quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Como será o carro do futuro?


Alexandre Versignassi
Difícil responder. No entanto, só com tecnologias que já começaram a ser desenvolvidas, dá para imaginar a seguinte cena nas próximas décadas: você entra numa estrada e resolve relaxar. Então solta o volante e fala para o computador de bordo que quer assistir a Matrix 13. Ele baixa o filme da internet, enquanto o banco se ajeita sozinho para a sessão. Nessa hora, o carro detecta um problema na parte elétrica. Mas ele nem o avisa: faz o download da última versão do software que corrige isso e pronto. Bom, a pipoca que você abriu para ver o filme deu uma baita sede? É só parar o carro e beber um pouco d'água no cano do escapamento. Essa água, totalmente potável, é o único resíduo que sai do motor do seu carro do futuro, movido a hidrogênio. Motores assim não têm nada de ficção.
Diante da possibilidade de escassez de petróleo, os Estados Unidos investem bilhões de dólares em pesquisas nessa área. A eventual falta de petróleo também pode banir outro derivado dos carros: os plásticos. "A tendência é que eles sejam substituídos por fibras de plantas, que são um recurso totalmente renovável", diz o gerente de design da Volkswagen, Luiz Alberto Veiga. E quanto ao carro andar sozinho na estrada? Realidade pura: carros guiados por sensores, sem motorista, foram demonstrados há cinco anos nos Estados Unidos. Quanto à eletrônica, o segredo está na velocidade das conexões sem fio com a internet. Hoje, há testes com sistemas que fazem downloads a 19 Mbps, o suficiente para baixar um filme inteiro em um minuto. "Com isso, até pequenos reparos no carro poderão ser feitos online", diz o gerente de projetos Mario Egídio Bozzo, da Delphi, que fabrica equipamentos eletrônicos. Assim, só falta bolar um jeito de levar a água do escapamento até um frigobar...

Veículo nada virtual
Parece ficção, mas todas as novidades apresentadas aqui já estão em fase de pesquisa.
1 - NO CAMINHO CERTO
Hoje: há sistemas de GPS capazes de indicar no painel a posição exata do carro em cidades e estradas. Os mais modernos fazem o download de mapas direto da rede.
Amanhã: em caso de acidente, o carro indicará automaticamente a posição do veículo para as equipes de resgate. Também poderá mostrar onde fica a oficina mais próxima quando surgir algum problema.
2 - MOTORISTA PRA QUÊ?
Hoje: estradas com sensores que guiam carros já foram testadas nos Estados Unidos e na Europa. Os veículos passam de 100 km/h, mantendo distância de 6,5 metros entre si.
Amanhã: estradas e avenidas com esses sensores aumentarão o fluxo em uma pista de 2 mil para 5 700 carros por hora. Afinal, conforme diminui a distância entre os carros, maior é a capacidade da pista.
3 - SEMPRE NA MODA
Hoje: no campo do design dos veículos, esforços para diminuir o tamanho do motor permitiram carros mais espaçosos e aerodinâmicos.
Amanhã: a idéia mais radical na imaginação dos projetistas são carrocerias com fibras especiais, que mudariam de cor ao receber impulsos elétricos. Bastaria selecionar a nova cor pelo computador do carro.
4 - LOCADORA MÓVEL
Hoje: modelos ultraluxuosos vêm equipados com DVD, videogame, telas de cristal líquido e micros que obedecem comandos de voz.
Amanhã: internet sem fio com velocidade 300 vezes maior que a de conexões discadas permitirá baixar filmes e músicas instantaneamente. Chips que deixam o som do rádio cristalino também estão chegando.
5 - ARRANQUE ECOLÓGICO
Hoje: os melhores protótipos de motores movidos a hidrogênio alcançam 140 km/h, com autonomia de 150 quilômetros. Há sistemas que convertem metanol e álcool nesse combustível não-poluente.
Amanhã: o mais difícil será criar uma rede de distribuição de hidrogênio tão eficiente quanto a de gasolina. Como o álcool pode ser convertido em hidrogênio dentro do carro, o Brasil leva vantagem.
VISÃO EXTRA
Hoje: carros top de linha vêm com sistemas que detectam um obstáculo à frente, com autonomia para frearem sozinhos, além de faróis de xenônio, mais potentes.
Amanhã: a tendência são faróis espertos, que acompanhem a direção do carro nas curvas, assim como sensores de infravermelho: no escuro, eles detectariam pedestres desavisados a cerca de 300 metros.
OFICINA INSTANTÂNEA
Hoje: para que o carro absorva melhor os impactos, os modelos mais modernos são feitos com chapas gradualmente mais finas entre o "cockpit" (onde ficam o motorista e os passageiros) e o pára-choque.
Amanhã: a chave é a pesquisa com materiais que tenham mais "memória". Ou seja, capazes de voltar à posição original após um choque. O ápice seria um carro que pudesse se desamassar sozinho.
E os automóveis voadores?
Idéia não deve sair tão cedo dos desenhos animados .
No velho desenho animado Os Jetsons, os personagens voavam com seus carros nas histórias que se desenrolavam no ano 2000. A virada do milênio já virou passado, mas sair voando da garagem, que é bom, nada. Tecnologia para isso não falta e o protótipo mais avançado hoje é o Skycar, da norte-americana Moller International. Ele decola e pousa verticalmente e chega a 644 km/h. Seu preço inicial e proibitivo: 1 milhão de dólares - com uma eventual produção em massa, o preço poderia cair para 60 mil dólares. O problema é que o controle de tráfego aéreo nas cidades  precisada ser todo reformulado. E o motorista teria de se formar como piloto antes de pegar no volante.

Revista Mundo Estranho Edição 19/ 2003

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