Em Lisboa, acervo preserva primeiros carros dos reis.
O museu mais visitado de Portugal não é um palácio e não tem
nada a ver com os descobrimentos. Ele trata de outro assunto: a paixão do homem
por carros – bem, pelo menos os antepassados deles. Com 55 veículos produzidos
em diversos países da Europa entre os séculos 16 e 19, o Museu Nacional dos
Coches, em Lisboa, atrai mais de 250 mil pessoas por ano.O termo “coche” vem de Kotze, cidade na Hungria onde foi inventado o primeiro veículo de tração animal para transporte de humanos. Os coches surgiram no século 15, cerca de 300 anos antes das carruagens. “Até então, reis e aristocratas viajavam a cavalo ou em carroças equipadas com almofadas”, explica Maria Ana Bobone, conservadora do museu.
Feitos a mão por carpinteiros, pintores, douradores e vidraceiros, esse carros primitivos eram um luxo restrito às elites. A coleção portuguesa começou a tomar forma no século 19, quando dom Fernando II ordenou restaurar os carros espalhados por vários depósitos e cocheiras da Coroa. Em 1905, a rainha Amélia de Orleans e Bragança reuniu os veículos em um edifício neoclássico no bairro do Belém e criou o Museu dos Coches Reaes.
Naquela época, automóvel era uma novidade. Talvez por nostalgia, os portugueses apoiaram a idéia de se preservarem os coches, símbolo da pompa da realeza. Cinco anos depois, em 5 de outubro de 1910, a monarquia seria abolida em Portugal e a instituição passaria a se chamar Museu Nacional dos Coches.
1. PRO SANTO
Quando a família real acompanhava procissões religiosas,
imagens de santos eram transportadas em viaturas como esta, encomendada por dom
João V por volta de 1740. O carro tem a caixa envidraçada, lanternas e um
pequeno trono para a imagem.
2. LEMBRANÇA DO BRASIL
Borges de Medeiros, duas vezes governador gaúcho, presenteou
dom Carlos I, penúltimo rei de Portugal, com esta sela no fim do século 19.
Feita de couro e pele de cabrito e com estribo de prata, a peça fica exposta ao
lado de similares do Marrocos, da Índia e da Argélia.
3. COCHEIRO CHIQUE
O chefe de todos os condutores de coches de Portugal se
vestia na última moda do século 19: casaca com galões, colete com detalhes de
prata, chapéu armado, luvas, sapatos de couro com fivelas etc. O museu preserva
muitos uniformes como este, que se revezam na exposição.
4. COCHE “TUNADO”
Criadas no século 18, na Inglaterra, as carruagens eram uma
evolução dos coches. Mais seguras e velozes, elas tinham o banco do cocheiro
mais elevado e vinham com faróis. Este modelo, de 1825, pertenceu a um nobre
português.
5. BRINCADEIRA DE CRIANÇA
Esta viatura de passeio do século 19 era usada nos jardins
dos palácios. Ela era puxada por um pônei ou uma ovelha e podia levar crianças
de até 7 anos.
6. TRAÇÃO HUMANA
Na cidade, havia meios de transporte sem rodas, como as
liteiras, para quatro passageiros, e as cadeirinhas, para um. Esta era puxada por
dois escravos, que a apoiavam em barras de madeira.
7. O DOTE DE CARLOTA
Ter vários coches era sinal de status. Ao se casar,
princesas levavam seus próprios carros, que atingiam a velocidade de 20
quilômetros... por dia! Este é um dos três que Carlota Joaquina trouxe da
Espanha em 1785, ao se unir com dom João VI.
8. NA BERLINDA
No fim do século 17, surgiu a berlinda (o nome vem de
Berlim, onde foi inventada), coche no qual o passageiro ficava em destaque,
mais alto que o povo na rua. Este, de 1790, pertenceu à rainha Maria I, a
Louca.
9. PREFERÊNCIA NACIONAL
Os olhares da multidão se concentravam na parte de trás do
coche, que, por isso, era a mais elaborada. Este, de 1716, mostra a união do
Atlântico com o Índico após a conquista do cabo da Boa Esperança, em 1487.
10. SÍMBOLO DE PODER
No século 18, os coches, que tinham as rodas traseiras
maiores para suportar o peso das alegorias, eram o símbolo do poder real. Este
é um dos 15 carros que o rei dom João V deu ao papa Clemente XI, em 1716.
Aventuras na História n° 051
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