segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A morte de PC Farias


Leandro Narloc
Hora a hora, um dos maiores mistérios do Brasil.
Dez anos depois, ninguém sabe como morreu o tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, Paulo César Farias. Para a polícia, Suzana Marcolino matou o namorado e suicidou-se. Em 1999, porém, Augusto Farias (irmão de PC) e mais seis pessoas foram indiciados por envolvimento nas mortes de 23 de junho de 1996. Ninguém foi preso.

22 de junho,12h - A véspera
Depois de passar a semana fazendo compras e indo ao dentista em São Paulo, Suzana Marcolino volta a Alagoas ao meio-dia do sábado, 22 de junho. No começo da noite, vai ao cabeleireiro e, depois, à mansão de PC Farias em Guaxuma, litoral norte de Maceió. Segundo Claudia Dantas, outra namorada de PC, ele teria ligado para ela às 17h dizendo que, naquele dia, romperia com Suzana.

22h - O último jantar
PC passou o fim da tarde em casa acertando a candidatura de seu irmão, Augusto Farias (que hoje controla sua fortuna), que se lançaria a prefeito de Maceió. Por volta das 22h, PC, a namorada, os irmãos Augusto e Cláudio, além de duas amigas, jantam espetinhos de camarão e uma garrafa de uísque trazida da Suíça pela filha de PC. À 1h, Augusto Farias, que era o último convidado, vai embora.

23 de junho, 3h30 - Quebra-pau
Segundo os garçons e os seguranças da casa disseram em seus depoimentos à polícia, PC e Suzana beberam e discutiram muito depois do jantar. Por volta das 3h30, o empresário disse a seu mordomo que queria ser acordado às 10h30. Os seguranças da casa haviam sido dispensados. Os outros funcionários da mansão estavam dormindo na residência dos empregados, a 50 metros dali.

3h48 - Vozes na madrugada
Numa ligação para o dentista Fernando Colleoni (foto), Suzana deixa o recado: “Eu liguei para você para dizer que nunca vou esquecer você e tenho certeza que eu vou lhe encontrar. Beijos”. Ao fundo, uma voz de homem: “O que você está fazendo? Te arruma, te arruma...”.

Horário incerto - A primeira morte
Exames dos resíduos de alimentos que havia no corpo de PC Farias indicaram que ele teria morrido às 3h – fato que não bate com o relato fornecido pelos funcionários. A tese da polícia de Alagoas é que Suzana estava em pé quando atirou nele. PC estaria deitado de lado na cama e, com o impacto da bala no peito, teria ficado com a barriga para cima.

4h57 - Silêncio na mansão
Os funcionários da casa dormem, segundo eles, sem notar os tiros disparados durante a madrugada. Suzana liga mais duas vezes para o dentista Fernando Colleoni, em São Paulo, com quem tinha trocado beijos na semana anterior ao crime. Na segunda vez, às 5h01, deixa mais um recado no celular dele:“Espero um dia encontrar você, nem que seja na eternidade”.

Horário incerto - A segunda morte
Para a polícia alagoana, Suzana se matou logo após fazer o último telefonema para o dentista. A arma do crime – um revólver calibre 38 – havia sido comprada por ela dias antes. Suzana teria segurado o revólver com as duas mãos e dado um tiro no próprio peito, à queima-roupa. Outras versões contestam o suicídio e afirmam que ela foi assassinada pelos seguranças de manhã.

8h - Cadáver no rádio
Em Itabuna, na Bahia, o técnico em radiotransmissão Madson Costa intercepta uma mensagem de radioamador. Segundo ele, uma voz afirmava repetidamente que tinha visto PC Farias morto na praia. “PC morreu na praia”, dizia a voz. A perícia da polícia de Alagoas, porém, não encontrou vestígios de areia nos corpos que comprovassem essa versão.

10h30 - Sem resposta
De acordo com a versão dos seguranças, na manhã de domingo eles teriam ido ao quarto acordar o patrão, conforme ele havia pedido. O segurança Reinaldo Correia de Lima Filho vê uma marca de tiro na parede. Como ninguém no quarto responde, o grupo decide espiar pela janela, vendo os dois deitados. Sem saber o que fazer, eles ligam para Augusto Farias, que volta à mansão.

11h - Pijamas e sutiã
Augusto Farias e os seguranças afirmam ter decidido arrombar a janela do quarto do casal. O grupo teria encontrado PC e Suzana já mortos na cama. PC estava de pijama. A namorada vestia camisola e sutiã. Segundo sua família, porém, ela nunca dormia de sutiã. Uma análise posterior mostrou que a arma encontrada no local não tinha as impressões digitais da namorada de PC.

Aventuras na História n° 035

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