Eles não passam de bolas de gelo que deixam atrás de si um
rastro de poeira e gás, mas que fascinam quem os vê rasgando o céu. Para
entendê-los melhor, vamos fazer um paralelo entre os cometas e seus primos
cósmicos, os asteróides. Esses dois tipos de astros são feitos de restos de
planetas que não se formaram. A diferença é que os asteróides, constituídos
basicamente por pedras, são versões menores de planetas rochosos como Terra ou
Marte. Já os cometas são feitos basicamente de gases e poeira, igual ao gigante
Júpiter e outros planetas gasosos. Essa separação entre os corpos de rocha e os
de gás aconteceu há 4,6 bilhões de anos, quando o sistema solar estava nascendo
e os planetas ainda não existiam. Naquela época, o material que formaria os
planetas estava confinado em um disco de gás e poeira que girava em volta de um
Sol frio. Mas, logo que a estrela começou a emitir calor, o aumento brutal da
temperatura arremessou bem longe da estrela os elementos mais leves do disco,
como os gases que iriam se aglutinar para forjar os planetas gigantes e
cometas. "Por isso, os cometas se formaram em dois cinturões: um nas
cercanias da órbita de Plutão e outro mil vezes mais longe", afirma o
astrônomo Enos Picazzio, da USP. Os cometas podem estar distantes, mas alguns
têm órbitas tão malucas que, durante parte de sua jornada pelo sistema, acabam
passando bem perto do Sol. É aí que o show começa: o calor da estrela faz o
gelo do cometa virar gás novamente, como na infância do sistema solar. Isso levanta
as partículas de poeira impregnadas no cometa, formando o belo jato de pó que
chamamos de cauda. Depois, quando o cometa se afasta do Sol, o frio faz ele
voltar a ser uma insignificante bolinha de gelo.
Espetáculo do crescimentoCalor do Sol é essencial para gerar as caudas gigantescas desses astros.
BASE DE SUSTENTAÇÃO
Chamada pelos
astrônomos de coma, a gigantesca "atmosfera" que envolve o cerne do
cometa é uma espécie de envelope gasoso feito de vapor d’água, amônia e dióxido
de carbono. Com a ação do calor do Sol, essa base se expande a um diâmetro de
quase 100 mil quilômetros, deixando a cabeça do astro maior do que Júpiter por
alguns dias.
RADICAIS LIVRES
A parte em azul do
rabo do cometa é formada por uma pasta de elétrons e núcleos atômicos que se
desprendem da coma do astro. Elas são arrancadas para longe do cometa com as
interações magnéticas do vento solar — o fluxo constante de partículas que
jorra do Sol.
COMPANHEIROS
HISTÓRICOS
Esse spray branco,
criado pela pressão da luz do Sol, forma a parte principal do rabo do cometa.
Composto majoritariamente por poeira e gases que ficavam impregnadas no gelo do
núcleo, a cauda branca pode chegar a 100 milhões de quilômetros de extensão.
NÚCLEO DURO
Uma pedra que representa apenas 0,00001% do tamanho do
cometa fornece a matéria-prima para o rastro enorme que ele deixa no céu. Com
diâmetro médio de apenas 10 quilômetros, ela é impregnada de poeira e gases. Quando
a trajetória do astro se aproxima do Sol, o calor faz com que a pedra solte o
pó e a fumaça que criam a famosa cauda do cometa.
Revista Mundo Estranho Edição 27/ 2004
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