quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Os jogos de azar foram proibidos no Brasil a pedido de uma primeira-dama?

Julia Moióli

O apelido de Carmela Leite Dutra, mulher do presidente Eurico Gaspar Dutra, confirma. Dona Santinha, como costumava ser chamada, era muito religiosa – e poderosa. Comenta-se que, aliada à Igreja, ela fez um pedido ao marido: a proibição dos badalados jogos de azar. Como sua influência sobre Dutra era grande, o desejo foi atendido. Em 30 de abril de 1946, o decreto-lei 9215 fechou os cassinos de todo o Brasil.
Esses lugares luxuosos, “antros do pecado” para dona Santinha, atraíam, desde a década de 30, famosos e anônimos que queriam jogar, aparecer e ver shows de grandes nomes, como Carmen Miranda e Orlando Silva. Enquanto as mulheres exibiam seus vestidos caríssimos, os maridos jogavam suas fortunas nas mesas de jogo. Quando foram proibidos, os cassinos eram mais de 70 no país, concentrados no Rio de Janeiro e em hotéis do sul de Minas Gerais, onde Getúlio Vargas costumava se hospedar.
A insistência da primeira-dama dona Santinha ganhou a ajuda de uma série de reportagens de capa do jornal O Globo em abril daquele ano, que, pela primeira vez, mostrou fotografias de um cassino (o Atlântico, em Copacabana) funcionando. As fotos foram feitas pelo fotógrafo Jean Manzon, de O Cruzeiro, mas o dono da revista, Assis Chateubriand, recusou-se a publicá-las. Manzon vendeu o material ao jornal carioca, desvendando o “inferno do jogo”. Produziu um escândalo tão grande quanto o que envolveu o ministro José Dirceu e seu assessor Waldomiro Diniz em fevereiro, que, para muita gente, foi o verdadeiro motivo encontrado pelo presidente Lula para fechar os bingos.

Revista Aventuras na História n° 009

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