quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Romance improvável: humanos e neandertais

Fabio Marton

Desde 1998, quando uma ossada de 25 mil anos meio neandertal meio humana foi encontrada em Portugal, os cientistas andam se coçando com a hipótese de que as duas espécies tiveram relações, digamos, íntimas, por mais de 10 mil anos. Esse “affair” seria tão comum que pode ter sido a causa da extinção do neandertal: seus genes estariam circulando até hoje nas populações européias e descendentes. No começo do ano, porém, o italiano Giorgio Bertorelle, um geneticista que levou a sério a teoria, resolveu comprová-la. Para desalento dos diretores de filme B, o teste deu negativo.
A equipe de Bertorelle comparou o DNA mitocontrial de neandertais e humanos de hoje e de 24 mil anos atrás. Não encontrou nenhum traço neandertal nas pessoas, que, em compensação, guardam a herança genética do homem de Cro-Magnon – o hominídeo moderno que conviveu com a espécie extinta.
Mas os paparazzi da Idade da Pedra não devem guardar suas câmeras. O DNA mitocondrial não é um teste 100% garantido. Ele pode indicar somente a origem materna da pessoa, e não traça as características que ela vai ter. “Talvez estudos da linhagem masculina ou do DNA nucléico possam dar outro rumo para as pesquisas”, afirma Bertorelle. “Mas, até o momento, nada indica que os neandertais deixaram qualquer herança genética na população atual.”

Revista Aventuras na História n° 009


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