O cerco era uma das táticas militares mais comuns da Idade
Média. Em vez de travar uma sangrenta batalha campal, o exército que pretendia
conquistar determinado castelo ou fortificação se posicionava em volta dessa
construção, evitando que os inimigos saíssem do local. "Algumas técnicas
básicas de um cerco, estabelecidas na Antiguidade, são empregadas até hoje.
Eram atividades que consumiam tempo e recursos", diz o historiador
australiano Stephen Wyley, um especialista em guerra medieval. Após estabelecer
o cerco, o exército atacante tinha duas opções: manter a fortaleza bloqueada e
esperar pacientemente uma rendição ou então organizar ataques para invadi-la. A
primeira alternativa envolvia uma complicada logística para abastecer as
tropas, além de grandes recursos para pagar os soldados responsáveis pelo
cerco, que podia durar vários meses. Além disso, aliados do exército sitiado
podiam aparecer para tentar resgatar seus companheiros.
Já a opção de invadir
a fortaleza exigia o uso de máquinas de guerra, que podiam ser construídas no
local ou já levadas desmontadas pelo exército atacante. Para quem se defendia,
era preciso, antes de tudo, prevenir-se, investindo na arquitetura militar ao
construir as fortificações. Muitos castelos eram erguidos em locais de difícil
acesso, à beira de abismos ou no alto de colinas. Fossos em volta da construção
e enchidos com água também ajudavam no isolamento, embora os inimigos pudessem
usar terra ou galhos de árvores para tapá-los. Outra tática comum dos exércitos
que lançavam o ataque era estimular traições ou rebeliões entre os sitiados,
estratégias que ajudavam a vencer a batalha quase sem baixas.Entrada forçada
Para invadir um castelo, muitas máquinas e estratégias eram usadas.
Tática de espera
O exército que atacava uma fortificação podia cercá-la, bloqueando totalmente seu acesso e obrigando os defensores a se render por falta de água ou comida. A vantagem dessa tática era o pequeno número de baixas para o exército invasor. O problema é que a espera podia durar meses, se as forças sitiadas tivessem um bom estoque de suprimentos.
Catapulta improvisada
A tecnologia de construção de catapultas, nascida na Antiguidade, perdeu-se com o tempo e era ignorada pelos exércitos medievais. Estes usavam uma máquina parecida, mas menos eficiente, chamada trebuchet, capaz de arremessar a 150 metros pedras de até 350 quilos.
Golpe baixo
Os invasores às vezes cavavam um túnel até os alicerces da muralha, escorando-o com madeira. Depois, ateavam fogo nela, abalando o alicerce e fazendo a muralha ceder. Para se defender, os sitiados cavavam outro túnel para interceptar os inimigos, travando combates na escuridão que eram um dos momentos mais terríveis de um cerco.
Subida arriscada
A alternativa mais perigosa para os invasores era escalar as muralhas com escadas. Para reduzir os riscos, eram construídas torres de madeira, que se deslocavam sobre toras ou rodas e protegiam os soldados, que usavam passarelas de madeira para ligar a torre à muralha. Os que conseguiam entrar abriam os portões.
Ou vai, ou racha
Na tentativa de arrebentar o portão ou abrir uma brecha na muralha, era usado o aríete, uma grande tora de madeira, com ponta de ferro, empurrada contra a fortificação por vários soldados. Para evitar as flechas e pedras lançadas do alto pelos inimigos, era comum o uso de uma cobertura de madeira, com teto reforçado por peles de animais e placas de ferro.
Chuva de flechas
Do alto das muralhas, arqueiros podiam atirar flechas contra os atacantes. Algumas flechas tinham fogo nas pontas para incendiar o acampamento inimigo.
Banho fervente
Para enfrentar os invasores, os sitiados também usavam óleo ou outros líquidos combustíveis que eram fervidos em grandes caldeirões de ferro e depois despejados nos rivais. Até mesmo esgoto, recolhido em fossas, podia ser lançado.
Último refúgio
Quando as muralhas eram rompidas, restava aos sitiados se trancar numa grande torre de pedra, que geralmente existia no centro das fortalezas e armazenava água e comida.
Revista Mundo Estranho Edição 15/ 2003
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