quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Marinha argentina admite assassinatos na ditadura militar

Leandro Narloch

Quatro mil vítimas e duas décadas depois, o Alto Comando da Marinha argentina reconhece: as Forças Armadas do país torturaram e assassinaram presos políticos na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), em Buenos Aires, durante a ditadura militar de 1976 a 1983.
O almirante Jorge Godoy admitiu o fato em cerimônia pública, em março passado. “Sabemos hoje, pela Justiça, que a Esma, lugar destinado a manter-se ao serviço exclusivo da formação profissional dos nossos suboficiais, foi utilizado para a execução de atos qualificados como aberrantes perante a dignidade humana, a ética, a lei, convertendo-se num símbolo de barbárie e irracionalidade”, disse o chefe da Marinha argentina. Foi a primeira vez que um comandante da corporação reconheceu os assassinatos cometidos na escola. Segundo ele, “assim como não se pode esconder o sol atrás de uma peneira, não há argumentos para desculpar a execução daqueles atos violentos e trágicos”.
A Esma ficou conhecida como o maior centro de tortura da ditadura argentina. Pelo menos 4 mil dos 30 mil desaparecidos políticos argentinos tiveram a escola como último paradeiro. Do local, teriam saído os aviões para atirar corpos de presos no Oceano Atlântico. O prédio, agora, vai virar um museu, organizado em parceria com a organização Mães da Praça de Maio, que representa os familiares de desaparecidos políticos.

Revista Aventuras na História n° 009

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