Rodrigo Ratier
Dá, sim. Se separarmos direitinho o lixo que tem bom
potencial energético, os dejetos de uma cidade como São Paulo seriam
suficientes para gerar energia para 400 mil casas! O principal segredo é tascar
fogo no lixo - afinal, o calor das chamas também é uma forma de energia. Se o
fogaréu for bem aproveitado em um processo controlado, a energia calorífica
pode ser usada para produzir eletricidade, por exemplo. Tudo isso acontece em
incineradores que utilizam o mesmo princípio de funcionamento de uma usina termelétrica,
queimando um combustível fóssil para gerar energia. No nosso exemplo, a
diferença é que o combustível queimado não é carvão, nem óleo, nem gás. É lixo.
Até agora, essa tecnologia não aportou no Brasil. O país até tem incineradores,
mas eles servem apenas para se livrar da sujeira - nenhum deles é adaptado para
produzir energia. Por aqui, falta dinheiro para bancar o alto custo de uma
instalação desse porte e vontade política para enfrentar as pressões dos
grandes grupos de limpeza urbana, que muitas vezes gerenciam o lixo desde a
varrição até o depósito final. "No Brasil, 99% dos dejetos seguem para
aterros sanitários, sem gerar energia ou passar por qualquer reciclagem. Nas
grandes cidades, a escassez de áreas para novos aterros se tornou um problema
administrativo para as prefeituras", afirma o biólogo Hamilton João Targa,
da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo. Mas,
mesmo nos aterros, daria para aproveitar pelo menos uma parcela do potencial
energético do lixo. Bastaria pegar o metano gerado pelo processo de
decomposição do lixo orgânico, encanar o gás e abastecer casas e indústrias,
por exemplo. Há mais de 50 anos, os chineses empregam esse método utilizando
biodigestores, equipamentos que fermentam controladamente o lixo orgânico. No
Brasil, até esse tipo de iniciativa é raridade.No Japão, 62% do lixo vira energia.
Na Suíça, 59%, na frança, 37%
No Brasil? zero.
Revista Mundo Estranho Edição 28/ 2004
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