Roberto Navarro
Os torturadores da Idade Média usavam de tudo um pouco: de
aparelhos que esticavam o corpo das vítimas até deslocar as juntas a objetos
perfurantes dos mais variados tipos. Boa parte dos métodos de punição já
existia desde a Antiguidade, mas os carrascos medievais também desenvolveram
novas formas de tormento, incorporando os avanços tecnológicos da época, como
os recém- surgidos dispositivos de relojoaria. A prática da tortura era comum,
pois a confissão era considerada a mais importante prova nos tribunais, assim
ela precisava ser extraída a qualquer custo. Presos em sombrias masmorras, no
subsolo de fortalezas, os suspeitos eram submetidos a suplícios durante semanas
e o terror só acabava quando eles reconheciam a culpa, em geral relacionada a
casos de roubo, traição política ou assassinato. A princípio, a Igreja se
manifestou contra a tortura para extrair confissões, mas, no final da Idade
Média, já usava a prática sem cerimônias para punir hereges e suspeitos de
bruxaria ou enquadrar pregadores que se afastassem de sua doutrina oficial. No
ano 1252, o papa Inocêncio IV publicou uma bula (carta solene do pontífice)
autorizando a tortura de suspeitos de heresia. Não era considerado pecado
infligir castigos físicos aos acusados, a única recomendação era para que o
serviço sujo não ficasse a cargo dos padres... O auge do uso da tortura em
interrogatórios aconteceria já fora do período medieval. A partir do século 15,
a Inquisição - tribunais da Igreja Católica que puniam quem se desviasse de
suas normas - tinha até manuais para orientar carrascos. Vale lembrar que, além
do tormento físico, métodos psicológicos também eram utilizados, envolvendo
drogas psicotrópicas, extraídas de plantas como mandrágora ou estramônio. Essas
poções provocavam terríveis delírios, servindo para "confirmar" que o
réu possuía laços com o demônio.
Sessão de horror
Nas masmorras,
vítimas tinham juntas deslocadas e couro cabeludo arrancado.
RODA DE FOGO
A roda foi um
suplício muito usado a partir do século 12. O prisioneiro era amarrado na parte
externa de um grande disco de madeira, colocado sobre um recipiente contendo
brasas incandescentes. Ao girar lentamente a roda, o carrasco fazia com que o
corpo do torturado ficasse exposto ao calor, até que o réu morresse em consequência
das queimaduras sofridas.
TECNOLOGIA CRUEL
O desenvolvimento da
relojoaria na Idade Média inspirou novos instrumentos a serviço da dor. A
"pêra" era um aparelho com pequenos mecanismos e molas em seu
interior. Ela era introduzida no reto ou na vagina da vítima e, com o uso de
parafusos, os mecanismos de relojoaria eram acionados para expandir o volume do
objeto, causando graves dilacerações.
PESADELO FEMININO
Algumas formas de tortura eram aplicadas exclusivamente às
mulheres. A mastectomia (remoção dos seios) era uma delas. A vítima tinha as
mamas dilaceradas e em seguida arrancadas, com o emprego de pinças e outros
instrumentos de ferro aquecidos. Em certas ocasiões, a mulher era obrigada a
engolir os próprios seios e acabava morrendo sufocada.
BATENDO AS BOTAS
Forma de tortura
popular na Escócia medieval, as botas eram um tipo de "calçado" com o
interior forrado por pontas metálicas. O condenado era obrigado a colocá-las
nas pernas, enquanto o carrasco as ajustava com um pesado martelo, fazendo com
que as pontas penetrassem na carne. Os poucos réus que sobreviviam a tal
pesadelo ficavam aleijados ou mutilados.
URNA PAULEIRA
Se você gosta de
rock, certamente conhece o grupo Iron Maiden, "Donzela de Ferro" em
inglês. Mas talvez não saiba que a banda foi batizada com o nome de um
instrumento de tortura. Tratava-se de uma urna, em formato de mulher, com o
interior cheio de estacas de metal. O prisioneiro era obrigado a entrar na urna
e as portas eram fechadas, pressionando as estacas contra seu corpo, o que
provocava dolorosos ferimentos.
ALONGAMENTO RADICAL
O estrado era uma
prancha de madeira com mecanismos para esticar o corpo da vítima. Depois de ter
os pulsos e tornozelos amarrados por cordas nas extremidades da prancha, os
mecanismos eram acionados lentamente e puxavam o corpo em direções opostas. A
vítima tinha as juntas deslocadas e os tendões rompidos e no final podia ser
desmembrada.
ESCALPO EUROPEU
Outra forma de
tortura usada só contra mulheres era a laçada. Ela surgiu na Idade Média, mas
foi empregada na Rússia até o início do século 20. Durante as sessões de
interrogatório, carrascos enredavam o cabelo de mulheres acusadas de algum
crime em pedaços de metal, que eram torcidos até que o couro cabeludo fosse
arrancado.
Revista Mundo Estranho Edição 27/ 2004
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