sábado, 11 de fevereiro de 2012

Pitonisas: premonições ou alucinações

Julia Moióli

Agora é definitivo: as misteriosas pitonisas, as gregas que revelavam o destino do mundo helênico no Oráculo de Delfos do século 8 a.C até o ano 385, passavam o dia sob o efeito de gases que emanavam de uma falha geológica. Em 1997, o geólogo Jelle de Boer, da Universidade de Wesleyan, Estados Unidos, já dizia ter encontrado a fenda de onde sairiam os gases. No ano passado, ele se juntou a um arqueólogo, um químico, um oceanógrafo e um toxicologista para provar a presença, até hoje, de metano, etileno e etano nas profundezas do local considerado o centro do mundo pelos gregos.
“O efeito do etileno é similar ao dos gases usados como anestesia em cirurgias”, diz Henry Spiller, o toxicologista que participou da pesquisa. “Também causa leve euforia e alucinações.” Na Grécia antiga, acreditava-se que as adivinhações das pitonisas vinham da incorporação de Apolo, o deus da música, dos esportes e do Sol. “Foi do oráculo que vieram conselhos como para que os atenienses resistissem aos persas em 480 a.C., na batalha dos Salamis. Também atribui-se a elas a inspiração de um mensageiro do imperador romano Diocleciano para que este perseguisse os judeus, por volta do ano 300”, conta o arqueólogo John Hale.
Os gases chegavam à superfície e atingiam o santuário por meio de duas falhas geológicas que cortam a área. “Apesar de ínfimas, a quantidade desses gases aponta uma presença abundante há 2,5 mil anos”, diz Boer.

Revista Aventuras na História n° 010

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