Foi uma grande onda de protestos que teve início com
manifestações estudantis para pedir reformas no setor educacional. O movimento
cresceu tanto que evoluiu para uma greve de trabalhadores que balançou o
governo do então presidente da França, Charles De Gaulle. "Os
universitários se uniram aos operários e promoveram a maior greve geral da
Europa, com a participação de cerca de 9 milhões de pessoas. Isso enfraqueceu
politicamente o general De Gaulle, que renunciou um ano depois", diz o
historiador Alberto Aggio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Franca
(SP). O começo de tudo foi uma série de conflitos entre estudantes e
autoridades da Universidade de Paris, em Nanterre, cidade próxima à capital
francesa. No dia 2 de maio de 1968, a administração decidiu fechar a escola e
ameaçou expulsar vários estudantes acusados de liderar o movimento contra a
instituição. As medidas provocaram a reação imediata dos alunos de uma das mais
renomadas universidades do mundo, a Sorbonne, em Paris. Eles se reuniram no dia
seguinte para protestar, saindo em passeata sob o comando do líder estudantil
Daniel Cohn-Bendit. A polícia reprimiu os estudantes com violência e durante
vários dias as ruas de Paris viraram cenário de batalhas campais. A reação
brutal do governo só ampliou a importância das manifestações: o Partido
Comunista Francês anunciou seu apoio aos universitários e uma influente
federação de sindicatos convocou uma greve geral para o dia 13 de maio. No auge
do movimento, quase dois terços da força de trabalho do país cruzaram os
braços. Pressionado, no dia 30 de maio o presidente De Gaulle convocou eleições
para junho. Com a manobra política (que desmobilizou os estudantes) e promessas
de aumentos salariais (que fizeram os operários voltar às fábricas), o governo
retomou o controle da situação. As eleições foram vencidas por aliados de De
Gaulle e a crise acabou.
Paris em pé de guerra Universitários montaram barricadas nas ruas e usaram pedras para enfrentar a polícia.
No dia 6 de maio de 1968, uma passeata foi convocada pela União Nacional de Estudantes da França e pelo sindicato dos professores universitários. O objetivo era protestar contra a invasão da Universidade de Sorbonne pela polícia. A marcha teve a participação de mais de 2 mil estudantes, professores e simpatizantes do movimento, que avançaram em direção à Sorbonne, sendo violentamente reprimidos pelos policiais. A multidão se dispersou, mas alguns manifestantes começaram a erguer barricadas, enquanto outros lançavam pedras contra os soldados, que foram obrigados a bater em retirada. Depois de se reagrupar, a polícia retomou a ofensiva, disparando bombas de gás lacrimogêneo e prendendo centenas de estudantes. Alguns dias depois, em 10 de maio, outras concentrações voltaram a acontecer em Paris. A multidão ergueu novas barricadas e se preparou para resistir ao ataque policial, que aconteceu no começo da madrugada. Os confrontos duraram até o amanhecer do dia seguinte, resultando na prisão de outras centenas de manifestantes, além de deixar um grande número de feridos.
Revista Mundo Estranho Edição 27/ 2004
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