domingo, 12 de fevereiro de 2012

No tempo das Carreteiras

Álvaro Oppermann

Quando carros eram chamados de MINHA VIDA ME ULTRAPASSA
Carros híbridos, cortados ao meio e montados em fundos de quintal pelas pessoas que os dirigiam, as carreteiras surgiram na Argentina e cruzaram o Rio do Prata no fim da década de 40. A mania espalhou-se nos anos 50 e 60 pelo Sul e Sudeste do Brasil, atraindo a atenção da incipiente indústria automobilística brasileira. Na foto à direita, a bandeirada para o vencedor dos 500 Quilômetros de Porto Alegre, em 1962.
EM QUALQUER ROTA QUE EU FAÇA
Algumas provas cortavam o país em circuitos de mais de 2 mil quilômetros, como a Grande Prova Getúlio Vargas, que começava em São Paulo, passava por Uberaba (MG) e pelo Rio de Janeiro, terminando novamente na capital paulista. Corridas assim demoravam mais de 20 horas para terminar, e contavam com várias trapaças dos participantes para enganar os adversários. Outras provas foram precursoras  das corridas em autódromos, como a da foto acima, do Grande Prêmio Rio Grande do Sul, realizado no autódromo paulistano de Interlagos, em 1951.
MINHA COR É CICATRIZ
A segurança dos carros deixaria qualquer um de cabelo em pé. Ao lado de dutos de gasolina e com as mãos enfaixadas devido às bolhas criadas por horas no volante, os pilotos perdiam o controle ao desviar cavalos nas provas noturnas nas zonas rurais. Já a platéia, aglomerada na margem das estradas, era atingida por carros em capotagens como a do uruguaio Ramon Sierra, em 1956, em Porto Alegre.
CORRENDO NÃO TENHO MÁGOA
Os primeiros carros que deram origem às carreteiras eram movidos a gasogênio, gás oriundo da queima de carvão que exigia um enorme espaço no automóvel. Quase sempre veículos Chevrolet e Ford dos anos 30 e 40, as carreteiras eram serradas e depenadas, tornando-se máquinas com motores V8 que chegavam 250 km/h. Seguindo o manual do romantismo, os pilotos eram amadores apaixonados por mecânica e pela alta velocidade.

 Revista Aventuras na História n° 010

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