Estrelando Marlon Brando...

Jones Rossi

... Como Marco Antônio, no principal filme sobre a República romana.

Morto no último dia 1º de julho, aos 80 anos, Marlon Brando deixou um legado de atuações brilhantes. Aos 29 anos, o ator por trás do rostinho bonito foi revelado justamente no filme que difundiu a história dos últimos dias da República romana: Júlio César, de 1953. Como outros filmes épicos da década, Júlio César não economiza em cenários e figurantes para contar a conspiração dos senadores Cássio e Bruto para matar César, em março de 44 a.C.
O filme rendeu a Marlon Brando uma indicação ao Oscar por interpretar Marco Antônio, o braço direto de César que, depois da morte do ditador romano, se tornou cônsul. No cinema de Hollywood, assim como na peça homônima de Shakespeare, Marco Antônio é um companheiro justo e fiel ao seu mestre Júlio César. Depois que os senadores esfaqueiam César, ele finge fazer uma trégua com os conspiradores, mas logo provoca o povo contra eles, que são obrigados a fugir de Roma.
Justiça é uma qualidade presente em vários personagens dessa história. O próprio Bruto justifica sua traição a César na preocupação em defender a República romana, que vigorava havia quase cinco séculos e estava abalada com os desmandos de César. Em 42 a.C., arrependido do crime e sendo visitado por um fantasma do ditador, ele cumpre uma promessa de se matar se fizesse mal a Roma. É enterrado com honras militares por Marco Antônio, então cônsul ao lado de Marco Emílio Lépido e Otaviano no segundo triunvirato. Era o fim da república e o início da era dos Césares, efetivamente surgida quando Otaviano se proclama imperador Augusto, três anos após a morte de Marco Antônio, em 30 a.C.

O ator para a História

Emiliano Zapata - Viva Zapata (1952)
O papel do revolucionário mexicano valeu a Marlon Brando uma indicação ao Oscar como melhor ator. Com roteiro do escritor John Steinbeck, o filme mostra a luta de Zapata contra Porfírio Diaz, ditador do país por 35 anos.
William Walker - Queimada (1969)
O ator é o aventureiro William Walker, historicamente um mercenário que chegou a presidir a Nicarágua, em 1856. No filme, trata-se de um inglês que provoca uma rebelião popular numa ilha para, logo depois, rendê-la ao imperialismo britânico.
Coronel Kurtz - Apocalypse Now (1979)
O coronel Walter E. Kurtz foi a metáfora usada pelo diretor Francis Ford Coppola para mostrar a loucura americana na Guerra do Vietnã. O insano Kurtz precisa ser detido após montar um pequeno exército na fronteira do Camboja.
Torquemada - Cristóvão Colombo (1992)
Marlon interpreta o inquisidor espanhol Tomás de Torquemada, chefe da Inquisição na Espanha. Confessor do rei Fernando de Aragão e da rainha Isabela, ele influenciou decisões como a expulsão dos judeus no país e matou 2 mil pessoas na fogueira.

Revista Aventuras na História n° 013