domingo, 12 de fevereiro de 2012

Brasil: ser ou não ser império

Ernani Fagundes

Acredite que o Brasil poderia ter se tornado um grande império na América, antes mesmo de os Estados Unidos terem conquistado a independência. Sim, essa possibilidade existiu no século 18. E foi revelada dois séculos depois pelo livro A Devassa da Devassa (Paz e Terra), do brasilianista Kenneth Maxweel. A obra mostra como a relação entre Brasil e Portugal na segunda metade daquele século levou o país a outro destino.
O professor da Universidade de Columbia organizou farta documentação do período de 1750 a 1808 investigando os fatos que causaram a Inconfidência Mineira e suas conseqüências para a política colonial. Nessa obra é possível encontrar desde uma velha idéia portuguesa de 1736 de transferir a corte para o Brasil, onde o rei assumiria o título de “imperador do Ocidente” e indicaria um vice-rei para governar Portugal, até os pormenores sobre o julgamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que assumiu a culpa apenas no terceiro depoimento.
Há também correções históricas importantes como o fato de o governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, ter suspendido a “derrama” do ouro, antes mesmo da delação de Joaquim Silvério dos Reis. A interpretação sobre as circunstâncias que levaram a morte Cláudio Manuel da Costa na prisão deixam o leitor inquieto quanto à veracidade do suicídio. Os trechos mais sonolentos da obra, embora ricos em informações, descrevem as relações comerciais entre a colônia, a metrópole e a Inglaterra. E, das coisas que perduram por séculos no Brasil, Maxweel conta sobre o contrabando, a corrupção e o endividamento dos brasileiros em plena corrida do ouro.

Revista Aventuras na História n° 010

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