segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Quantas espécies de orquídea existem?


O número impressiona: no mundo todo, há cerca de 50 mil espécies de orquídea, 20 mil encontradas diretamente na natureza e outras 30 mil criadas em laboratório, a partir do cruzamento de espécies diferentes. O Brasil é um dos países mais ricos nesse tipo de planta. "Por aqui, deve haver perto de 3 500 espécies. E o número pode crescer com novas descobertas, principalmente na região amazônica", diz o engenheiro agrônomo Fábio de Barros, do Instituto de Botânica do Estado de São Paulo. A profusão de cores que torna suas flores tão valorizadas é uma excelente estratégia de reprodução. Afinal, todo o colorido das pétalas é adaptado para chamar a atenção de beija-flores, abelhas e outros insetos que polinizam a planta.
Além de servirem como flores ornamentais, algumas espécies de orquídea são usadas na indústria como tempero - o que acontece com algumas espécies do gênero Vanilla, de onde se extrai a baunilha -, essências de perfume e até como remédios naturais - um líquido produzido a partir do caule da Cyrtopodium, por exemplo, serve como cicatrizante natural. Confira nesta página as características de quatro dos gêneros mais famosos da flor.

Aquarela cobiçada
As flores mais caras da família chegam a custar 40 mil reais.

Dendrobium
A principal característica dessas plantas é apresentar várias flores pequenas no mesmo ramo. A produção em larga escala barateou a Dendrobium e fez dela uma das orquídeas mais vendidas do Brasil. Em shoppings e feiras, dá para comprar um exemplar por apenas 10 reais.

Paphiopedilum
A maioria das 80 espécies dessa planta não produz flores espetaculares. Por serem difíceis de cultivar, são bastante apreciadas pelos orquidófilos, os especialistas em orquídeas. Em concursos internacionais, os exemplares mais raros do gênero alcançam preços muito altos - alguns são arrematados por cifras em torno de 40 mil reais.

Cattleya
Popularmente, essa planta bastante comercializada no Brasil é conhecida como "catléia". Suas flores brancas, amarelas ou rosadas podem chegar a 20 centímetros de diâmetro. Como na maioria das orquídeas, o florescimento só acontece uma vez por ano, mas o espetáculo costuma durar bastante: em geral, a flor permanece aberta por cerca de duas semanas.

Vanilla
O forte desse gênero não é a flor vistosa, mas seus frutos. Das vagens da Vanilla obtém-se a baunilha. Na natureza, o tempero tem um aroma mais suave do que as essências vendidas no mercado, geralmente produzidas em laboratório. Tudo indica que a planta apareceu na América Central, mas várias espécies crescem no Brasil, especialmente nas regiões de Mata Atlântica.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Qual filme teve mais sequências: Sexta-Feira 13 ou A Hora do Pesadelo?


Quem leva a  melhor na briga entre os dois megavilões das séries de horror é o mascarado Jason Voorhees. Até agora, seu Sexta-Feira 13 já contabiliza dez filmes desde que o original foi lançado, em 1980. Já A Hora do Pesadelo, protagonizado pelo "mestre dos sonhos" Freddy Krueger, teve sete produções entre 1984 e 1994. Entretanto, se considerarmos outros filmes em que os dois participam, essa aritmética horripilante aumenta ainda mais com o lançamento de Freddy X Jason. O thriller, que estréia no Brasil no fim deste mês, opõe os dois monstros modernos em uma batalha pelo título de serial killer mais mortal do planeta.
Na lista dos filmes com mais seqüências, destaque para outras franquias de terror, como Halloween e Hellraiser, que já chegam a oito partes. Além de contarem com um público cativo, essas séries se dão bem nas continuações porque geralmente são produções simples e baratas de filmar. O único que consegue vencer o reinado da crueldade é o agente secreto James Bond, que já invadiu as telonas 20 vezes - e a julgar pelo sucesso da última seqüência, Um Novo Dia para Morrer (2002), deve continuar a serviço da Coroa britânica por um bom tempo. Mesmo assim, se excluirmos as seqüências em série e considerarmos todos os filmes em que um determinado personagem aparece, o espião inglês perde para dois ícones do terror, Drácula e Frankenstein.
Segundo o Guinness, o "livro dos recordes", o vampiro da Transilvânia apareceu até 2003 em nada menos que 162 filmes, enquanto Frankenstein protagonizou 117 produções. Além dos filmes de terror e dos de ação, outro campo fértil para continuações é a ficção científica, que conta com dois clássicos, Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas, e com o pioneiro Terror que Mata (The Quatermass Experiment), de 1954. Sua seqüência, Quatermass 2 (1957) - batizada em português de Usina de Monstros - foi a primeira a botar um número indicando a continuação no título original.

Reino do medo
Só as aventuras de 007 têm mais continuações que as séries de terror

007 - JAMES BOND - 20 filmes
O espião britânico debutou nas telas em 1962, em 007 Contra o Satânico Dr. No. Desde então, seis atores já encarnaram o agente secreto: Sean Connery tem sete participações, incluindo uma refilmagem não- oficial em 1983. Roger Moore também atuou em sete filmes, Timothy Dalton em dois e George Lazenby em um. Pierce Brosnan, o atual titular do posto, já interpretou Bond por quatro vezes.

JORNADA NAS ESTRELAS - 10 filmes
A saga da nave USS Enterprise nasceu como série de TV nos anos 60, que inspirou o longa-metragem Jornada nas Estrelas: O Filme, de 1979. Desde então, a produção já teve nove sequências, com bilheterias garantidas por uma legião de trekkers, como são chamados os fãs da série. Nos Estados Unidos, o 11º filme da franquia deve estrear nos próximos dois anos.

HALLOWEEN - 8 filmes
Em 1978, o diretor John Carpenter levou apenas 21 dias para rodar um dos maiores clássicos do cinema de terror: após matar sua irmã adolescente, o psicopata Michael Myers é internado num hospício, mas escapa e promove um banho de sangue durante o Halloween. O primeiro filme marca a estréia de Jamie Lee Curtis, filha de Janet Leigh, que protagonizou a célebre cena do chuveiro em Psicose (1960), de Alfred Hitchcock.

COLHEITA MALDITA - 7 filmes
O filme original é uma adaptação de um conto do escritor Stephen King. Em uma cidadezinha de Nebraska, nos Estados Unidos, crianças cultuam uma entidade maléfica, que vive em um milharal, e acabam matando todos os adultos. Na primeira produção, de 1984, um casal de viajantes vive um pesadelo ao parar na cidade . Nas sequências, os forasteiros seguem sofrendo na mão dos delinquentes infantis.

DESEJO DE MATAR - 5 filmes
O recém-falecido Charles Bronson (1921-2003) protagonizou os cinco episódios da série. O enredo é típico dos filmes de ação: abalado com a assassinato  da mulher e o estupro da filha, o pacato Paul Kersey (Bronson) decide fazer justiça por conta própria em Nova York. Ao contrário de outras sequências, a segunda parte demorou para ser lançada e só chegou aos cinemas oito anos depois do original.

SEXTA-FEIRA 13 - 11 filmes
No começo da série, em 1980, todos achavam que o garoto Jason Voorhees tinha morrido afogado no acampamento de verão de Crystal Lake. Mas no segundo filme, no ano seguinte, ele reaparece para se tornar um dos maiores serial killers de Hollywood. O vilão já aterrorizou Manhattan, foi para o inferno e, não satisfeito, promoveu sua habitual carnificina em pleno espaço.

A HORA DO PESADELO - 8 filmes
Freddy Krueger é um monstro com garras de metal e corpo queimado que atormenta os sonhos de um grupo de adolescentes. Aos poucos, os sonhos se tornam realidade e os dorminhocos começam a morrer. O primeiro filme, de 1984, trazia o astro Johnny Depp em um papel pequeno. Dez anos depois, na última sequência antes do atual confronto contra Jason, Freddy ataca os atores do filme original.

HELLRAISER - 8 filmes
Um cubo enigmático abre as portas de uma dimensão infernal, habitada pelos sádicos cenobitas, criaturas cujo maior prazer é causar dor. O mais cruel é o horripilante Pinhead, um demônio pálido, cheio de pregos na cabeça. O americano Clive Barker escreveu e dirigiu o primeiro filme, Hellraiser: Renascido do Inferno, em 1987. Desde então, a franquia já conta com sete sequências.

GUERRA NAS ESTRELAS - 5 filmes
Em 1977, George Lucas escreveu um dos maiores sucessos da história do cinema, com efeitos especiais que revolucionaram a arte. O diretor e produtor deve encerrar a série em 2005, com o Episódio III — sexta parte a ser lançada, mas a terceira na sequência cronológica da história. Com uma forma peculiar de explorar a narrativa convencional, Lucas escolheu contar sua saga espacial começando pelo Episódio IV.

ROCKY - 5 filmes
Em 1976, Sylvester Stallone escreveu e representou o papel que mudaria sua carreira, o do lutador de boxe Rocky Balboa. A produção arrebatou um surpreendente Oscar de melhor filme e ainda gerou mais quatro sequências. A partir do segundo filme, em 1979, Stallone assumiu também a direção. Ele só deixou o cargo no episódio final, em 1990.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

O que é o cinturão de asteróides?


Alexandre Versignassi
É um planeta que nunca nasceu. O cinturão é um conjunto de milhões de pedregulhos espaciais que giram em torno do Sol, entre as órbitas de Marte e Júpiter. O curioso é que todos os planetas se formaram a partir de cinturões assim. Há 4,6 bilhões de anos, tudo o que existe aqui na Terra estava em pedrinhas que vagavam numa faixa do sistema solar, do mesmo jeito que o cinturão de hoje. A diferença é que essas pedras foram se aglutinando, atraídas uma pela gravidade da outra. E se juntaram até formar uma bela pedrona que hoje chamamos de Terra. Mas, se isso aconteceu com todos os planetas, por que sobrou um cinturão de asteróides? Por causa de um cabo-de-guerra entre a enorme gravidade de Júpiter, maior planeta do sistema, e a do Sol. A chave é a seguinte: quanto mais massa tem um astro, maior sua gravidade, seu poder de atração sobre as coisas que estão próximas dele. "Como os asteróides ficam  no meio do caminho entre Júpiter e o Sol, o planeta os atrai para um lado e a estrela para outro.
A gravidade  das rochas não é suficiente para vencer essas forças, e elas não conseguem se aglutinar", diz o astrônomo Roberto Dias da Costa, da Universidade de São Paulo (USP). Na origem do sistema solar, o vapor d’água que estava onde hoje fica Júpiter encontrou uma temperatura baixa o suficiente para virar gelo. Como a quantidade de gelo era, e ainda é, bem maior que a de outros elementos sólidos no espaço, aquilo que viria a ser o maior planeta do sistema solar logo ganhou um núcleo. Este, por sua vez, forneceu gravidade para o astro crescer rápido demais, até ficar com uma massa 318 vezes maior que a da Terra. Com um gigante desses por perto, ficou impossível o cinturão de asteróides se transformar em um planeta. Júpiter chegou a engolir boa parte dos pedregulhos que orbitavam essa região. Tanto que, se as rochas espaciais restantes no cinturão se juntassem, formariam um planeta com metade do tamanho da Lua.

Cabo-de-guerra espacial
Rochas não formaram um astro por causa da disputa gravitacional entre o Sol e Júpiter.
1. Tudo o que hoje forma o sistema solar veio de uma nuvem de poeira. A gravidade fez com que ela se condensasse na forma de um disco há 4,6 bilhões de anos. No meio estava a bola de matéria que viria a se tornar o Sol. Cerca de 98% da massa desse disco era formada por hidrogênio e hélio, os átomos mais leves e comuns do Universo.
2. No centro do disco, a matéria ficou tão apertada que os átomos começaram a se fundir. Essa fusão nuclear "ligou" o Sol, criando uma fonte de energia que empurrou a maior parte dos leves átomos de hidrogênio e hélio para longe. Estes então se aglutinaram para formar Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Como esses elementos eram abundantes, tais planetas ficaram enormes.
3. Boa parte dos átomos pesados, como o ferro e o oxigênio, ficaram perto do Sol, atraídos pela gravidade da estrela. Eles se aglutinaram, formando pedrinhas. A gravidade das pedras maiores atraía as menores. Então as rochas cresceram até virar asteróides. E eles também se juntaram, tornando-se Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - os planetas rochosos, menores e mais densos que Júpiter & Cia.
4. Cada uma das "faixas" do disco que originou o sistema solar acabou ocupada por um planeta, menos uma: entre Marte e Júpiter. Ela ficou cheia de asteróides que não puderam se juntar para formar um astro grande. É que eles são puxados tanto pela gravidade descomunal de Júpiter quanto pela do Sol. Em meio a essa disputa de titãs, a gravidade dos asteróides não bastou para uni-los.

Pedrinhas e pedronas
A maior parte dos asteróides que formam o cinturão é do tamanho de pedregulhos, com poucos metros de diâmetro. Mas alguns são respeitáveis: 16 têm mais de 240 quilômetros de diâmetro. O maior é Ceres, com 700 quilômetros. Se fosse trazido para a Terra, ele cobriria a distância entre São Paulo e Florianópolis. Curiosidade: alguns astrólogos o consideram como um planeta em seus mapas astrais.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Por que a vodca não congela no freezer?


Porque a temperatura necessária para fazer a bebida congelar fica um pouco abaixo dos 20 ºC negativos, a temperatura que um freezer costuma ter. Como isso é possível? Simples: graças ao baixíssimo ponto de congelamento do álcool etílico: 117 ºC negativos. A vodca contém entre 40% e 55% de álcool e essa quantidade é mais que suficiente para que a bebida suporte o frio do congelador sem sair do estado líquido. Mas o álcool não trabalha sozinho. "A vodca contém substâncias, como sais, que também reduzem seu ponto de congelamento", diz o químico Flávio Maron Vichi, da USP. O que os sais fazem é aumentar o grau de desordem nas ligações das moléculas das Smirnoffs e Stolichnayas da vida. Isso deixa o líquido mais longe do congelamento, no qual atingiria o estado mais ordenado de todos: o sólido.
Para congelar uma substância bagunçada pelos sais é preciso retirar mais energia dela. "Retirar mais energia", em português claro, significa ter que baixar ainda mais a temperatura. Em outras bebidas que têm uma quantidade de álcool e sais parecida com a da vodca, como o uísque ou o conhaque, o processo é o mesmo. A diferença é que não os colocamos no freezer por costume. O hábito de fazer isso com a vodca se deve à natureza da bebida. A temperatura baixa impede que a gente sinta o sabor do destilado. E a graça da vodca é justamente ter o gosto mais neutro possível.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

O que é o urânio enriquecido?


Só de ler esse nome a gente já pensa em bombas nucleares, né? Mas a principal utilidade do urânio enriquecido é gerar energia elétrica. Ele recebe o adjetivo porque o urânio encontrado na natureza é bastante "pobre": 99,27% do metal é formado por urânio-238, que não serve para as usinas nucleares. Energeticamente falando, o que interessa mesmo é o urânio-235 (U-235), que compõe menos que 1% da massa total do urânio extraído nas minas. O produto enriquecido nada mais é que o metal bruto com uma porcentagem de U-235 aumentada artificialmente. Quando essa quantidade chega a 2% ou 3%, o produto já é capaz de gerar energia nas usinas.
Mesmo com essa proporção aparentemente baixa, a força que tal matéria-prima gera é absurda: alguns gramas de urânio enriquecido fornecem energia equivalente à da queima de toneladas de carvão ou de milhões de litros de gasolina. Esse poder todo vem da fissão, ou seja, da quebra dos átomos do U-235. Não existe forma mais eficiente de obter energia do que quebrar átomos. E o U-235 tem justamente a propriedade de se romper sem resistência. Basta lançar uma partícula - um nêutron, no caso -, para que ele arrebente e gere energia pura. Um exemplo funesto dessa força está nas bombas atômicas. A diferença é que o urânio dessas armas é bem mais rico em U-235 que o das usinas. O urânio-238 que sobra do enriquecimento não vai todo para o lixo. Entre outras coisas, ele pode ser convertido em plutônio, que também serve para as usinas nucleares e, infelizmente, para a fabricação de mais bombas.

Concentração perigosa
Nível de enriquecimento torna o metal útil para usinas ou para bombas atômicas.
1. O urânio sai das minas na forma de dióxido de urânio (UO2), misturado a argila, enxofre e outras impurezas. Uma tonelada desse metal na natureza contém apenas 7 quilos de urânio-235 (U-235), o ideal para gerar energia nuclear. O principal composto restante é o menos aproveitável urânio-238 (U-238).
2. O urânio bruto é limpo com elementos como ácido sulfúrico e transformado em pó. Depois, é submetido a um gás à base de flúor sob uma temperatura de 550 ºC, tornando-se uma substância gasosa também. Esse produto passa por um novo banho de flúor, a 350 ºC, e vira um gás com moléculas compostas por um átomo de urânio e seis de flúor (UF6).
3. O UF6 é direcionado contra uma espécie de peneira, uma barreira cheia de poros microscópicos. O U-235 é menor que o U-238 e passa pelos poros mais facilmente. A passagem pela "peneira" é repetida até a concentração de U-235 chegar ao nível desejado. Depois, outros processos separam o urânio enriquecido do flúor e transformam o metal gasoso em tabletes sólidos.
4A. O urânio pobre - o U-238 barrado na "peneira" — também tem utilidade. Ele é aplicado na blindagem de tanques de guerra e na construção de projéteis (munições), já que é 2,5 vezes mais pesado que o aço. Mas também há um uso civil: denso, ele serve como contrapeso na carcaça de aviões.
4B. O urânio pouco enriquecido, com 2% a 4% de U-235, é suficiente para as usinas nucleares. Nelas, a energia criada pela fissão desses átomos é usada para ferver água. E o vapor resultante move as turbinas, gerando eletricidade. Esse mesmo urânio também é usado para impulsionar submarinos e porta-aviões nucleares.
4C. O metal altamente enriquecido tem entre 90% e 99% de U-235. Como essa concentração é muito grande, o produto gera uma energia absurda em frações de segundo. Por isso esse é o urânio enriquecido usado nas bombas atômicas. Alguns gramas dele causam mais destruição do que a vista em Hiroshima, no Japão, em 1945.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Qual é a origem da expressão "fazer uma vaquinha"?


Tudo indica que ela tenha sido criada pela torcida do time de futebol do Vasco, durante a década de 20. Na época, os fãs do clube carioca adotaram uma tática bastante eficiente para estimular os jogadores em campo. A cada resultado positivo, os atletas recebiam um prêmio em dinheiro arrecadado pelos torcedores. O valor dependia do placar e era inspirado em números do jogo do bicho. Um empate, por exemplo, valia "um cachorro", que corresponde ao número 5 no bicho. Nesse caso, os boleiros embolsavam 5 mil réis. Uma vitória comum geralmente rendia "um coelho", o número 10 no jogo, ou o equivalente a 10 mil réis. Mas a recompensa mais cobiçada era justamente "uma vaca", o número 25 - ou seja, nada menos que 25 mil réis, pagos somente em vitórias históricas ou em conquistas de títulos.
Com o tempo, a expressão "fazer uma vaca", ou "fazer uma vaquinha" passou a ser usada sempre que um grupo de pessoas rachava uma despesa comum. Décadas depois, a palavra "vaca" ou "vaquinha" também foi usada para apelidar as cédulas de 100 cruzeiros. "No jogo do bicho, ela representa também o grupo de números terminados em 00. A associação deve ter surgido daí", afirma o filólogo (estudioso da língua e das palavras) José Pereira da Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Daria para fazer uma ponte ligando a Europa e a África?


Alexandre Versignassi
Tecnicamente daria e essa obra até está em fase de estudos. O problema é encontrar alguém que financie os 45 bilhões de reais estimados para a empreitada. Esse é o valor do projeto tido como o mais respeitado, o do escritório de engenharia americano T.Y. Lin. À primeira vista, a idéia nem parece tão complexa. Apenas 13 quilômetros de mar Mediterrâneo separam os dois continentes na parte mais curta do estreito de Gibraltar, entre a Espanha e o Marrocos. Então até a nossa ponte Rio-Niterói, com 13,2 quilômetros, daria conta disso, certo? Errado: o tráfego intenso de navios no Mediterrâneo torna impossível construir algo como a ponte fluminense, que é sustentada por dezenas de pilares. A saída seria fazer uma estrutura suspensa. Nesse tipo de construção, a ponte fica presa não por pilastras, mas por cabos fixados em duas ou três torres enormes, deixando a parte de baixo livre para os barcos. O problema é que estruturas assim não podem ser tão grandes.
Tanto que a maior ponte suspensa do mundo, próxima a Tóquio, no Japão, tem só 3,9 quilômetros de comprimento. Mas os projetistas da ponte euro- africana contam com uma mãozinha da natureza para driblar esse obstáculo. No meio do estreito de Gibraltar, há uma montanha submersa cujo topo fica a 450 metros de profundidade. Essa montanha permitiria instalar uma torre extra de sustentação a meio caminho entre os continentes. A ponte, então, ficaria dividida em dois trechos com cerca de 7 quilômetros, facilitando a construção. Mesmo assim o preço da obra continua empacando as coisas. Só seria possível uma redução significativa se o aço utilizado nos cabos fosse substituído por compostos mais leves, como a fibra de carbono. "Para sustentar o peso de cabos de aço, as torres teriam de ter quase 1 quilômetro de altura. Com a fibra de carbono, cinco vezes mais leve, elas só precisariam ter 500 metros. Isso reduziria enormemente os custos", diz o engenheiro civil Charles Seim, responsável pelo projeto da T.Y. Lin.

Desafio gigante
A maior ponte suspensa do mundo teria torres mais altas que as do WTC.

Tráfego livre
O grande movimento de barcos na região traz um problema: como construir a ponte sem prejudicar esse fluxo? A saída seria construir primeiro as duas torres laterais, em áreas que têm pouca navegação. Nas obras da torre do meio, haveria avisos para que os barcos desviassem. Já os pedaços das pistas seriam levados por cabos suspensos nas torres.

Pára- choque marítimo
O estreito de Gibraltar é um dos trechos marítimos mais congestionados do planeta. Estima-se que 50 mil embarcações pesadas passem por ali todos os anos. Para evitar que esses trambolhões se choquem contra a estrutura, a solução seria montar bóias de dezenas de metros de diâmetro perto das bases. Elas serviriam como um pára- choque.

Fibras saudáveis
O material do leito das pistas não seria o tradicional concreto, mas a fibra de vidro. Além de ser cinco vezes mais resistente que o concreto, ela tem outra vantagem: uma parte que rachasse poderia ser facilmente substituída, sem danificar o resto. Com a fibra, as cinco pistas de cada lado poderiam ser construídas em dias, e não em meses.

Torres trigêmeas
Três enormes torres sustentariam a ponte, cada uma delas com 500 metros de altura. Isso é mais que os 411 metros das "Torres Gêmeas" do velho World Trade Center (WTC), em Nova York. Elas teriam que ser altas porque, quanto maior o peso que os cabos seguram, mais eles envergam — como um varal de roupas.

Desenho híbrido
A ponte teria duas caras. Parte dela lembraria antigas pontes suspensas, com cabos encurvados, em forma de "M", que permitem vias mais extensas. Já no pedaço próximo às torres haveria cabos retos, iguais aos usados em pontes menores. Eles são imprescindíveis, já que sustentam pelo menos uma parte da estrutura com mais força que os cabos em "M".

Rali Glasgow- DaCar
Se o projeto sair do papel, no futuro será possível sair de carro da Escócia, no extremo norte da Grã-Bretanha, e chegar à Cidade do Cabo, no sul da África. No trajeto, o motorista passaria por duas maravilhas do mundo moderno: pela sonhada ponte de Gibraltar e pelo já real túnel do canal da Mancha.

Ajuda da natureza
As duas torres laterais estariam fincadas em águas com 300 metros de profundidade. A central ficaria a 450 metros, graças a uma montanha submersa que há bem no meio do estreito de Gibraltar. Não fosse ela, as vigas teriam de ir a quase 1 quilômetro de profundidade, o que é considerado impossível.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Os personagens de South Park foram mesmo inspirados em pessoas reais?


É difícil acreditar que os infames e divertidos personagens de South Park tenham sido inspirados em pessoas de carne e osso, mas alguns foram, sim. A própria cidade do desenho animado, aliás, foi planejada com base em referências pessoais de Matt Stone e Trey Parker, criadores da série. No documentário  Tiros em Columbine, exibido recentemente no Brasil, Matt sugere, durante uma entrevista, que o vilarejo do desenho pode ser comparado à cidade de Littleton, no estado do Colorado, nos Estados Unidos. Ambos garantem que buscaram referências na vida real para criar o elenco central da série. Kyle e Stan, por exemplo, são uma espécie de alter ego dos próprios Matt e Trey, respectivamente. As hilárias famílias desses dois personagens também são inspiradas nos parentes da dupla de autores. Outros, como o bizarro Sr. Hankey, nasceram de recordações (ou traumas) de infância.
Há também alguns personagens auto- explicativos, como o monstro Mecha-Streisand - uma referência nada carinhosa à atriz Barbra Streisand, que conta com a antipatia explícita de Matt e Trey. Fugindo um pouco da vida real, há os personagens cujo único objetivo é tirar sarro de figuras veneradas pelo público infantil, como Papai Noel. No primeiríssimo episódio da série, um vídeo de cinco minutos feito sob encomenda para a rede de TV americana Fox, em 1996, o bom velhinho se envolve em uma batalha com Jesus, no melhor estilo Mortal Kombat, para decidir quem será o dono do feriado de Natal. Tudo sob o olhar atento do quarteto de personagens que viria a protagonizar a série nos anos seguintes: além de Kyle e Stan, Eric e Kenny. Este último, é claro, morreu antes do fim da animação, o que se tornaria uma tradição em South Park.

Não é mera coincidência
Famílias dos autores da série serviram de base para várias criações hilárias.

Kyle Broflovski
O garoto que atura as gozações dos colegas por ser judeu é inspirado em Matt Stone, um dos criadores da série. Gerald e Sheila, pais de Kyle, têm os mesmos nomes dos pais de Matt, que também possui ascendência judaica.

Stan Marsh
O outro criador da série, Trey Parker, é filho de Randy e Sharon. E tem uma irmã chamada Shelley. Exatamente como Stan Marsh em South Park. Mas as coincidências, segundo Trey, param por aí. Afinal, o personagem tem um cachorro gay e vomita na cara da namorada, Wendy, sempre que a encontra.

Shelly e Wendy
Trey já afirmou em entrevistas que sua irmã Shelley o maltratava muito durante sua infância. Não por acaso, esse é o nome da irmã de Stan na série (ao lado, em cima). A menina com aparelho nos dentes não esconde que odeia o irmão mais novo. Já Wendy teria sido inspirada em uma ex-noiva de Trey.

Eric Cartman & Kenny McCormick
Os autores Matt e Trey garantem que Eric e Kenny, os outros dois personagens centrais da série, não foram inspirados em nenhuma pessoa específica. Mas Trey explica: "Toda turma de crianças tem sempre um gordinho (Eric) que é ridicularizado pelos outros e um pobre coitado (Kenny) de quem todos têm pena".

Sr. Garrison e a prefeita
O professor Sr. Garrisson, que finge ser um veterano do Vietnã, foi baseado em um professor de literatura inglesa de Trey Parker. Já a prefeita de South Park teria sido inspirada numa prefeita de Fairplay, cidadezinha próxima a Littleton, no estado do Colorado, onde os autores Matt e Trey cresceram.

Sr. Hankey
Outra lembrança de Trey inspirou o Sr. Hankey, um personagem, digamos, escatológico, conhecido como "Cocô de Natal". "Quando eu tinha 3 ou 4 anos, meu pai dizia que um tal de Sr. Hankey iria me assombrar se eu não acionasse a descarga após usar o vaso sanitário", diz o autor.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Como era a vida em um castelo medieval?


Roberto Navarro
Apesar de toda a imponência dessas construções, o cotidiano não era muito agradável, não. "Além de não contar com conveniências como água corrente ou aquecimento central, o dia-a-dia dos moradores era barulhento e desconfortável", diz a historiadora britânica Lise Hull, autora do livro Scotland and the Castles of Glamorgan ("A Escócia e os Castelos de Glamorgan"). Os primeiros castelos surgiram na Europa Ocidental ainda no século 9, construídos com terra, madeira e camadas de pedras para reforçar a estrutura contra ataques. O modelo mais conhecido, o das fortificações protegidas por muralhas e cercadas por fossos alagados, apareceu na França, no século 10. A arquitetura dos castelos era única: não havia dois iguais, mas a maioria deles partilhava características comuns, como a existência de um salão, de aposentos exclusivos para o senhor do castelo, de uma capela e de uma torre para os guardas.
Para a maioria dos moradores, um dia típico começava ao nascer do Sol. Algumas camareiras dormiam no chão do quarto do senhor e de sua dama, cuja privacidade era garantida apenas por uma armação de tecidos em volta da cama. Depois de se vestirem, o senhor e sua família iam ao salão para tomar um café da manhã regado a pão e queijo, e logo seguiam para a missa diária na capela. O almoço, servido entre as 10 da manhã e o meio-dia, incluía três ou quatro pratos principais e podia ser acompanhado por apresentações de malabaristas. Durante o dia, enquanto o senhor cuidava da administração, da justiça e da coleta de impostos do feudo, sua esposa tratava da educação dos filhos e supervisionava camareiras e cozinheiras. À noite, apenas uma leve refeição - em geral, uma sopa. Alimentados, os senhores voltavam ao quarto, enquanto os servos se espalhavam pelo chão do salão ou em câmaras no interior da torre.

Bagunça feudal
Fortificações de pedra eram escuras, barulhentas e tinham pouca higiene.

1. ALMOÇO ANIMADO
Geralmente situado no andar superior, o salão era um ambiente escuro, enfumaçado e úmido, com pequenas janelas sem vidro. Durante o dia, o local virava sala de refeições, ocasionalmente acompanhadas por espetáculos de artistas ou trovadores a que os servos também podiam assistir. À noite, o lugar se transformava em dormitório dos criados.

2. COZINHA RÚSTICA
A cozinha era afastada dos cômodos principais para evitar incêndios. No forno central de fogo aberto, a comida era cozida em caldeirões e as carnes assadas em espetos de ferro. Do lado de fora, ficavam gaiolas com aves e outros animais para o abate. O cardápio do senhores era farto em pão de boa qualidade, carne e bebidas alcoólicas, especialmente vinho e cerveja.

3. ESTOQUE CHEIO
Em alguns castelos, um cômodo construído no andar térreo servia de armazém de provisões, como trigo (usado para fazer pão) e malte (cerveja). O estoque de alimentos incluía ainda carnes conservadas por salgamento, queijos e sacas de vagens, feijões, favas e grãos moídos, como farinha.

4. REZA DIÁRIA
Localizada perto do salão principal, a capela podia ser dividida em dois andares: no piso superior ficava a família do senhor do castelo, enquanto os servos rezavam na parte de baixo. Às vezes, capelas menores eram construídas num subterrâneo do castelo. As missas aconteciam todas as manhãs.

5. SONO REAL
O principal móvel do quarto do senhor e sua dama era uma grande cama de madeira, com um trançado de tiras de couro que sustentava o colchão de penas. As roupas eram guardadas em arcas ou penduradas em pinos na parede. No início do dia, o quarto era varrido pelas camareiras, enquanto os senhores lavavam o rosto em bacias com água.

6. LÍQUIDO PRECIOSO
Era indispensável que o castelo ficasse perto de uma fonte subterrânea de água para garantir o abastecimento de toda a construção. Além do poço central, localizado no interior das muralhas, reservatórios recolhiam a água da chuva que caía no teto do castelo. Depois, o líquido seguia para os andares inferiores por encanamentos de chumbo.

7. PRIVILÉGIO NOJENTO
Como os dois únicos banhos anuais aconteciam em tinas portáteis levadas para o quarto do senhor, o banheiro tinha só uma privada, exclusiva dos nobres - os outros precisavam se aliviar fora das muralhas ou em penicos. Mas o "troninho" não era nada higiênico: os dejetos seguiam em uma canaleta de pedra até a parede do castelo, de onde a sujeira escorria até um fosso.

8. VISÃO SEGURA
A maioria das fortificações contava com uma torre, feita inicialmente de madeira e mais tarde de pedra, com vários andares e formato retangular. O local, que servia como posto para os sentinelas que vigiavam as vizinhanças, era também usado como alojamento para servos e soldados, além de ser o último refúgio no caso de o castelo ser invadido.

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Quem foi Malcolm-X?


Foi um dos mais importantes militantes americanos na luta contra o racismo nas décadas de 50 e 60. Nascido na cidade de Omaha, em 1925, o pequeno Malcolm Little teve uma infância trágica: perdeu o pai assassinado e viu sua casa ser incendiada pelo grupo racista branco Ku Klux Klan. Na adolescência, passou por várias casas de custódia e foi parar na cadeia. Em 1946, enquanto cumpria pena por roubo, converteu-se ao islamismo e aderiu à Nação do Islã, uma seita defensora do conceito de superioridade negra. Seguindo um dos preceitos da entidade, que negava os sobrenomes adotados pela população negra americana e os denunciava como resquícios da escravidão, o militante assumiu o nome de Malcolm-X. Começava aí sua ação política: praticando rigorosos padrões religiosos, ele iniciou uma série de viagens pelos Estados Unidos, fundando mesquitas e fazendo palestras. Sua estratégia radical se opunha ao movimento pelos direitos civis dos negros, liderado por militantes moderados, como o pastor batista Martin Luther King.
Na verdade, Malcolm recusava a igualdade racial e a integração à sociedade branca, defendendo o separatismo dos negros e afirmando que a violência era um recurso aceitável para a autoproteção. Suas idéias e seu talento de orador reuniram um grande número de seguidores para a Nação do Islã. Entretanto, em março de 1964, Malcolm desentendeu-se com outros líderes da seita e abandonou o grupo. Pouco depois, formou seu próprio movimento religioso e embarcou para uma peregrinação à cidade de Meca, na Arábia Saudita. O retorno aos Estados Unidos marcou uma virada ideológica: após a viagem, o militante anunciou idéias mais brandas quanto ao separatismo negro, admitindo a possibilidade de convivência com a sociedade branca. As novas posições acirraram a tensão com antigos seguidores e, em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm-X acabou assassinado por integrantes do próprio movimento negro, durante um comício em Nova York.

Anos de luta
Nas décadas de 50 e 60 ganharam fama vários líderes e movimentos de defesa dos negros nos Estados Unidos.

MARTIN LUTHER KING
Destacando-se como principal líder do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 50, esse pastor batista defendia a não- violência e o fim da segregação racial contra os negros americanos. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964, mas foi assassinado quatro anos depois.

PANTERAS NEGRAS
Formado em 1966 com o nome de  Partido Pantera Negra para Autodefesa, esse grupo californiano tinha como objetivo original proteger moradores dos guetos negros contra a brutalidade policial. Entretanto, logo suas atividades descambaram para a violência. Perseguida pela Justiça, a organização foi fechada no início da década de 80.

NAÇÃO DO ISLÃ
A organização religiosa que teve Malcolm-X como um de seus líderes surgiu na década de 10, mas ganharia importância a partir dos anos 50. Com uma interpretação peculiar do islamismo, a seita tinha como fundamento principal a defesa da supremacia negra. Divergências internas racharam o grupo, mas algumas facções existem até hoje.

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Qual foi o real motivo de o Brasil ter entrado na Segunda Guerra?


A razão mais imediata foi o afundamento de vários navios mercantes brasileiros por submarinos alemães e italianos durante o primeiro semestre de 1942. "Como consequência, a população saiu às ruas no Rio de Janeiro exigindo a declaração de guerra ao Eixo", diz o historiador Ricardo Seitenfus, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Entretanto, a participação do Brasil na Segunda Guerra envolveu um delicado balanço entre questões econômicas, comerciais, políticas e estratégicas. Nos anos anteriores ao conflito, o país vinha aumentando seu comércio com a Alemanha de Hitler até se transformar, no final da década de 30, no sexto maior parceiro comercial alemão.
Além disso, havia setores do governo brasileiro que simpatizavam com os nazi- fascistas, e as atitudes do próprio presidente Getúlio Vargas chegaram a alimentar rumores de que o Brasil poderia aderir ao Eixo, a aliança que reunia Alemanha, Itália e Japão. "Do outro lado, os Estados Unidos acenavam com ampla cooperação financeira e militar caso o Brasil se afastasse do bloco inimigo", afirma Ricardo. O momento era oportuno para o Brasil tentar tirar proveito dos dois lados. Nessa negociação, quem pôs mais vantagens na mesa foram os americanos, que ofereceram colaboração econômica, ajuda para reequipar as Forças Armadas e apoio financeiro para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), que impulsionou a modernização do parque industrial.
Paralelamente, a diplomacia americana pressionava o Brasil para conseguir borracha, minérios e outros materiais estratégicos no esforço de guerra, além de ter autorização para instalar bases militares no Nordeste, região- chave para o controle do Atlântico Sul. Como nosso país tornou-se o maior aliado de Washington na América do Sul, os navios brasileiros viraram alvos do Eixo. Em 1942, os torpedos dos submarinos alemães atingiram também a estabilidade do governo Vargas, que, diante da pressão pública, acabou declarando guerra em 22 de agosto.

Em cima do muro
Governo manifestava simpatia pelos nazistas, mas acabou aderindo aos aliados.

Junho de 1940
O presidente brasileiro Getúlio Vargas faz discursos demonstrando simpatia à causa dos países do Eixo. Alguns generais sugerem apoio à Alemanha.

Janeiro de 1942
Pressionado pelo governo americano, o Brasil rompe relações diplomáticas e comerciais com Alemanha, Itália e Japão.

Primeiro Semestre de 1942
Navios mercantes brasileiros são torpedeados por submarinos alemães e italianos. Ao todo, 36 navios afundam, matando quase mil pessoas.

Agosto de 1942
Depois de dezenas de passeatas de estudantes e do povo contra os nazistas, o governo brasileiro declara guerra contra Alemanha e Itália.

Julho de 1944
Organizada um ano antes, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarca 25 mil soldados para a Europa. Desse total, 465 morrem e 1 517 são feridos.

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Qual foi a maior batalha entre índios e o Exército americano no Velho Oeste?


Existem controvérsias, mas uma das maiores - e certamente a mais famosa - foi a batalha de Little Big Horn ("Pequeno Grande Chifre"), travada em 1876 na região onde hoje fica o estado de Montana, nos Estados Unidos. No conflito, morreram cerca de 40 índios e 240 soldados americanos, entre eles o famoso tenente-coronel George Armstrong Custer - a patente de general, com a qual Custer ficaria conhecido, era apenas temporária e só durou até o fim da Guerra Civil Americana (1861-1865). As disputas entre nativos e brancos explodiram no início do século 19, com a expansão colonial em direção ao chamado Oeste Longínquo, ou Far West, em inglês.
Nessa época, missionários, caçadores de peles, agricultores e militares se aventuraram pela região, invadindo terras que originalmente pertenciam aos índios. "Essas invasões, combinadas com o avanço das ferrovias pelas áreas das tribos e com a eliminação das manadas de búfalos que garantiam a sobrevivência dos nativos, causaram um enorme levante das tribos sioux e cheyenne, que se juntaram para formar a maior força de guerreiros do continente", afirma o historiador britânico John MacDonald, autor do livro Great Battlefields of the World ("Grandes Campos de Batalha do Mundo"). Com a descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, uma nova onda de colonos migrou para o oeste, aumentando o número de conflitos. Pressionado, o governo americano decidiu confinar as maiores tribos em reservas e mandar tropas do Exército para obrigá-las a permanecer por lá. Uma dessas unidades era a Sétima Cavalaria, que tinha uma coluna comandada pelo "general" Custer.
No dia 25 de junho de 1876, o oficial e seus homens encontraram perto do rio Little Big Horn um grande acampamento indígena, liderado pelos chefes Touro Sentado e Cavalo Louco. Subestimando o número de inimigos, Custer ordenou o ataque. Mais numerosos e bem armados, os nativos aniquilaram os soldados. O morticínio, claro, enfureceu o governo, que enviou mais tropas para a região, obrigando as nações indígenas a se renderem. Todas elas desapareceram ou perderam sua riqueza cultural original.

União mortal
Bem armadas, as tribos cheyenne e sioux se juntaram para arrasar a Sétima Cavalaria.
Em 25 de junho de 1876, cerca de 240 soldados de uma coluna da Sétima Cavalaria, tropa do Exército americano comandada pelo "general" Custer, avançaram contra as tribos cheyenne e sioux no vale do riacho Little Big Horn, no território atual de Montana, nos Estados Unidos. A batalha, que ganhou o nome do rio, é considerada o mais famoso confronto do Velho Oeste.
1. Após dividir suas tropas para atacar os índios por várias direções, Custer chega a uma ribanceira, de onde avista uma grande aldeia no vale de Little Big Horn. Pedindo reforços e mais munição, ele envia um mensageiro até um destacamento próximo e prepara uma ofensiva para pegar os nativos de surpresa.
2. O ataque começa quando uma patrulha da Cavalaria se aproxima da aldeia, desce dos cavalos e atira contra os índios, que reagem prontamente. Além de flechas, machadinhas e outras armas tradicionais, as tribos revidam com rifles de repetição, adquiridos em trocas com negociantes americanos. Essas armas eram mais eficientes que as carabinas usadas pelo Exército.
3. Depois da investida da patrulha, a força principal decide atacar. À frente do batalhão, Custer lidera a descida de mais de 200 homens ribanceira abaixo. A ofensiva, entretanto, é bloqueada por cerca de 1 500 índios. Já em campo aberto, os soldados sofrem um contra-ataque violento e são obrigados a recuar.
4. Menos numerosos que os índios, os soldados tentam fugir até uma colina próxima e formam um círculo defensivo — alguns matam seus próprios cavalos para usar as carcaças como proteção. Sob o comando do chefe Cavalo Louco, da tribo cheyenne, mais de mil índios avançam contra a Cavalaria.
5. Com rapidez, os índios sobem a colina pelo lado oposto, cercando a Cavalaria pelos lados e pela retaguarda. Em menos de meia hora, todos os soldados são mortos. Depois da vitória, as tribos promovem um ritual de vingança, mutilando dezenas de cadáveres. O corpo de Custer, curiosamente, não foi tocado: em vez da farda, ele usava roupas civis na batalha e provavelmente não foi reconhecido.

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Quais são as maiores cobras do planeta?


A maior de todas é a píton-real, que supera por pouco a sucuri - também conhecida como anaconda. Indivíduos adultos das duas espécies podem atingir facilmente 9 metros, mas um exemplar de 10 metros da píton-real  é considerado pelo Guiness, o "livro dos recordes", como a maior serpente já encontrada no planeta. Ambas são carnívoras e não- venenosas. "As maiores serpentes do mundo não têm veneno. Elas matam suas presas por constrição (aperto). A maior cobra venenosa conhecida é a asiática King Snake", afirma a bióloga Lígia Pizzatto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A píton-real habita principalmente os países do Sudeste Asiático, como Filipinas, Indonésia e Timor Leste. Ela costuma viver nas margens dos rios, mas, de vez em quando, é vista em centros urbanos.
Embora os ataques a seres humanos sejam raros, existe o registro de que um garoto de 14 anos da ilha de Salebabu, na Indonésia, foi engolido por uma dessas tenebrosas serpentes. Assim como a maioria dos répteis, a píton-real tem um metabolismo muito lento e pode passar longos períodos sem se alimentar. Em 1926, um exemplar de um parque de Londres permaneceu 23 meses sem ingerir nenhum alimento. Já a sucuri é natural das florestas da América do Sul, sendo largamente encontrada na Amazônia. Considerada uma excelente nadadora, ela é capaz de engolir animais de médio porte, como jacarés. Na sua dieta estão também porcos, tartarugas, galinhas e capivaras. Muito agressiva, ela se enrola em suas presas e as mata pelo sufocamento. As fêmeas costumam gerar entre 14 e 82 filhotes, que já nascem com cerca de 60 centímetros de comprimento. Isso é que é filhote, hein?
Metros de serpentes
Na Ásia vivem as espécies mais longilíneas com e sem veneno.
AS  GIGANTES DO BRASIL...
Espécie - Sucuri (Eunectes murinus)
Tamanho - 9 m
Onde vive - Amazônia e regiões Sudeste e Centro-Oeste
É venenosa? - Não
Espécie - Jibóia (Boa constritor)
Tamanho - 5,5 m
Onde vive - Mata Atlântica e Cerrado
É venenosa? - Não
Espécie - Surucucu (Lachesis muta)
Tamanho - Mais de 3 m
Onde vive - Mata Atlântica
É venenosa? - Sim

 ...E DO MUNDO
Espécie - Píton-real (Python reticulatus)
Tamanho - 10 m
Onde vive - Sudeste Asiático
É venenosa? - Não
Espécie - Píton-ametista (Morelia amethistina)
Tamanho - 8,5 m
Onde vive - Austrália
É venenosa? - Não
Espécie - King Snake (Ophiophagus hannah)
Tamanho - 5,8 m
Onde vive - Ásia
É venenosa? – Sim

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Que seres vivem num manguezal?


Yuri Vasconcelos
Por ser um local abrigado e com muitos nutrientes, o manguezal atrai uma diversidade de espécies de caranguejos, peixes, moluscos, mariscos, aves e até mamíferos. "É importante esclarecer que muitos desses animais não residem exatamente lá. A maior parte usa o manguezal como refúgio ou como local de alimentação", afirma o biólogo Renato de Almeida, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Localizados em regiões tropicais e subtropicais, os manguezais encontram-se numa faixa entre a terra e o mar e sofrem influência direta do regime das marés. Na maré alta ele se enche de água e na baixa seca, transformando-se num grande lodaçal, com camadas de lama que podem atingir até 15 metros de profundidade. Uma condição indispensável para sua existência é que ele esteja longe da zona de arrebentação do mar, pois a violência das ondas impediria o crescimento das árvores.
Outros fatores essenciais são a pequena variação de temperatura e uma boa quantidade de chuvas anuais. O Brasil conta com uma das maiores extensões de manguezais do mundo: do Amapá a Santa Catarina, são cerca de 10 mil quilômetros quadrados desse hábitat. Três tipos de árvores constituem a maior parte da vegetação desses locais: o mangue-vermelho (Rizophora sp.), o mangue-seriba (Avicennia sp.) e o mangue-branco (Laguncularia sp.). Essas árvores costumam estar acompanhadas por um pequeno número de outras plantas, como gramíneas, samambaias, bromélias e hibiscos. O emaranhado de raízes forma um abrigo natural para animais marinhos se esconderem de seus predadores. Durante muito tempo, os manguezais foram mal vistos, pois eram associados aos mosquitos transmissores de doenças como febre amarela e malária. Hoje, porém, todos sabem de sua grande importância ecológica.

No ritmo da maré
Quando as águas invadem o lamaçal, peixes e camarões se juntam a aves e caranguejos.

Visitas esporádicas
Alguns mamíferos, como  a lontra (Lutra longicaudis) e o guaxinim (Procyon cancrivorus), podem ser encontrados nesse ecossistema. Assim como a maioria dos animais, eles vão até lá em busca de alimento e no período de acasalamento.

Comida fácil
Robalos, tainhas e sardinhas, entre outros peixes, vêm ao manguezal para se reproduzir ou em busca de alimentos. Algumas espécies passam a vida toda por lá, enquanto outras voltam para o mar ou para os rios quando atingem a idade adulta.

Vida até a raiz
Muitos moluscos, como as ostras- do- mangue (Crassostrea rhizophora), também são encontrados nos manguezais. Elas só se fixam nas raízes das árvores chamadas mangue-vermelho (Rizophora sp.).

Pouso seguro
Muitas espécies de ave são habitantes temporárias dos manguezais. Os guarás (Eudocimus ruber), as garças (Ardea alba) e os colhereiros (Ajaia ajaia) são bons exemplos. Eles utilizam o local para se alimentar e durante a época de reprodução. Aves migratórias também costumam parar por aqui para descansar.

Habitantes populares
Os caranguejos são os bichos mais famosos desse hábitat, que reúne espécies como o guaiamum (Cardisoma guanhumi), o aratu (Goniopsis curentata) e o uçá (Ucides cordatus). Tais animais passam grande parte da vida nos manguezais e podem ser vistos subindo nos troncos e raízes das árvores ou escondidos em galerias cavadas na lama.

Berçário de crustáceos
Muitas espécies de camarões passam a fase larval e juvenil no manguezal. Quando esses crustáceos crescem, aproveitam o vaivém das águas das marés para se deslocar rumo ao oceano.

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Por que os pintinhos nascem amarelos?


É uma questão de hereditariedade. A cor da penugem que recobre o corpo dos pintinhos depende da raça ou da linhagem da ave. "Trata-se de uma característica genética que é, portanto, herdada dos pais. Em geral, os pintinhos que vão se transformar em galinhas ou frangos brancos na idade adulta têm uma penugem amarela ao nascer", afirma o zootecnista Edvaldo Antônio Garcia, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP). A maior parte das aves comerciais que temos hoje é branca. São os frangos de corte e as aves de postura produtoras de ovos brancos. Por isso, no imaginário popular, os pintinhos são sempre amarelos. Mas isso não é verdade. "Existem linhagens comerciais de ovos marrons cujos filhotes têm coloração creme avermelhada logo após o nascimento. Na idade adulta, essas aves terão plumagem vermelha", afirma Edvaldo. E há ainda, embora em pequeno número, pintinhos pretos, que mais tarde se transformarão em frangos da mesma cor.
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Por que as baratas podem sobreviver a uma guerra nuclear?


Elas podem sobreviver a uma guerra nuclear em termos. "Para que isso ocorra, será necessário que esses insetos estejam distantes do centro de ação da bomba e, portanto, expostos a menor grau de radioatividade. Do contrário, em virtude do calor gerado pela explosão, não seria possível sua sobrevivência", afirma a bióloga Celuta Paganelli, diretora da Enbio - Ensaios Biológicos, empresa de consultoria e controle de pragas de São José dos Campos (SP). As baratas possuem algumas características morfológicas que as tornam mais resistentes que a maioria dos animais. O tamanho reduzido e o corpo achatado permitem que elas se escondam em pequenas frestas, protegendo-se da radiação da bomba.
Outra vantagem das baratas é a alimentação diversificada, inclusive ingerindo fezes e cadáveres de outros exemplares da mesma espécie. Isso sem falar que elas têm alto potencial reprodutivo. Além de resistentes, esses insetos têm uma longa história, pois sua origem remonta há cerca de 320 milhões de anos. Existem aproximadamente 4 mil espécies desse animal no mundo, sendo que uma das mais conhecidas é a barata-de-esgoto (Periplaneta americana).

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Qual a diferença entre pernilongo e borrachudo?


Embora muita gente faça confusão, esses dois insetos são bem diferentes, tanto em seus hábitos quanto nos detalhes de sua anatomia. Os pernilongos são maiores que os borrachudos, que têm a aparência de uma mosca minúscula. Pernilongo, por sinal, é o nome popular dado a vários mosquitos da família Culicidae, sendo os mais conhecidos o Aedes aegypti (transmissor da dengue), o Anopheles sp. (vetor da malária) e o Culex sp. (chamado de "pernilongo caseiro").
O borrachudo (Simulium sp.), também conhecido como pium na Amazônia, faz parte da família Simulidae. "Esses dois insetos habitam lugares distintos: o primeiro vive frequentemente dentro das casas ou em seus arredores, enquanto o borrachudo é encontrado perto de córregos e rios de água com correnteza límpida e transparente", afirma o professor José Maria Soares Barata, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Em comum, eles têm o fato de serem hematófagos, ou seja, se alimentarem de sangue. É por isso que ambos não perdem a oportunidade de picar os humanos, para quem podem transmitir várias doenças. Além da dengue e da malária, os pernilongos são capazes de disseminar a elefantíase, enfermidade caracterizada pelo inchaço das pernas e de outras partes do corpo. Já o borrachudo pode passar a oncocercose, mal que em alguns casos leva a pessoa enferma à cegueira.

Iguais só no tormento
Ambos atazanam com suas picadas, mas os pernilongos são maiores e mais delgados.

CORPO A CORPO
Além de bem maior (mede cerca de 10 milímetros), o pernilongo tem o corpo mais delgado e com coloração mais clara que o borrachudo. Este (que mede 6 milímetros) tem o corpo mais grosso e quase preto .

AGULHADA X MORDIDA
Usado para sugar sangue, o aparelho bucal do pernilongo é formado por uma espécie de tromba, que age como uma agulha . Já o borrachudo tem um aparelho bucal mastigador , que dilacera o tecido da pele antes de chupar o sangue.

SEM DAR ASAS À CONFUSÃO
As asas do pernilongo têm uma série de escamas que formam padrões diferentes de desenhos  enquanto as asas do borrachudo são lisas e transparentes .

ANTENADOS COM AS MEDIDAS
As pernas e as antenas do pernilongo são muito compridas , principalmente quando comparadas de perto com as pernas e antenas mais curtas que possui o borrachudo.

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Quais são os animais que mais fazem sexo?


Talvez em função da grande quantidade de espécies existente no mundo e da dificuldade em fazer um acompanhamento constante de seus hábitos sexuais, nenhum pesquisador nunca elaborou um ranking científico sobre isso. Para complicar ainda mais, os cientistas desconhecem a frequência da atividade sexual dos insetos, uma das classes com maior número de espécies diferentes - cerca de 1 milhão já descritas. Sabe-se, no entanto, que, entre os mamíferos, os predadores que estão no topo das cadeias alimentares copulam mais do que os que são presas. O motivo é simples: como os predadores não sofrem a ameaça de outros animais, podem se deliciar com o sexo calmamente e com mais frequência. "Já as possíveis presas precisam copular rapidamente, até como  uma estratégia de sobrevivência.
É o que acontece com os coelhos, por exemplo", afirma o geneticista Renato Zamora Flores, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Dentro dessa lógica, os leões são os amantes que aparentam ter o maior apetite sexual do reino animal. "O casal copula dezenas de vezes no espaço de poucas horas e a fêmea até atiça o macho quando ele está todo caído e cansado", diz o etólogo (estudioso do comportamento animal) César Ades, da USP. Outra espécie bem chegada a uma extravagância sexual é a dos bonobos (Pan paniscus), embora a especialidade desse tipo de chimpanzé não seja a quantidade de relações e sim o modo como fazem. Não é raro vê-los executando as mais ousadas peripécias sexuais pendurados em árvores. "Eles vivem como se fossem uma grande família de maridos, esposas e filhos em comuns. Ao observá-los, temos  a impressão de uma anarquia sexual: sexo entre adultos e crianças, entre mais de dois indivíduos, em posições inimagináveis", afirma Renato Flores.

Rei da selva e da transa
O leão, até onde sabem os especialistas, é o grande campeão em atividade sexual. Há registros de que, no período fértil, machos e fêmeas fazem sexo cerca de 50 vezes por dia. Outro estudo aponta que, quando no cio, a fêmea é capaz de copular a cada 15 minutos.

À moda
No aspecto sexual, os bonobos são os primatas que mais se parecem com nós, seres humanos. Eles são sexualmente vorazes e fazem impensáveis extravagâncias quando estão copulando. Entre eles, é comum o comportamento bissexual.

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Existem negros com síndrome de Down?


Apesar de os casos serem menos conhecidos, existem, sim. "A distribuição do Down é igual para todos", diz o geneticista Paulo Alberto Otto, da Universidade de São Paulo (USP). A síndrome pode não fazer distinção de cor antes do nascimento, mas há a possibilidade de que faça alguns anos depois. Um estudo realizado em 2001 pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos concluiu que, em média, brancos com a síndrome vivem o dobro do tempo que os negros. Entretanto, o próprio órgão americano frisa que este dado estatístico se refere a um único estudo e, como os especialistas ainda não sabem explicar o porquê de tamanha disparidade, o assunto ainda merece mais pesquisas.
Certo, porém, é que o Down é mais comum do que se pensa: de cada 800 crianças, uma nasce com o problema. A causa da síndrome é um cromossomo extra  infiltrado no DNA, o material que carrega nossas informações genéticas. Normalmente, as pessoas têm seus genes distribuídos em 46 cromossomos, que vêm em 23 pares. Quem possui Down tem um cromossomo a mais no par número 21, totalizando 47. Essa desordem no DNA é o que causa os sintomas conhecidos, como rosto achatado, músculos flácidos, problemas cardíacos e um retardamento mental que pode ser leve ou agudo. As mães não têm como prevenir totalmente o Down, mas há um fator que influi, e muito, na possibilidade de ter um filho com a síndrome: a idade materna. Em mulheres com menos de 35 anos, a incidência é de uma criança com o problema para cada mil partos. Para mães com mais de 40 anos, a proporção chega a um caso para cada quatro dezenas de nascimentos.

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Gêmeos idênticos têm a mesma impressão digital?


Curiosamente não. E isso deixa a gente com a pulga atrás da orelha, já que os gêmeos idênticos (ou univitelinos) são clones perfeitos, eles têm o mesmo DNA. Afinal, são formados quando um único óvulo, fecundado por um espermatozóide, se divide em dois embriões. A princípio, esses irmãos deveriam ser idênticos de cabo a rabo. Mesmo assim, a papiloscopia - ciência que estuda as linhas das mãos e dos pés - diz que as impressões digitais dos univitelinos podem até seguir a mesma fórmula, mas nunca serão iguais. "A digital muda de dedo para dedo, de mão para mão. Assim como não existem duas zebras com o mesmo desenho, não existem duas pessoas com a mesma impressão digital", afirma José Luiz Lopes, papiloscopista e presidente da Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas (Asbrapp).
Como explicar o mistério então? A chave está no contato dos dedos dos fetos com o ambiente intra- uterino. Como estão em posições ligeiramente diferentes na barriga da mãe, eles travam contato com ambientes distintos. É por isso também que, na hipótese da existência de clones no futuro, estes também teriam impressões digitais diferentes das da pessoa clonada. A diversidade das digitais está nas papilas, aqueles minúsculos sulcos e relevos que formam desenhinhos na camada mais externa da pele, a epiderme. São, em média, 36 papilas por milímetro quadrado. Elas se dividem em inúmeras ramificações, bifurcações, desvios, interrupções e orifícios. Tal complexidade faz com que muitos peritos considerem o método de identificação pelas digitais até mais preciso do que o exame de DNA. Esse teste, afinal, não funcionaria para separar um gêmeo idêntico do outro.

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Como funcionam os carros que rodam tanto a álcool como a gasolina?


Com um motor "mutante". A engenhoca é capaz de se adequar automaticamente a um ou outro combustível  segundos após o carro ser ligado. Mas como o motor sabe se você colocou álcool ou gasolina no tanque? É que essas substâncias soltam resíduos diferentes pelo escapamento: no escape do álcool, por exemplo, há muito mais oxigênio que no da gasolina. Os carros  bicombustível, então, têm um sensor que analisa a quantidade de oxigênio desses resíduos. Quanto mais O2 aparecer lá, mais álcool há no tanque, e com essa informação o motor se adapta automaticamente. Uma das principais diferenças entre os combustíveis é a forma como eles queimam no motor. O princípio é o mesmo: dentro do cilindro, entra ar e combustível. Uma faísca queima o produto e o ar que estiver misturado ali explode, movimentando o pistão. Para que isso aconteça com gasolina, tem que haver uma parte dela para 14 de ar. Já com o álcool, é uma parte para apenas nove.
O que faz o motor dois em um? Injeta mais combustível quando há mais álcool no tanque. Aí a mistura ar-combustível fica sempre correta. Mas nem todos os componentes são adaptáveis. "As peças que entram em contato com o combustível recebem tratamento para resistir ao poder de corrosão do álcool, bem maior que o da gasolina", diz o engenheiro eletricista Sidney de Oliveira, da Bosch, empresa que desenvolve motores bicombustível.
Ele bebe todas
Motor se ajusta ao que estiver no tanque.
1. Inteligência artificial
Um software é o responsável por regular continuamente o motor para que ele funcione com o combustível que estiver no tanque. Um chip comanda sensores que estão conectados a algumas peças do motor. Eles informam como as peças devem mudar de comportamento quando o combustível é alterado.
2. Injeção precisa
Para que as explosões ocorram normalmente dentro de um motor a álcool, é preciso haver mais combustível na câmara de combustão dos cilindros do que se o motor for a gasolina. Quem resolve isso é o injetor: ele coloca cada combustível, ou mistura, em sua medida correta no cilindro.
3. Faísca resistente
As velas do motor, que soltam a faísca para o combustível explodir, variam conforme a temperatura e a pressão sob as quais trabalham. E essas condições são diferentes para a queima do álcool e da gasolina. Então as velas são de um tipo mais resistente, capaz de operar sob  pressões e temperaturas diversas.
4. Trabalho sob pressão
A chamada taxa de compressão nos carros bicombustível é igual à dos motores a gasolina - menor que a dos carros a álcool. Assim, teoricamente o motor dois em um não queimaria o álcool na pressão adequada. Essa pressão, porém, varia enquanto o pistão do motor sobe e desce. O chip, então, faz o álcool explodir só quando a posição do pistão dá a pressão ideal para a queima.
5. De olho nos gases
A sonda lambda existe também nos carros convencionais, onde faz o meio de campo entre catalisador e motor, para reduzir a emissão de poluentes. Nos carros  bicombustível, ela analisa os gases que saem na hora em que o motor é ligado e informa ao chip especial se o que está queimando é álcool, gasolina ou uma mistura dos dois.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Como são produzidos os desenhos nos gramados dos estádios?


Depende do desenho. Aquelas faixas transversais, presentes em quase todos os grandes estádios, são feitas com máquinas que cortam e penteiam a grama em duas direções diferentes, criando o contraste entre uma faixa de verde mais claro e outra mais escuro. Já para formar figuras menores ou mais detalhadas, a tática empregada é outra. Normalmente, aplica-se no campo uma tinta feita à base de água, que não danifica a grama e permite um acabamento mais preciso na hora de desenhar imagens complexas, como uma bandeira. As linhas divisórias, por sua vez, usadas para delimitar as áreas e as laterais, por exemplo, são feitas com tinta branca ou cal. Seja qual for o método aplicado, o fato é que deixar o gramado bonito dá um trabalhão.
Além da área ser enorme - em média, 8 mil metros quadrados -, é preciso manter o campo com uma altura adequada para o deslocamento dos jogadores. "A grama deve ficar entre 23 e 25 milímetros ", diz o engenheiro Ricardo Afonso Raso, responsável pelo gramado do Mineirão, em Belo Horizonte. Os grandes estádios garantem essa precisão aparando a grama uma ou duas vezes por semana - exceto no inverno, quando as folhas crescem mais devagar. Vale dizer que os desenhos nos campos muitas vezes não têm finalidade só estética. "Faixas paralelas à linha de fundo servem como pontos de referência e ajudam o juiz e os auxiliares a marcar corretamente o impedimento", diz o comentarista esportivo e ex-árbitro José Roberto Wright.

Maquiagem de placa
Carrinho que "penteia" a grama, cortes e pintura ajudam a criar o visual diferente.
1. Os tipos mais comuns de desenho, incluindo as faixas transversais no campo, são feitos com um cortador de grama especial. Ele tem lâminas helicoidais, como as de um barbeador elétrico, para aparar a grama. Atrás delas há um cilindro rotatório que amassa as folhas no sentido do corte. Ao chegar na extremidade do gramado, o cortador volta no sentido oposto
2. Essa espécie de "penteado" faz com que as folhas amassadas para um lado reflitam a luz do sol (ou dos refletores) com mais intensidade do que a grama da faixa aparada no outro sentido. É isso que cria o efeito das faixas paralelas. O problema é que o pisoteio dos jogadores estraga o desenho, que precisa ser refeito antes dos jogos
Tática ultrapassada
Até os anos 70, o método mais comum para fazer as faixas paralelas era podá-las com dias de intervalo. Como em alguns pedaços do campo a grama ficava cerca de 1 centímetro mais alta, a luz era mais absorvida pelas folhas, fazendo com que aquele trecho ficasse mais escuro. O problema do método, hoje pouco usado, é que a irregularidade do gramado podia atrapalhar os jogadores.
Craque do pincel
Uma tinta especial para grama também pode ser usada para fazer desenhos. O corante é diluído em diferentes proporções - quanto mais concentrado, mais escuro ele fica - e aplicado no gramado com rolos ou pincéis. Após 30 minutos, a tinta seca. A pintura deve ser repetida sempre antes dos jogos, pois o corte e a irrigação apagam os desenhos.

Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003

Onde é perigoso e onde é seguro colocar um piercing?


O risco mora nas partes do corpo mais atacadas por bactérias. Elas adoram lugares escuros, quentes e úmidos. Regiões como o nariz e, mais ainda, a vagina são uma suíte presidencial para elas, pois as danadas se reproduzem freneticamente nesses lugares. Se o piercing e as ferramentas usadas para colocá-lo não estiverem esterilizados, é infecção na certa. Já em partes do corpo mais arejadas, como a orelha, o perigo é menor. Outro fator que precisa ser levado em conta é o tempo que cada região leva para cicatrizar. Enquanto as feridas causadas pela aplicação do adorno não fecharem totalmente, o organismo fica de portas abertas para as bactérias.
A glande do pênis, por exemplo, pode demorar até um ano para se livrar de vez das feridas - contra algumas semanas da língua. O cuidado com a higiene, claro, precisa ser redobrado até que a "porta" feche de vez. O ideal é usar sabonetes com bactericida, mais eficientes contra microorganismos. Outra forma de prevenção é escolher direito o material de que o piercing é feito. "O níquel, metal mais usado, tem grandes chances de provocar dermatite: aparecem bolinhas vermelhas e bolhas na pele do paciente, além de coceira. Já os piercings de ouro branco, por exemplo, têm menos possibilidade de causar isso", diz a dermatologista Ida Gomes Duarte, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Não entre numa furada Orelha e sobrancelha são os lugares menos arriscados.

Orelha
No lóbulo (parte mais mole da orelha) os riscos são os mesmos de colocar um brinco. Na região mais dura, o cuidado deve ser maior: uma infecção pode causar necrose - morte do tecido. A cicatrização demora até seis meses.

Sobrancelha
O local é arejado e fácil de limpar, o que diminui os riscos de infecção. Mas a área é rica em veias e artérias, o que exige técnica mais apurada do aplicador na hora de colocar o piercing. O tempo de cicatrização é de dois a quatro meses.

Mamilo
Para os homens, o mamilo é uma das áreas mais seguras. Já com as mulheres é diferente: o piercing pode causar infecção nos dutos das glândulas mamárias - por onde sai o leite durante a amamentação. A cicatrização leva dois meses.

Nariz
A parte interna do nariz, úmida, é propícia ao desenvolvimento de bactérias. Além disso, ela fica exposta à sujeira suspensa no ar, o que aumenta os riscos de infecção. O tempo de cicatrização varia entre dois e quatro meses.

Língua
Área cheia de vasos sanguíneos, a língua pode ter sérias hemorragias na hora de colocar a peça. A saliva, porém, ajuda a proteger a área contra microorganismos nocivos. A cicatrização leva de duas a quatro semanas.

Vagina
Essa parte do corpo conserva muitas bactérias, por isso o cuidado ao implantar um piercing deve ser extremo. Uma peça mal colocada pode interferir na sensibilidade, diminuindo o prazer. No lábio interior, a cicatrização demora até seis semanas.

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Borracha doce


 Produtos derivados do petróleo são os principais ingredientes da guloseima.
1. A fabricação do chiclete começa com a produção de sua matéria-prima: a goma base. Ela tem ingredientes como borracha sintética e parafina (ambas derivadas do petróleo), substâncias emulsificantes (óleos vegetais que dão liga à mistura) e antioxidantes (conservantes químicos que prolongam a duração do produto). A receita ainda leva carbonato de cálcio, uma espécie de cal tratada que serve para dar mais volume à mistura.
2. Todos os ingredientes da goma base ficam em grandes panelas aquecidas, com pás que giram para tornar o produto homogêneo. Quando a mistura está pronta, ela é despejada em pequenas placas, que são resfriadas em temperatura ambiente. Há fábricas que só fazem goma base e depois a revendem.
3. A goma base é comprada pelas fábricas de chiclete propriamente ditas, onde é derretida em grandes panelas e ganha outros ingredientes: açúcar ou adoçante, aromas (em geral misturas de vários óleos essenciais), corantes, ácidos cítricos (que dão aquele sabor azedinho a alguns chicletes) e glicerina (substância que ajuda a dar liga ao produto).
4. Quando essa mistura líquida está pronta, ela é novamente despejada em placas para esfriar e endurecer. Depois, as placas passam por uma máquina que as corta em tiras finas e compridas. Essas tiras são então fatiadas no tamanho de cada chiclete. Se ele for uma guloseima simples, como um Ping Pong, já está pronto para ser embalado.
5. Os chicletes especiais, porém, passam por outras etapas antes da embalagem. Um bom exemplo são aqueles que têm um líquido dentro, que escorre na boca após a primeira dentada. Para fabricá-los, uma máquina injeta o caldo aromatizado no interior da tira de goma, antes de ela ser fatiada no tamanho de cada chiclete.
6. Há também os produtos que têm uma casquinha em volta da goma, que se dissolve após alguns segundos de mastigação. Para formá-la, os pedaços do chiclete já fatiados são banhados em um xarope feito de açúcar ou adoçante. À medida que essa "calda" é aquecida, ela evapora e deixa partículas sólidas na superfície do chiclete.
7. A última etapa é a embalagem, que pode ser feita com papel, plástico ou caixinhas, dependendo do produto. A partir daqui, o chiclete, que começou como uma insossa borracha feita de petróleo, está pronto para ser distribuído e vendido.

Você sabia?
A diferença entre a goma de mascar e o chicle de bola já aparece logo no primeiro passo da fabricação da goluseima. A matéria-prima (goma base) do chicle de bola tem, além dos ingredientes descritos no item 1, um plástico, em geral o acetato de polivinila. Esse derivado do petróleo ajuda a formar um filme em volta do produto, dando a elasticidade necessária para o consumidor sair soprando bolas por aí.

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Por que a mistura de Coca Light e Mentos provoca uma explosão?


Marina Motomura
As balas de Mentos provocam uma pequena revolução na garrafa: em contato com o refri, as balas aumentam a quantidade de gás e provocam o surgimento de bolhas grandes, que tendem a escapar na forma de um jato explosivo. Vale dizer que, como se trata de um fenômeno recente, as explicações científicas variam e não há consenso entre os estudiosos sobre as causas do jato. Para explicar a explosão, ouvimos um químico e um físico, que concordam em um ponto: o equilíbrio entre o gás e o líquido nos refrigerantes é facilmente quebrável. "Se você pegar um pedaço de gelo e jogar na Coca, também vão se formar bolhas em torno dele. Qualquer coisa que quebre a homogeneidade do sistema gás-líquido provoca uma saída de gás", diz o químico João Usberco. Mas por que só com o Mentos a coisa bomba pra valer? Mais densa que o refri, a bala vai direto para o fundo da garrafa quando jogada lá dentro. Além disso, o Mentos tem ácido cítrico - o mesmo do limão -, que tende a aumentar a formação de gás carbônico. Outro fator é a superfície irregular da bala - vista pelo microscópio, ela apresenta buracos minúsculos. E, quanto mais irregular uma superfície, maior a tendência de provocar bolhas. E a Coca Light, apesar de ter se consagrado na internet como o refri ideal para essa bomba nojenta, não é a única bebida que provoca o jato. Nossa experiência com guaraná e soda também deu certo, mas a Fanta deixou a desejar... Na teoria, isso pode acontecer com qualquer refrigerante, especialmente nos diet e light. Por ser mais denso por causa do açúcar, o refrigerante normal retém a expansão do gás carbônico. No refri diet, que não leva açúcar na fórmula, as bolhas têm mais liberdade para se movimentar.
Geiser-cola Ingrediente e forma da bala aumentam e agitam o gás carbônico.
INGREDIENTES
1 Coca-Cola Light 2 litros - 3 reais
1 Pacote de bala Mentos- 1 real
1 Tubo de cola branca - 2 reais
1. Para conseguir uma explosão considerável, você vai precisar de mais de uma bala. Nossa sugestão é grudar, com cola branca, sete confeitos de Mentos em sequência. Espere cerca de uma hora até a cola secar.
2. Só abra a garrafa na hora da experiência - senão o gás do refri  escapa e a explosão perde a força. Com a tampa aberta, jogue as sete balas juntas e saia de perto! Por que sete balas? Por que dá uma explosão bacana e não suja tanto. Quanto mais balas, maior a sujeira...
3. O gás que forma as bolhinhas do refrigerante é o gás carbônico, colocado dentro da garrafa a uma pressão de 5 atmosferas, cinco vezes a pressão normal da atmosfera. Por causa disso, qualquer alteração no refri  pode fazer com que o gás fique mais agitado e tenda a escapar.
4. Quando a nossa "rajada de Mentos" é jogada no refrigerante, duas coisas acontecem simultaneamente. A primeira é que o ácido cítrico da bala é dissolvido pela água. Isso desencadeia uma série de reações que culminam com a geração de mais bolhas de gás carbônico.
5. A segunda coisa que acontece é que, como o Mentos é sólido e pesado, as balas vão direto para o fundo da garrafa. Nesse movimento, os microporos da superfície da bala tendem a agir como pontos de atração de bolhas, formando bolhas cada vez maiores junto da bala.
6. Essas bolhas grandes de gás carbônico se formam no fundo da garrafa - mas, como são leves, tendem a subir. Conforme sobem violentamente, elas arrastam parte do líquido para cima e vão formando um número maior de pequenas bolhas, ganhando volume.
7. Para sair da garrafa, esse turbilhão de bolhas e líquido enfrenta um último desafio: o gargalo da garrafa. Submetida a esse "estreitamento de pista", a mistura sai a uma pressão elevada, gerando um jato de refri que, na nossa experiência, alcançou quase 2 metros de altura!
ALERTA!
Este teste faz muita sujeira! É importante também se afastar da garrafa após jogar as balas!

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