Glória e vergonha nunca andaram tão juntas quanto na época
dos gladiadores em Roma. A maioria desses lutadores era de escravos que haviam
sido aprisionados nas campanhas romanas, ou criminosos e endividados que
terminavam como escravos e eram enviados para as academias de gladiadores –
justamente por serem fortes ou habilidosos. Pertenciam, assim, à classe dos
infamis, ou seja, pessoas em desgraça. Embora a vida deles não fosse fácil, já
que eram submetidos a constantes treinamentos, eles não podiam reclamar.
“Geralmente não eram acorrentados nem açoitados e não lutavam mais do que três
vezes por ano. Melhor do que ser um escravo comum”, diz a historiadora Barbara
McManus, do College of New Rochel-le, nos Estados Unidos. A glória ficava por
conta da adoração que os romanos tinham pelos gladiadores. Os mais famosos
faturavam prêmios, eram idolatrados pelas mulheres e eventualmente ainda
ganhavam uma espada de madeira (chamada rudis) no fim da carreira. Ela
simbolizava a liberdade.
Caso de vida ou morteAs lutas foram comuns em Roma entre os séculos 3 a.C. e 4 d.C.
LUTA CONTRA FERAS
Nem sempre os gladiadores enfrentavam outros guerreiros.
Havia uma classe especializada na luta contra os animais, os bestiarii – uma
espécie de segunda divisão, sem tanta fama. Seus espetáculos, porém, eram muito
aguardados, principalmente quando algum animal exótico para os romanos, como um
tigre ou rinoceronte, era colocado na arena.
IMPERADORES ALUCINADOS
Não era só o povão que delirava com as lutas. Vários
imperadores romanos piravam, como Adriano, Tito, Calígula e Comodus. Os dois
últimos até lutaram como gladiadores – e sempre venceram. O imperador ainda
patrocinava a maioria das lutas e decidia se o gladiador que perdia seria
morto.
PANCADARIA ORGANIZADA
Com exceção do retiário, os lutadores não podiam recuar em
combate, que era sempre mano-a-mano. Um gladiador só podia enfrentar
determinadas categorias, para que houvesse equilíbrio. O samnita em pé ao lado,
um guerreiro pesado, não poderia enfrentar um trácio, porque este estaria em
desvantagem.
MARIAS-ARENA
Gladiadores populares eram tão famosos quanto o Ronaldinho
hoje. Inscrições nos muros de Pompéia diziam coisas como: “De noite, Crescens
captura mocinhas em sua rede” (ele era gladiador). O poeta Juvenal (55-127
d.C.) diz em um de seus livros que Eppia, esposa de um senador, fugiu para o
Egito com seu amante, um gladiador.
O POVO QUER SANGUE
Quando o povo queria salvar um gladiador, levantava o
polegar e, para matá-lo, apontava esse dedo para baixo, certo? Barbara McManus
diz que não há evidências concretas disso: “Pode ser que quem quisesse matá-lo
balançasse os polegares, e, para poupá-lo, mantivesse o punho fechado”.
MORTE DE UM GUERREIRO
Se um gladiador estivesse diante da morte, esperava-se que
ele aceitasse seu fim sem choradeira. Após o golpe fatal, seu corpo era
removido por um homem vestido como Caronte (o barqueiro mitológico que conduzia
as almas para o inferno), que saía do Coliseu pela Porta Libitinensis (Libitina
era a deusa da morte).
Diversas categorias, um só objetivo: vencer
TrácioUsava um elmo que lhe cobria a cabeça inteira, um escudo quadrado, duas grevas (espécie de caneleira) que protegiam seus joelhos e uma espada trácia, encurvada.
Murmillo
Vestia um capacete com um peixe estilizado e tinha um braço protegido. Carregava um gládio (espada curta) e escudo no estilo celta. Tradicional adversário do trácio.
Retiário
Carregava um tridente, uma adaga (faca pequena) e uma rede. Um dos braços era protegido até a altura do ombro. Lutava geralmente contra os murmillos ou secutores.
Secutor
Usava armas iguais às dos murmillos: um gládio e um escudo oblongo. Lutava contra o retiário seu capacete não tinha pontas para não se prender na rede inimiga.
Aventuras na História n° 026
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