Celso Miranda
Textos de Julio Mesquita,escritos na Primeira Guerra,são
relançados."Dada a interrupção das linhas telegráficas de anteontem para ontem, o mais importante acontecimento conhecido da atual guerra foi a dupla invasão da França e da Bélgica pelos alemães. A invasão da França deu-se por Cirey, pequena povoação da fronteira, próxima a Nancy. A da Bélgica, por Verviers, grande cidade industrial de 50 mil habitantes, situada entre Liège e a fronteira.” Foi assim que, em 6 de agosto de 1914, o jornalista Julio Mesquita iniciava seu primeiro relato sobre a guerra que estourava na Europa. Entrincheirado na redação do jornal O Estado de S. Paulo, ele escreveria outros 200 que seriam publicados, semanalmente, todas as segundas, no periódico paulista (a última nota sairia em 14 de outubro de 1918).
O Brasil foi praticamente um espectador dos combates que abalaram a Europa durante a Primeira Guerra. Julio Mesquita também. Um espectador privilegiado, que, munido de um arsenal de telegramas internacionais (não era tão fácil assim, em 1914, ter informações confiáveis vindas de uma Europa em guerra), mapas e relatos das agências de notícias, disparava relatos recheados de análises políticas e referências culturais. Tornaram-se célebres desde o primeiro momento. Foi por eles que os brasileiros souberam horrorizados da violência dos combates. Que acompanharam o angustiante impasse no front.
De quebra, Julio Mesquita antecipava, ainda, a revolução na Rússia, a queda dos impérios europeus, a derrota da Alemanha e a fragilidade da paz no fim da batalha. “Esta guerra não acaba aqui”, escreveu. Quase uma premonição em relação aos fatos que dariam origem à Segunda Guerra. No formato livro, os textos foram lançados pela primeira vez em quatro volumes, em 1920, com o título A Guerra – Boletins Semanais. Saem agora pela editora Terceiro Nome sob o título A Guerra.
Aventuras na História n° 032
Nenhum comentário:
Postar um comentário