Peraí: antes de mais nada, é bom dizer que nem toda câmera
de visão noturna tem imagens verdes. Na verdade, existem duas tecnologias para
"enxergar" no escuro. A primeira delas, chamada de imagem térmica, é
menos comum e produz imagens em tons de cinza, como nas cenas de penumbra que a
gente vê em programas como Big Brother. Aparelhos que usam esse sistema captam
a chamada radiação infravermelha dos corpos, ou seja, o calor que toda pessoa
ou objeto emite. Depois, eles convertem essa radiação emitida pelos objetos em
luz visível. As imagens verdes vêm de câmeras que usam o realce de imagem, a
tecnologia que você se acostumou a ver em coberturas noturnas de guerras. Esses
modelos capturam as poucas partículas luminosas que existem no escuro,
amplificam-nas e, por fim, projetam-nas em um monitor de fósforo (confira esse
processo em detalhes no infográfico abaixo). Esse tipo de tela é parecido com
os monitores dos computadores antigos. Você se lembra? Eles só conseguem exibir
imagens verdes porque o fósforo das telas libera partículas luminosas apenas em
tons dessa cor. Apesar de parecer meio ultrapassado, esse modelo de tela
continua sendo usado até hoje porque o fósforo é um dos materiais mais
sensíveis na projeção de imagens. Por isso, as cenas aparecem bem nítidas,
ainda que sejam meio verdinhas. Por falar em verdinhas, é bom preparar o bolso
se você quiser ser dono de um desses aparelhos. Afinal, uma câmera noturna
amadora custa cerca de 4 mil reais.
Luz na escuridãoAparelhos mais usados multiplicam a pouca luminosidade do ambiente para formar imagens.
1. As câmeras de visão noturna tradicionais utilizam como base o chamado processo de realce de imagem. O primeiro passo dessa tecnologia é capturar as poucas partículas de luz — os fótons — que existem em um lugar escuro e direcioná-las para um conversor, que transforma fótons em partículas elétricas, os elétrons.
2. Na etapa seguinte, as partículas elétricas chegam a um tubo intensificador de imagem. Quando os elétrons passam pelo tubo, eles colidem com os elétrons dos átomos presentes no interior do tubo. Com isso, a quantidade de elétrons que viaja se multiplica milhares de vezes.
3. No fim do tubo, esses elétrons colidem com uma tela revestida de fósforo. A energia gerada pela colisão "excita" o fósforo e faz com que ele libere novos fótons, em quantidade proporcional aos elétrons multiplicados. Esses fótons do fósforo são verdes, criando as imagens esverdeadas, mas nítidas.
Revista Mundo Estranho Edição 29/ 2004
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