Como o carrinho não é motorizado, todo o movimento de uma
montanha-russa é resultado quase que exclusivo da ação da força da gravidade.
Por isso, o trajeto desse emocionante brinquedo sempre tem logo de cara uma
enorme descida que dá o impulso inicial para o carrinho percorrer o resto do
caminho. "Usando termos físicos, a gente diz que, no alto da montanha, o
veículo acumula a chamada energia potencial que, durante a queda, se transforma
em energia cinética - ou energia de movimento - pela ação da força
gravitacional", diz o físico Antônio de Pádua, consultor de parques de
diversões. O detalhe é que uma parte dessa energia é perdida na forma de calor,
por causa do atrito com o trilho e com o ar, o que diminui gradativamente a
velocidade e a altitude máxima que o carrinho pode atingir. Enquanto ele está a
todo vapor, a emoção fica mesmo por conta do desenho do trajeto, cujo objetivo
é jogar o passageiro nas situações mais apavorantes possíveis. Mas alguns
cuidados básicos devem ser tomados.
A velocidade no looping não pode diminuir muito, senão o
carrinho despenca. Já as curvas em alta velocidade devem ser inclinadas para
dentro para aumentar o contato com o trilho e evitar que o veículo saia pela
tangente. Apesar dos circuitos cada vez mais mirabolantes - e assustadores -, o
princípio básico do brinquedo permanece o mesmo desde as primeiras
montanhas-russas modernas, criadas no final do século 19. Mas também existem
algumas novidades. Uma das mais importantes foi o desenvolvimento de sistemas
de propulsão para lançar o carrinho a partir da plataforma de embarque,
eliminando a necessidade da grande descida inicial como fonte de impulso. Um
desses sistemas, que usa a atração eletromagnética para movimentar os
carrinhos, faz com que eles atinjam 160 km/h em sete segundos, um recorde para
esse tipo de brinquedo.
Brincando com a gravidade
Aceleração obtida na
primeira descida é fundamental para definir o resto do trajeto.
Energia acumulada
No alto da primeira subida o carrinho acumula a energia que
vai precisar para percorrer todo o trajeto do brinquedo. Essa energia se
transforma em velocidade conforme ele despenca na descida, provocando aquele
famoso friozinho na barriga.
Trânsito controlado
Muitos brinquedos operam com até cinco carrinhos ao mesmo
tempo, por isso são usados sensores para controlar o fluxo. "O carrinho
não tem freio, mas ele pode ser parado em locais estratégicos por um freio
externo, para evitar colisões", diz o administrador Hércules Vergari,
supervisor de manutenção de um parque em São Paulo.
Empurrãozinho inicial
A maneira mais comum de içar o carrinho até o topo da
montanha é usando uma corrente rotatória posicionada no meio do trilho, logo no
começo do trajeto. Ganchos fixados na parte de baixo do carrinho se prendem na
corrente quando o veículo passa sobre ela. Esse é o único momento em que o
carrinho recebe algum tipo de propulsão.
Disputa de forças
Num looping, os passageiros ficam literalmente de cabeça
para baixo. Nessa hora, é o movimento do carrinho que o mantém nos trilhos,
impedindo que ele despenque no chão pela ação das forças centrípeta - que puxa
o veículo para o centro e da gravidade.
Erro de cálculo
A altura do looping é sempre proporcional à grande descida
percorrida pelo carrinho antes desse emocionante obstáculo. Quanto maior a
ladeira anterior, mais alto pode ser o looping. Se na hora de projetar a
montanha-russa os engenheiros não levarem isso em conta, a aceleração do
carrinho pode não ser suficiente para vencer as forças centrípeta e da gravidade
que agem no obstáculo. Resultado: o veículo despenca.
Parada final
Quando o carrinho se aproxima do fim do trajeto, no mesmo
ponto da estação de partida, um sensor detecta a sua chegada e aciona o sistema
de freios. Ele funciona com braçadeiras posicionadas nos trilhos e entre as
quais passa uma lâmina presa ao fundo do carrinho. Quando as braçadeiras se
fecham, elas comprimem a lâmina e brecam o veículo.
Adrenalina múltipla
Cada formato de trilho garante uma diversão diferente.
VERSÃO TRADICIONAL
As primeiras
montanhas-russas modernas, do final do século 19, eram feitas de madeira,
material que ainda tem seus fãs até hoje. Nesse tipo de brinquedo o carrinho
trepida muito, garantindo uma dose extra de emoção. Por outro lado, como a
estrutura de madeira é bastante pesada, o trajeto não pode ter obstáculos
complexos, como loopings.
ARROJO METÁLICO
O tubo de aço passou a ser usado nas estruturas em meados do
século 20. Como as montanhas ficaram mais leves e flexíveis, foi possível criar
novas manobras (como parafuso e looping) e brinquedos cada vez maiores. Na Top
Thrill Dragster, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, há uma queda de 130
metros e os carrinhos atingem até 200 km/h.
PÉ PARA FORA
A montanha-russa de aço permitiu o desenvolvimento de vários
tipos de trilhos e carrinhos. Um dos mais emocionantes e divertidos é o trilho
invertido, em que o carrinho fica embaixo e não em cima do trilho. Por causa
dessa disposição, as pernas das pessoas balançam no ar e você pode visualizar
bem abaixo de si os abismos que surgem no trajeto.
Revista Mundo Estranho Edição 17/ 2003
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