quinta-feira, 29 de março de 2012

Xokleng, uma civilização perdida em Santa Catarina

Flávia Souto Maior

De um dia para o outro, uma desconhecida tribo indígena do oeste de Santa Catarina – a xokleng – ganhou status de grande nação da Antiguidade americana. Em junho, durante escavações na cidade de Abdon Batista, arqueólogos da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) encontraram vasos de cerâmica de 2860 a.C. Segunda descoberta mais antiga do Brasil (a primeira é de objetos amazônicos de 4000 a.C.), as cerâmicas provam que os xoklengs viviam na região muito antes e de modo muito mais avançado do que se imaginava.
Em 260 sítios arqueológicos, foram encontradas tigelas de cerâmica com vestígios de vegetais, revelando seu uso doméstico, e instrumentos ligados à agricultura. Muitas peças esperavam os arqueólogos a 30 ou 40 centímetros da superfície, revelando locais distintos para funerais, enterros, roças e armazenagem de alimentos. Até então, os xoklengs eram tidos como um grupo de caçadores e coletores de pinhão, que teriam começado a cultivar a terra apenas por volta do ano 200. “O uso da cerâmica significa uma evolução dos hábitos e uma mudança tecnológica mais antigas”, diz o antropólogo Marco Aurélio de Masi, da Unisul. Agora, sabe-se que os xoklengs viveram na região por vários milênios, sendo dizimados no século 19 pela colonização do sul do país. Hoje, os representantes da tribo não passam de mil pessoas.

Revista Aventuras na História n° 013

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