sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Dia D foi a maior operação aeronaval da história?

Fábio Marton

No próximo dia 6 de junho, completam-se  60 anos da invasão dos aliados à Normandia, no norte da França, data que ficou conhecida como o Dia D da Segunda Guerra Mundial, também chamada de Operação Overlord. A batalha mobilizou cerca de 10 mil aviões, 6 130 navios, 156,5 mil soldados – 23,5 mil desses transportados por via aérea – e centenas de veículos blindados. Com a vitória dos aliados, foi aberto um rombo na ocupação alemã na Europa continental que, em três meses, permitira os primeiros ataques por terra ao território alemão.
Nunca antes ou depois houve outra operação que se comparasse ao Dia D, mais por sua complexidade que por seus números absolutos. Desembarcar soldados e tanques em praias tomadas pelo inimigo é algo tão difícil que ainda hoje é evitado a qualquer custo – tanto que, na Guerra do Iraque, os Estados Unidos travaram várias batalhas diplomáticas para fazer a invasão por terra, a começar de países vizinhos. Na Segunda Guerra, a ocupação só foi possível quando o Terceiro Reich já havia perdido o controle aéreo e naval da região, e os aliados, após terem quebrado o código de suas comunicações secretas, conseguiram desviar-se com ataques de mentira. No fim do dia, os aliados haviam perdido cerca de 10 mil soldados, e os alemães, entre 4 mil e 9 mil.
A importância do Dia D está mais relacionada à divisão de influência na Europa no pós-guerra que propriamente à queda do Terceiro Reich. A maioria dos historiadores acredita que Hitler já estava condenado em junho de 1944. Sem a invasão, o mais provável é que os russos vencessem sozinhos, abrindo o caminho para uma Europa comunista.
Falha nossa
• Por medo da artilharia, as primeiras levas de tanques anfíbios aliados foram lançadas a 4 quilômetros da praia. Esse erro e o mau tempo fizeram 27 tanques flutuar como uma pedra, levando ao fundo do mar suas tripulações
• Pilotos inexperientes lançaram os pára-quedistas longe de seu destino, às vezes em terrenos pantanosos, onde os soldados não conseguiram se reunir. Houve ao menos dois incidentes em que os aliados bombardearam suas próprias tropas. Esses erros desastrosos contribuíram para fazer os alemães desconfiar de um ataque tão caótico.
• Em muitos casos, a inexperiência era calculada: os americanos escolheram enviar os novatos porque ainda não tinham medo das defesas alemãs.
• O fogo amigo também era um problema entre os alemães. Grande parte dos soldados na Normandia era composta por alistamento forçado entre as nações dominadas. Alguns desses soldados liquidaram os próprios sargentos para render-se aos aliados.
 A invasão que fracassou
Com o sucesso do Dia D, os aliados estavam tão confiantes que deram um passo maior que as pernas. Lançada em 17 de setembro de 1944, a Operação Market Garden, que visava uma invasão mais rápida à Alemanha, a começar da Holanda, era composta de duas fases: a Market, na qual foram lançados dezenas de milhares de soldados por pára-quedas e planadores, e a Garden, que usaria pontes asseguradas por esses soldados para a travessia rumo à Alemanha. Erros no lançamento dos soldados somados ao mau tempo e a previsões muito otimistas da reação alemã determinaram o estrondoso fracasso da operação: em dez dias de massacre, dos 36,5 mil soldados enviados, apenas 2,5 conseguiram salvar-se.

Revista Aventuras na História n° 010

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