A passagem pelo estômago é apenas o primeiro passo do
processo de absorção de um remédio pelo nosso organismo. Na verdade, a maior
parte do princípio ativo - a substância química que irá provocar a cura - é
absorvida não no estômago, mas no intestino. Depois disso, como você confere no
infográfico abaixo, o medicamento ainda percorre um longo caminho até agir no
ponto exato do corpo onde está o problema. É claro que aqui estamos falando das
drogas ingeridas na forma de cápsulas ou pílulas. Existem outras maneiras mais
rápidas de se fazer um produto chegar à corrente sanguínea. Uma delas é a
absorção de remédios colocados embaixo da língua - região com muitos vasinhos.
Outra são as injeções aplicadas diretamente nas veias. A opção por uma dessas
várias formas de receber um medicamento depende do problema apresentado pelo
paciente e da sua condição física. Por isso, qualquer remédio só deve ser
ingerido com indicação de um médico, o profissional mais qualificado para
avaliar essas situações. Para quem tem úlcera gástrica, por exemplo, pode ser
muito mais recomendável ingerir cápsulas com aquela espécie de capinha plástica
protetora do que pílulas comuns. É que com essa "embalagem" o
medicamento só começa a ser absorvido no intestino, poupando o sensível
estômago do paciente. Os especialistas estimam que os remédios em geral
funcionem para aproximadamente 90% da população - nos 10% restantes as drogas
podem não atuar da maneira esperada ou até mesmo apresentar efeitos contrários.
E, para garantir o máximo de eficiência no tratamento, uma boa dica é obedecer
com rigor os horários programados para tomar seus comprimidos. É que nosso
organismo tem limitações e intervalos de tempo precisos para absorver os
princípios ativos.
Viagem fantástica
Medicamento é absorvido principalmente no intestino.
1. Assim que você ingere um remédio pela boca ou "via oral", como dizem os médicos ele desce pela
faringe e atinge o esôfago. Beber um copo de água ou de leite junto ajuda a
pílula a atravessar mais facilmente esses dois primeiros
"canais". Ao final do esôfago, o remédio chega ao estômago.
2. No estômago, as enzimas digestivas começam a triturar a
pílula engolida a mesma função que executam quando você
come algo. Se o medicamento não tiver uma cápsula protetora para conter as
enzimas, parte do princípio ativo do remédio já será absorvida no estômago,
entrando na corrente sanguínea.
3. Do estômago a pílula triturada "desce" para o
intestino. É lá que ocorrerá a absorção da maior parte do princípio ativo, pois
esse órgão é rodeado por muitos vasos sanguíneos. Como a maioria dos remédios
são bem solúveis, os princípios ativos atravessam as membranas permeáveis do
intestino e penetram nesses vasos.
4. Uma vez dentro de um vaso sanguíneo, o princípio ativo do
remédio começa a circular pelas artérias e veias do organismo, que funcionam
como grandes avenidas e pequenas ruas responsáveis por levar a substância
química do remédio até o exato ponto onde ela precisa agir.
5. Em geral, o remédio que circula na corrente sanguínea só
não penetra numa parte do corpo: o cérebro. Para preservar essa sensível região
de danos colaterais, existe uma proteção fisiológica chamada barreira
hematoencefálica. Ela impede a passagem da maioria das substâncias químicas
para o líquor, o líquido que banha o sistema nervoso central.
6. O segredo do remédio é que ele só entra em ação quando
seu princípio ativo interage com moléculas do corpo chamadas de receptores.
Como cada órgão (coração, pulmão, fígado...) tem receptores específicos, o
medicamento só age quando seu princípio ativo encontra moléculas que se
"encaixem" perfeitamente com sua fórmula química.
Dose certa
Cada droga age de um jeito. Conheça as formas de ação de
três tipos delas.
ANALGÉSICOS E ANTIINFLAMATÓRIOS
São exemplos de remédios que não agem só em contato com as
moléculaS receptoras. Para diminuir dores e inflamaçõeS, eles inibem a produção
de uma substância chamada prostaqlandina que entra
em ação quando o corpo é invadido por alguma bactéria ou agente agressor. Com
menos prostaglandina no orqanismo, a pessoa sente menos dor.
ANSIOLÍTICOS (CALMANTES)
É uma classe grande de remédios complexos. Alguns são
capazes de passar pela barreira hematoencefálica (que protege o cérebro de
substâncias químicas) e atuam no sistema nervoso central. Os ansiolíticos se
ligam então a receptores que reduzem a excitação na transmissão dos neurônios a passagem de um impulso elétrico de um neurônio para outro. Isso
reduz os impulsos nervosos que causam a ansiedade.
ANTI-HIPERTENSIVOS
São remédios que atuam de diversas formas, mas buscando
sempre o mesmo objetivo: reduzir a pressão arterial. Os anti-hipertensivos
podem tanto dilatar as artérias (aumentando seu calibre e a vazão do sangue)
quanto reduzir a frequência cardíaca, fazendo com que o coração bata menos
rápido.
Revista Mundo
Estranho Edição 33/ 2004
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