A razão mais imediata foi o afundamento de vários navios
mercantes brasileiros por submarinos alemães e italianos durante o primeiro
semestre de 1942. "Como consequência, a população saiu às ruas no Rio de
Janeiro exigindo a declaração de guerra ao Eixo", diz o historiador
Ricardo Seitenfus, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande
do Sul. Entretanto, a participação do Brasil na Segunda Guerra envolveu um
delicado balanço entre questões econômicas, comerciais, políticas e
estratégicas. Nos anos anteriores ao conflito, o país vinha aumentando seu
comércio com a Alemanha de Hitler até se transformar, no final da década de 30,
no sexto maior parceiro comercial alemão.
Além disso, havia setores do governo brasileiro que
simpatizavam com os nazi- fascistas, e as atitudes do próprio presidente
Getúlio Vargas chegaram a alimentar rumores de que o Brasil poderia aderir ao
Eixo, a aliança que reunia Alemanha, Itália e Japão. "Do outro lado, os
Estados Unidos acenavam com ampla cooperação financeira e militar caso o Brasil
se afastasse do bloco inimigo", afirma Ricardo. O momento era oportuno
para o Brasil tentar tirar proveito dos dois lados. Nessa negociação, quem pôs
mais vantagens na mesa foram os americanos, que ofereceram colaboração econômica,
ajuda para reequipar as Forças Armadas e apoio financeiro para a construção da
Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), que impulsionou a
modernização do parque industrial.Paralelamente, a diplomacia americana pressionava o Brasil para conseguir borracha, minérios e outros materiais estratégicos no esforço de guerra, além de ter autorização para instalar bases militares no Nordeste, região- chave para o controle do Atlântico Sul. Como nosso país tornou-se o maior aliado de Washington na América do Sul, os navios brasileiros viraram alvos do Eixo. Em 1942, os torpedos dos submarinos alemães atingiram também a estabilidade do governo Vargas, que, diante da pressão pública, acabou declarando guerra em 22 de agosto.
Em cima do muro
Governo manifestava
simpatia pelos nazistas, mas acabou aderindo aos aliados.
Junho de 1940
O presidente
brasileiro Getúlio Vargas faz discursos demonstrando simpatia à causa dos
países do Eixo. Alguns generais sugerem apoio à Alemanha.
Janeiro de 1942
Pressionado pelo
governo americano, o Brasil rompe relações diplomáticas e comerciais com
Alemanha, Itália e Japão.
Primeiro Semestre de
1942
Navios mercantes
brasileiros são torpedeados por submarinos alemães e italianos. Ao todo, 36
navios afundam, matando quase mil pessoas.
Agosto de 1942
Depois de dezenas de passeatas de estudantes e do povo
contra os nazistas, o governo brasileiro declara guerra contra Alemanha e
Itália.
Julho de 1944
Organizada um ano
antes, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarca 25 mil soldados para a
Europa. Desse total, 465 morrem e 1 517 são feridos.
Revista Mundo Estranho Edição 20/ 2003
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