Chegou a vez da obra que representa o marco inicial de toda a literatura ocidental ser levada ao cinema americano. Os 15 693 versos de Ilíada, de Homero estão nas telas desde 14 de maio, estrelando Brad Pitt como o herói Aquiles. Agradando gregos e troianos, o filme Tróia aliou a exagerada narrativa do épico e o cinemão de Hollywood, com fidelidade histórica à Idade do Bronze (3500 – 1000 a.C.), época em que teria ocorrido a guerra de Esparta contra Tróia. Mas, afinal, o que nisso tudo é fato ou literatura?
O filme conta o triângulo amoroso de Páris, o príncipe de Tróia, apaixonado por Helena, a rainha de Esparta, mulher de Menelau. O troiano rouba a pretendida, levando-a para Tróia. Para recuperar a honra, várias cidades gregas vão combater Páris em busca de Helena. O poema de Homero trata apenas de uma parte do conflito, o décimo ano da guerra. Já o filme mostra o que se chama de ciclo épico, contando toda a história, que vai do casamento de Helena e Menelau até a queda de Tróia.Por ser escrita 400 anos depois dos fatos que narra, Ilíada foi considerada ficção pura até 1870, quando o arqueólogo alemão Heinrich Schliemann, baseado somente nas descrições do poeta grego, encontrou restos da cidade na colina de Hissarlik, Turquia. Achou ali milhares de artefatos de ouro e prata, além de sinais de guerra, como construções destruídas ou com marcas de incêndios. Desde então, sabe-se que Tróia realmente existiu até por volta de 1250 a.C.
Mas não se pode afirmar o mesmo sobre Homero. Por causa de erros de continuidade e histórias contraditórias em Ilíada e Odisséia, há quem duvide que as duas enormes obras sejam da autoria da mesma pessoa. O poeta, que viveu no século 7 a.C., foi provavelmente um aedo (espécie de repentista) cego e analfabeto. Com um poderoso poder descritivo e narrativo.
Guerra a pé
Para Luiz Alberto Cabral, especialista em língua e literatura grega antiga que analisou cenas de Tróia a pedido de Aventuras na História, o filme pode ter pecado por limar os exageros do seu roteiro original, mas aproximou-se da história. “A variedade de cores era tão grande em Ilíada que Homero compara a marcha dos guerreiros à própria luz do Sol”, diz. As armas usadas no filme são um exemplo de fidelidade histórica que revela muito da Grécia antiga.
Lanças
Para vencer os ágeis carros de guerra de Tróia, os guerreiros valiam-se de lanças compridas e leves, que ofereciam mobilidade e segurança nos ataques
Couraças (Thórax)
Daí veio a palavra tórax do português. Eram parte importante da armadura dos gregos. Feitas de bronze ou até de ouro, poderiam valer uma centena de bois
Calçados
Feitas de couro, as sandálias eram essenciais para a tática grega de guerra. Em vez de lutar em carros de guerra como era comum na Idade do Bronze, a estratégia grega consistia em milhares de homens a pé
Elmos
Um destes capacetes, que eram guarnecidos com crina de cavalo e foram mencionados literalmente em Ilíada, foi encontrado nas primeiras escavações de Tróia
Escudos
Eram redondos e traziam insígnias que variavam de soldado para soldado. O único que usava um escudo retangular e maior era Ajax, o maior guerreiro da Grécia
Revista Aventuras na História n° 010
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