sábado, 29 de junho de 2013

Qual foi a guerra mais curta da história?

Roberto Navarro

Foi um conflito ocorrido no final do século 19 que durou apenas 45 minutos, só a metade de um jogo de futebol! Ele envolveu a Inglaterra e um sultão da ilha de Zanzibar, no leste da África. Ingleses e alemães disputavam o controle territorial da região, que estava sob influência  dos britânicos. Quando o sultão de Zanzibar morreu, em 1896, um de seus filhos ocupou o trono com apoio da Alemanha, irritando os ingleses, que temiam perder poder na área e exigiram sua renúncia. Em resposta, o novo sultão reuniu um exército de 2 500 soldados de origem árabe e declarou guerra aos britânicos. Pouco antes de a crise estourar, a Inglaterra, prevendo a encrenca, já havia enviado para a região uma pequena frota de canhoneiras. Essas embarcações de guerra bombardearam a ilha no dia 27 de agosto de 1896 e obtiveram a rendição do novo sultão de Zanzibar menos de uma hora depois de iniciado o conflito. Mas essa é uma guerra que pertence apenas às listas de curiosidades, não tendo causado maiores consequências. Já no século 20, duas das guerras mais curtas da história deixaram marcas permanentes no cenário político do Oriente Médio, criando problemas que se estendem até hoje. Uma delas foi a Guerra de Suez, em 1956, que durou em torno de uma semana, opondo Inglaterra, França e Israel contra o Egito, pelo domínio do Canal de Suez - que ao fim dos combates permaneceu sob controle egípcio. Outro conflito relâmpago e ainda mais marcante do século 20 foi a Guerra dos Seis Dias, travada em 1967, quando Israel derrotou as forças árabes do Egito, da Síria e da Jordânia em menos de uma semana.
Semana inferna

A Guerra dos Seis Dias não foi a mais breve, mas é um capítulo marcante nos conflitos entre árabes e judeus.
Forças Árabes

No ar: o mais avançado avião de combate de egípcios e sírios era o MiG-21, fabricado na União Soviética e que podia atingir o dobro da velocidade do som. Mas a falta de peças de reposição e de preparo adequado de seus pilotos prejudicou as forças aéreas árabes.
Em terra: os tanques árabes, dos quais os principais eram o T-54 e o T-62, ambos de fabricação soviética, eram mais modernos que os usados por Israel. O problema é que eles foram surpreendidos pelo inimigo em território aberto e sem proteção aérea.

Forças de Israel
No ar: o caça-bombardeiro Mirage III (de fabricação francesa) foi o destaque. Os aviões de ambos os lados se equivaliam em poderio, mas os pilotos israelenses tinham melhor treinamento e apoio logístico, por isso levaram vantagem nos duelos aéreos contra os sírios.

Em terra: Israel tinha vários blindados, mas sua principal arma era o tanque Centurion, produzido na Grã-Bretanha. Ele era inferior aos tanques árabes, mas a vantagem israelense foi de novo o melhor treinamento e o uso de táticas mais apropriadas.
1. Desde o início dos anos 60, a Síria (um país árabe) usava seu território nas colinas de Golan para bombardear o norte de Israel — país judeu que havia sido criado décadas antes e que não era reconhecido pelos árabes. Esses bombardeios criam uma constante tensão na região. Em maio de 1967, o Egito (aliado árabe da Síria) reforça suas bases militares na península do Sinai, perto da fronteira com Israel.
2. Com o cheiro de guerra no ar, no dia 5 de junho de 1967, as forças israelenses resolvem tomar a iniciativa. É o primeiro dia da guerra. Aviões partem para o ataque, aniquilando, ainda no solo, a maior parte da força aérea do Egito e bombardeando a Síria e a Jordânia, outro país árabe que faz fronteira com Israel.
3. No segundo dia da guerra, forças blindadas israelenses avançam pela península do Sinai. Em 7 de junho (terceiro dia), a Jordânia, que havia relutado em entrar na guerra e estava militarmente despreparada, anuncia sua rendição a Israel e perde o controle sobre a cidade de Jerusalém Oriental e a região da Cisjordânia. No quarto dia, toda a península do Sinai está sob o domínio dos israelenses e os combates contra as forças egípcias são suspensos.
4. Em 9 de junho, o quinto dia, o Exército de Israel enfrenta os sírios nas colinas de Golan e começa a cercar os inimigos. No dia 10, último dia da guerra, os israelenses completam sua ofensiva no Golan e controlam a região. No dia seguinte um cessar-fogo é assinado e Israel passa a ocupar a península do Sinai (que seria devolvida ao Egito no final dos anos 70), a Faixa de Gaza, as colinas de Golan e a Cisjordânia — regiões que mantém até hoje.

Revista Mundo Estranho Edição 30/ 2004

Nenhum comentário:

Postar um comentário