Rodrigo Ratier
Quando escapa óleo de um navio petroleiro, de um oleoduto ou
de uma plataforma de exploração, as equipes de limpeza tentam agir rápido. Para
diminuir o impacto do acidente, elas atuam de duas maneiras: primeiro, cercando
a mancha de óleo para evitar que o vazamento se espalhe. Segundo, iniciando a
recuperação da área. No final, o óleo recolhido é separado da água ou da areia
e, depois de processado, pode até ser usado de novo. Mesmo que seja cercada de
cuidados, a exploração de petróleo é considerada uma atividade de alto risco
ambiental. Os acidentes ainda são constantes: apenas nos Estados Unidos, cerca
de 14 mil derramamentos são registrados a cada ano. No Brasil, um dos mais
graves foi o acidente na baía de Guanabara, em janeiro de 2000, quando um duto
se rompeu e lançou ao mar 1,3 milhão de litros de petróleo, afetando dezenas de
quilômetros de manguezal. Depois desse acidente, a Petrobras, empresa que
controla a maior parte do mercado de petróleo do país, investiu cerca de 5
bilhões de reais em segurança, reduzindo o volume de vazamentos de quase 6
milhões de litros em 2000 para 250 mil litros em 2003. "Os 7 mil
quilômetros da malha principal de oleodutos têm controle automático, que
interrompe o transporte de produtos quando há falhas. Também criamos nove
centros de defesa ambiental, com equipes de 19 técnicos de plantão para
combater vazamentos", diz o engenheiro Jayme de Seta Filho, da Petrobras.
As entidades ambientalistas reconhecem os avanços, mas indicam que os
vazamentos são só um dos problemas do uso do petróleo como combustível. "A
exploração de óleo e gás traz impactos ao meio ambiente em todas as suas fases,
do mapeamento ao transporte final. É preciso prevenir acidentes e preservar
áreas ecologicamente sensíveis à retirada do produto", afirma o
ambientalista Guilherme Fraga Dutra, da ONG Conservation International.
Corrida contra o
tempo
Rapidez é fundamental
para conter o derramamento e retirar a sujeira do mar.1. Quando ocorre um vazamento, a primeira ação das equipes de limpeza é tentar diminuir o estrago do acidente. Para isso, os técnicos usam barreiras flutuantes que cercam a mancha de óleo na direção contrária aos ventos e correntes marítimas. Além de conter o vazamento, as barreiras tornam o óleo mais concentrado, facilitando a remoção da mancha e barrando a entrada da sujeira em regiões de preservação, como mangues e corais.
2. A etapa seguinte é a retirada do produto que vazou. Como óleo e água têm densidades diferentes e não se misturam, o líquido derramado geralmente forma uma mancha de poucos centímetros de espessura na superfície. Para removê-la, entram em ação barcos recolhedores, com esteiras mecânicas aderentes que extraem o óleo do mar, despejando-o em dois tanques com 4 mil litros de capacidade.
3. Quando os recolhedores já retiraram boa parte do óleo e a mancha está menos espessa, os técnicos lançam na água substâncias químicas, chamadas de dispersantes, que quebram a mancha de óleo em partes menores, facilitando o trabalho das bactérias do mar que degradam naturalmente o petróleo. Como alguns desses produtos podem ser tóxicos à fauna e à flora, seu uso só é permitido com autorização dos órgãos ambientais.
RESGATE ANIMAL
No salvamento dos
bichos, a ação começa na própria praia. Primeiro, os biólogos utilizam panos
para retirar o óleo mais grosso. Depois, os animais são levados para
contêineres onde recebem banhos com água morna e detergentes. Em seguida, eles
são medicados com uma aplicação de carvão ativado, que consegue diminuir a
absorção de petróleo pelo organismo, e passam por um período de repouso antes
de serem devolvidos à natureza.
CHAMAS CONTROLADAS
Uma forma mais
radical de remover a sujeira é atear fogo à mancha de petróleo. O incêndio,
porém, é calculado: uma barreira inflável com um revestimento à prova de chamas
confina a mancha e consegue resistir à queima do óleo na água. A prática é
proibida no Brasil, mas faz parte do combate em países como os Estados Unidos,
quando a recuperação do óleo é difícil e o fogaréu é considerado seguro —
geralmente, longe da costa.
TRINCHEIRA DUPLA
Dois tipos de
barreiras são usadas nos vazamentos. A primeira, de contenção, é formada por
flutuadores de plástico revestidos por uma lona impermeável. A outra, de
absorção, é feita de polipropileno, um material poroso derivado do petróleo
capaz de sugar o líquido do mar. Para dar uma idéia, cada 3 metros de barreira
absorvem 70 litros de óleo.
DE GRÃO EM GRÃO
Para recuperar as
praias, as equipes de limpeza dispõem de aspiradores que sugam a areia suja
para dentro de um barril. Quando não há esse aparelho, o mais comum é raspar a
areia com rodos, retirando a sujeira aos poucos. As duas técnicas prejudicam
menos o meio ambiente que a raspagem feita por tratores, que mata os
microorganismos da praia.
Revista Mundo Estranho Edição 25/ 2004
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