Elas atraem a vítima pelo estômago. Em sua maioria, as 750
espécies de plantas carnívoras conhecidas exalam odores que abrem o apetite de
pequenos insetos, além de os seduzirem com cores vívidas como o vermelho. Para
mosquitos e besouros famintos, essas plantas parecem suculentos e inofensivos reservatórios de néctar. Pura
ilusão. "Não há alimento ali. Tudo não passa de uma armadilha para atrair
as presas", afirma o biólogo José Maurício Piliackas, da Universidade São
Judas Tadeu, em São Paulo, especialista no assunto. Depois que os insetos se
aproximam, cada planta tem uma estratégia diferente para capturá-los. As do
gênero Drosera, comum no Brasil, possuem folhas colantes que prendem seu
almoço. Já nas Dionaea, nativas dos Estados Unidos, as folhas se fecham até
esmagar a presa que as tocou. As Nepenthes, por sua vez, encontradas na Ásia e
na Oceania, têm uma armadilha em forma de jarro, que faz o inseto escorregar
pelas paredes lisas e morrer afogado na água acumulada no fundo.
Na hora da digestão,
que pode durar uma semana, as plantas carnívoras produzem enzimas que absorvem
as proteínas das vítimas, obtendo substâncias que não conseguem retirar do
solo. "A maioria delas vive em brejos e pântanos, regiões pobres em
nitrato e fosfato. Com a digestão das presas, absorvem uma dose extra desses
elementos", diz José Maurício. O prato preferido dessa turma são pequenos insetos, mas certos
tipos de Nepenthes possuem armadilhas de até meio metro de comprimento, capazes
de capturar rãs e pássaros desatentos. O homem, é claro, não faz parte desse
cardápio. "Se você tocar uma carnívora, a planta vai prendê-lo. Mas é
fácil soltar o dedo e se livrar dela", afirma o biólogo.
Revista Mundo Estranho Edição 10/ 2002
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