíveis fósseis, especialmente carvão e petróleo, enfrenta restrições políticas em virtude dos esforços internacionais e nacionais para controlar as emissões de gases de efeito estufa. Assim, vem se tornando premente diminuir a participação destas fontes na matriz energética mundial.
Os maiores exportadores de petróleo na atualidade podem ser agrupados em três conjuntos. O primeiro é o dos países da região do Golfo Pérsico, onde estão também as maiores reservas comprovadas e os maiores produtores, com destaque para a Arábia Saudita, o Irã e, potencialmente, o Iraque. O segundo grupo é formado pela Rússia e algumas antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso e Ásia Central, como o Azerbaijão e o Cazaquistão. Por fim, aparecem alguns expressivos exportadores da América Latina, como o México e a Venezuela.
Do lado dos importadores, Estados Unidos, Japão e União Européia (UE), que concentram cerca de 15% da população mundial, são responsáveis por metade do consumo total do petróleo, enquanto China e Índia, com 38% da população global, consomem 12%.
Na matriz energética dos Estados Unidos, o petróleo participa com cerca de 40% do total. O país é o terceiro produtor e o maior importador mundial do “ouro negro”. As importações americanas cobrem cerca de dois terços de seu consumo.
Quase metade dessas importações provém do Canadá, seu principal fornecedor, do México e da Venezuela. Cerca de 30% do petróleo consumido origina-se da África e apenas 16% provêm do Golfo Pérsico, região que há duas décadas fornecia 25% do total das importações.
O Japão, país carente de matérias-primas, é o terceiro maior importador de petróleo. Apesar da expressiva participação do carvão, do gás e da fonte nuclear, o petróleo corresponde a quase metade de sua matriz energética. Grande parte das importações japonesas de petróleo é originária de países do Oriente Médio.
A UE engloba países com matrizes energéticas bem diferenciadas. Desde a década de 80, os europeus desenvolvem processos de mudanças na estrutura de suas fontes de abastecimento levando em conta tanto a segurança energética como as políticas ambientais. É na Europa que se encontram os países da linha de frente do Protocolo de Kyoto. A Rússia fornece um terço do petróleo importado pelos países da UE, seguida da Noruega, Arábia Saudita, Líbia e Irã. Os demais fornecedores são quase todos do Golfo Pérsico e da África.
A China, país com maior ritmo de crescimento econômico do mundo, é o segundo maior consumidor de petróleo, produto cujo consumo cresceu cerca de 60% nos últimos dez anos. No entanto, o petróleo corresponde à terceira fonte mais importante da matriz energética chinesa, superado pelo carvão e pelo gás. Do Golfo Pérsico provêm cerca de 40% das importações chinesas. Mais atrás, como fornecedores, aparecem África e Rússia.
Como a China, a Índia tem sua matriz energética baseada no carvão. O país é o terceiro maior produtor mundial dessa matéria-prima, logo atrás da China e dos Estados Unidos. Mas, também como os chineses, as necessidades de petróleo dos indianos são cada vez maiores, o que faz o país importar 70% de suas necessidades de consumo. Estimativas indicam que, em 2030, a Índia será o terceiro maior consumidor e importador mundial. Mais de dois terços do petróleo importado originam-se dos países do Golfo Pérsico e quase 25%, da África, especialmente da Nigéria.
A estratégia dos grandes consumidores em termos de segurança energética segue determinados padrões gerais. Do ponto de vista externo, a saída tem sido diversificar os países fornecedores, evitando depender demasiadamente daqueles localizados em regiões com freqüentes turbulências políticas, como é o caso do Oriente Médio. Internamente, a palavra de ordem é apostar na diversificação da base energética, incrementando pesquisas e exploração de fontes alternativas e aperfeiçoando tecnologias que aumentam a eficiência no uso dos insumos energéticos.
Os preços do petróleo caíram abruptamente. Contudo, devem voltar a subir a médio  prazo, o que estimula a prospecção e exploração de novas jazidas. O petróleo existe em enorme quantidade na natureza, mas as reservas de exploração economicamente viáveis representam apenas uma pequena parcela do incalculável estoque total. No caso da camada de pré-sal brasileiro, por exemplo, a exploração é viável, mas apenas com o retorno dos preços do barril aos níveis anteriores à crise econômica global.

Boletim Mundo n° 2 Ano 17

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