quinta-feira, 30 de maio de 2013

Luigi Lucheni, o assassino de Sissi: Mente criminosa


Hugo Vidotto
Documentos revelam a verdadeira face do assassino de Sissi
Em 10 de setembro de 1898, o anarquista italiano Luigi Lucheni entrou para a história pela porta dos fundos ao assassinar Elizabeth, imperatriz da Áustria e rainha da Hungria. A punhalada que desferiu no peito de Sissi, apelido pelo qual a imperatriz ficou conhecida, rendeu uma condenação pela Justiça à prisão perpétua e outra pela sociedade ao esquecimento.
Tamanho ódio se justifica: Sissi estava para o século 19 como a princesa Diana esteve para o 20. Casou-se aos 16 com o primo, Franz Joseph, imperador da Áustria, e, linda, dedicou-se a causas humanitárias – por isso, sempre visitava asilos e hospitais. Foi transformada em uma trilogia para o cinema na década de 50, com Romy Schneider no papel principal.
Seu algoz morreu após 12 anos de prisão em um suicídio duvidoso. Desde então, apareceu em biografias de Sissi como coadjuvante do capítulo final da vida dela. Mas a reaparição de manuscritos redigidos e ilustrados por ele durante o cárcere – um livro com anotações e um capítulo de sua autobiografia – o transformou em personagem principal. Em Memórias do Assassino de Sissi (Novo Conceito), o historiador Santo Cappon publica a íntegra desses documentos e traça um panorama da trajetória de Lucheni, a partir da infância miserável. Órfão rejeitado e adulto oprimido pela falta de oportunidades, ele apresenta-se como um homem desesperado que encontrou num ato anarquista uma válvula de escape para sua revolta.
Entrevista
Você continuou com as investigações sobre Luigi Lucheni mesmo depois da publicação de Memórias do Assassino de Sissi?

SANTO CAPPON – Sim, e encontrei tantas revelações que publicarei uma segunda obra sobre o tema. Agora, eu posso provar, por exemplo, que Lucheni foi realmente assassinado na prisão.
Você acredita que seu livro contribui para amenizar a relação “o-bem-contra-o-mal” que sempre houve nessa história – representada, respectivamente, pela imagem da imperatriz e pela do anarquista?

Sim, porque Lucheni, mesmo que tenha sido um criminoso, pôde recuperar agora uma imagem mais humana. Hoje também sabemos que Elizabeth foi mais anarquista (a imperatriz tinha ideais libertários, era favorável ao fim das monarquias e sensível à sorte dos menos favorecidos) do que Lucheni, que, por sua vez, era apenas um homem desesperado por motivos pessoais.
Qual o papel de Lucheni na história? É mais do que o assassino de Sissi?

Ele também representa todas as crianças abandonadas na Europa do século 19, que não encontraram nem a oportunidade nem a coragem de escrever suas histórias. Ele foi o único que o fez.

Aventuras na História n° 046

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