Arqueóloga acredita que as pirâmides serviam de propaganda para disfarçar a fragilidade dos faraós.
Todo mundo sabe qual é a profissão mais antiga do mundo. Já a segunda tem vários candidatos – entre eles os marqueteiros políticos. Para a arqueóloga americana Joyce Marcus, esses profissionais que foram tão importantes nas últimas eleições brasileiras existem desde o Egito Antigo. Em seu livro Theory and Practice in Mediterranean Archaeology (Teoria e Prática na Arqueologia Mediterrânea, inédito no Brasil) ela tenta provar que as grandes pirâmides egípcias não foram construídas como homenagem a deuses. Mas como propaganda dos faraós.Comparando as maiores construções de vários períodos, a arqueóloga concluiu que a maioria delas foi erguida em tempos anteriores ao que se pode chamar de auge desses povos. Para Joyce, essa é a evidência de que os monumentos serviam, na verdade, para mostrar poder em períodos em que o progresso da civilização não bastava para satisfizer o povo e manter a civilização unida. A grande pirâmide de Queóps, por exemplo, surgiu no período denominado Reino Antigo, que vai de 2575 a 2134 a.C., pelo menos mil anos antes da Reino Novo, era em que a civilização mais se expandiu. “Tratava-se de uma espécie de blefe, uma amostra de grandiosidade que não refletia o real poderio dos faraós”, diz Joyce. Tanto que, à medida que o Egito foi se consolidando, as pirâmides diminuíram de tamanho.
Para Júlio Gralha, professor do Núcleo de Estudos da Antiguidade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, separar a política da religião do Egito Antigo não é tão fácil assim. Ou seja: ao propagandear-se como líder, o faraó também figurava como representante de um deus. “Imagine as grandes pirâmides brilhando num intenso branco ou tons derivados do vermelho-claro, sendo vistas a quilômetros. Para o povo, apenas uma divindade poderia tê-las construído.”
Explora mas faz
Queóps (2607 - 2573 a. C.)
Construiu a maior de todas as pirâmides, com 146 metros de altura e 230 de largura. Mas ficou para a história como um ditador que sacrificou o povo para construir suas estruturas colossais sem desenvolver a nação.
Faz o bem sem olhar a quem
Ahmés (1552-1526 a.C.)
Esse faraó iniciou o expansionismo e o poder bélico que marcou o Reino Novo egípcio (1550-1070 a.C.). Suas pirâmides, porém, não passam de 8 metros de largura.
Fé e trabalho
Ramsés II (1304-1237 a.C.)
Apesar de comandar o Egito por 67 anos durante o Reino Novo, época de grande expansão, o faraó Ramsés II não deixou grandes pirâmides de herança. Em compensação, construiu o templo de Abu Simbel, que tem quatro estátuas de 20 metros de altura na entrada.
O Egito não é mais aquele
Três mitos que caíram sobre o tempo dos faraós:
Pedreiros assalariados
As pirâmides foram construídas por camponeses assalariados recrutados de todos os territórios egípcios, e não por escravos. Apesar disso, o serviço era compulsório. Em casos de fuga, outro membro da família era recrutado em seu lugar. Recapturado, o fujão era punido com até seis meses de servidão.
De mau só a cara
A imagem bíblica do sofrimento dos escravos egípcios não se confirma historicamente. Os chamados “servos domiciliares” do Egito não tinham salário, mas também não eram punidos com chibatadas. E podiam ter propriedades, casar-se com pessoas livres e seus rebentos ainda eram beneficiados por um tipo de lei do ventre livre.
Povo tranqüilo
Apesar do Império egípcio ser conhecido como belicoso e expansionista, foi só a partir do Segundo Período Intermediário (1640 a 1532 a.C.), depois de 1 300 anos do início da civilização, que a dominação de outros povos começou para valer. E isso por influência dos povos mesopotâmios. Vieram deles as tecnologias de guerra do Egito, como bigas e o arco- e-flecha.
Revista Aventuras na História
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