Dependendo do tipo de acidente, a Polícia Militar, o Corpo
de Bombeiros e a equipe médica de plantão no estádio dividem o trabalho de
atendimento. Esse tipo de procedimento nos jogos de futebol nunca foi muito bem
regulamentado. Mas a coisa começou a mudar no final de maio último, com a entrada
em vigor do Estatuto do Torcedor, uma nova legislação esportiva. Entre vários
outros pontos, ela define, por exemplo, como os estádios e ginásios devem se
preparar para receber um grande público. Para cada 10 mil torcedores, é
obrigatória a presença de um médico, dois enfermeiros e uma ambulância de
plantão, aparato bem maior do que se costumava acionar nos grandes clássicos
antes da nova lei. O curioso é que, um dia antes da aprovação do Estatuto,
houve um grave acidente no estádio do Morumbi, em São Paulo, num jogo entre
Corinthians e River Plate, da Argentina.
O taxista Rui Nelson de Moura Júnior caiu sobre uma grade
com lanças pontiagudas e, após uma cirurgia de três horas, teve o baço e parte
do intestino removidos. Num caso grave como esse, bombeiros e policiais
militares são acionados. Os PMs, que estão sempre próximos dos torcedores, têm
cursos de primeiros socorros para agir preliminarmente; já os bombeiros são
especialistas em resgatar pessoas presas em escombros ou ferragens. Depois
entra em cena a equipe médica de plantão no local, contratada pelo clube dono
do estádio ou pelo time mandante da partida. "Se for um grande clássico,
costumamos levar três equipes", diz a enfermeira Ana Freitas Ciarlini,
responsável pelo pronto-socorro do Hospital São Luiz, instituição que presta
atendimento no Morumbi nos jogos do São Paulo. Acidentes como o do torcedor
espetado são raros.As equipes médicas de plantão normalmente cuidam de casos mais simples, como dores de cabeça, pequenos cortes e desmaios. Mas, como surpresas sempre acontecem, elas já precisaram atender até mesmo uma mulher em trabalho de parto.
Trabalho em equipe
No Morumbi, PM, bombeiros e ambulâncias entram em ação em
casos graves1 - Os atendimentos médicos mais comuns num estádio como o Morumbi, em São Paulo, envolvem pequenos cortes, dores de cabeça e desmaios. Mas podem pintar acidentes bem mais graves, como o ocorrido no último dia 14 de maio. Um torcedor da arquibancada tentou passar para as numeradas, perdeu o equilíbrio e caiu sobre as lanças que dividem os vários setores do estádio.
2 - Num acidente grave como esse, a primeira ação cabe à Polícia Militar. Afinal, num jogo de casa cheia há cerca de 500 PMs espalhados pelo estádio. Pelo menos um deles estará por perto para chamar outros policiais e isolar o local. O próximo passo é acionar a equipe de resgate do Corpo de Bombeiros. Se o acidente não fosse tão grave, os próprios PMs poderiam levar a vítima ao posto médico do estádio.
3 - Por causa do trânsito, os bombeiros podem levar 20 minutos para chegar ao Morumbi e começar o resgate, como ocorreu no dia do torcedor espetado. "Em 15 anos nunca presenciei acidente semelhante, mas seria importante ter uma unidade de resgate mais próxima", diz o tenente-coronel da PM Marcos Cabral Marinho de Moura. Nem o novo Estatuto do Torcedor melhora o problema, pois ele só exige a presença de ambulâncias.
4 - Após a vítima ser resgatada, ela tem dois destinos: ir para uma ambulância que a levará para um hospital ou ir para a sala de atendimento do estádio. Nesse ambulatório há um médico, enfermeiras e material de primeiros socorros. Além de distribuir remédios simples, a equipe pode dar pontos, aplicar soro em casos de desidratação e fazer eletrocardiogramas.
5 - Se a infra-estrutura do ambulatório não for suficiente para atender a vítima, ela pode ser levada diretamente para uma das ambulâncias que ficam de prontidão no estádio. Foi isso que ocorreu com o torcedor espetado, que foi encaminhado para o Hospital das Clínicas. Essas ambulâncias estão equipadas com aparelhos que podem fazer ressuscitações cardíacas e até pequenas cirurgias de emergência.
Revista Mundo Estranho Edição 17/ 2003
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