Enquanto tropas e helicópteros americanos ocupavam os céus e as florestas do Vietnã, durante a guerra de 1961 a 1975, os vietnamitas do norte e as forças comunistas valeram-se de uma estrutura primitiva porém igualmente eficaz: vastos e profundos túneis. Escavados com as mãos ou com ajuda de pás de madeira, essas estruturas atingiam profundidades de até 20 metros e às vezes quase 120 quilômetros de extensão, abrigando milhares de pessoas por períodos que podiam durar vários meses. O complexo mais famoso ficava no distrito de Cu Chi, a cerca de 70 quilômetros a sudeste de Saigon, a capital do Vietnã do Sul, e próximo de importantes bases militares americanas. Aliás, havia túneis que se estendiam até debaixo das bases inimigas, criando entre os americanos a lenda dos fantasmas vietcongues. Eles apareciam de repente, disparavam rajadas de metralhadoras e... sumiam.
Guerra subterrâneaCom o perigo nas florestas, a segurança vinha da lama.
Comendo na surdina
A alimentação dos ocupantes era preparada em cozinhas equipadas com um sistema de “chaminés”. Por meio deles, a fumaça criada com o cozimento de arroz e carne era desviada para centenas de metros de distância.
Rasteira fatal
As imediações eram pontilhadas de armadilhas. Algumas consistiam em explosivos acionados por arames. Outras eram buracos no chão, no fundo dos quais havia estacas de bambu lambuzadas com fezes, para infeccionar os feridos.
Batalhas no barro
Soldados magros e baixos, a maioria de origem latino-americana, foram treinados pelo Exército dos Estados Unidos para explorar os esconderijos vietcongues. Originados em 1966, ficaram conhecidos como Tunnel Rats (Ratazanas de Túneis).
Enterrados vivos
Escondidos em pequenos redutos nas laterais dos túneis principais, guerrilheiros disparavam contra inimigos que se aventurassem pelas galerias. Muitos soldados americanos ficavam presos pelos corpos dos companheiros atacados.
Ataque de surpresa
Os soldados americanos e sul-vietnamitas eram surpreendidos por guerrilheiros escondidos em alçapões camuflados no chão. Disparando fuzis AK-47 e lançando granadas, os vietcongues preferiam ferir a matar os inimigos, a fim de atrasar o deslocamento da tropa até o resgate dos feridos.
Alguns túneis incluíam hospitais de emergência, onde eram tratados não apenas guerrilheiros, mas também a população das vizinhanças, num esforço para conquistar sua simpatia. O atendimento chegava a incluir a realização de partos.
Cobras criadas
A disposição dos túneis formava um verdadeiro labirinto no subsolo. Passagens falsas levavam a becos sem saída, onde muitas vezes eram deixadas cobras venenosas para atacar intrusos.
Sala de aula
Além de reuniões de guerrilheiros, algumas câmaras abrigavam a doutrinação ideológica dos moradores, fornecida por comissários políticos do governo do Vietnã do Norte.
Saída de emergência
Acessos escondidos dentro de córregos, no interior de casas ou em seus quintais uniam os túneis com a vida exterior. A população das aldeias fornecia alimentos e informações aos ocupantes, além de refugiar-se ocasionalmente neles.
Revista Aventuras na História n° 009
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