Ninguém precisou descer até o fundo da fossa das Marianas,
no oceano Pacífico. A profundidade foi descoberta a partir da superfície da
água com um navio inglês de pesquisa, o HMS Challenger II, em 1951. Comandados
pelo suíço Jacques Piccard, os cientistas da embarcação usaram um aparelho para
emitir um sinal sonoro do casco do barco até o fundo do oceano. O sinal bateu e
voltou na forma de eco, e os pesquisadores cronometraram quanto tempo durou
essa viagem. Como eles já sabiam a qual velocidade o som viaja na água, eles
usaram uma fórmula simples da física para calcular a profundidade máxima: 10
900 metros. Em homenagem ao navio comandado pelo cientista suíço, o ponto mais
baixo foi batizado de Challenger Deep ("o poço Challenger"). A
medida, no entanto, foi alterada na segunda expedição de Piccard ao local, em
1960. Usando um equipamento mais moderno, o submarino Trieste, Piccard desceu
bem perto do fundo da fossa e determinou uma nova profundidade: 11 034 metros.
A tal diferença de 134 metros pode ter ocorrido devido à movimentação das
placas tectônicas: a região das Marianas tem muitos terremotos submarinos, e
algum deles pode ter alterado o jeitão do assoalho oceânico.
Música submarina
Sinal sonoro serviu de base para o cálculo dos cientistas.
1. Para medir o ponto mais profundo do oceano, os cientistas
usaram um aparelho para enviar um sinal sonoro em direção ao fundo do mar. Na
água, o som se propaga a uma velocidade de 1 500 metros por segundo.
2. O sinal sonoro segue até o fundo rochoso e volta. Como o fundo
é de pedra, ele devolve um eco bem forte, que viaja no sentido oposto, rumo à
embarcação que está na superfície. Um sensor detecta a chegada do sinal e o
tempo que ele demorou para retornar.
3. Sabendo quanto durou a viagem e a velocidade do som na água,
os cientistas aplicaram a fórmula distância = velocidade X tempo para
determinar a profundidade. Nesse cálculo, eles tomaram o cuidado de dividir o
tempo da viagem por dois, pois queriam saber apenas a distância de ida (metade,
portanto) da viagem.
Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004
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