André Santoro
Com ele, os franceses
fizeram a primeira exibição pública de um filme.No final do século 19, o cinema ainda ensaiava seus primeiros passos. Em todo o mundo, vários inventores projetavam aparelhos capazes de fotografar sequências de imagens que, quando projetadas, causavam a impressão de movimento. Dois desses pioneiros foram os irmãos franceses Auguste (1862-1954) e Louis (1864–1948) Lumière. Foi deles a idéia de uma exibição realizada no dia 22 de março de 1895, na sede da Sociedade Francesa para o Incentivo à Indústria, em Paris. Diante de uma pequena platéia, eles projetaram o filme A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, com apenas 1 minuto de duração. Exibida em várias ocasiões nos meses seguintes, a película chegou ao grande público em 28 de dezembro do mesmo ano.
A sequência de imagens foi capturada e exibida pelo cinematógrafo dos irmãos Lumière, que levaram a fama pelo pioneirismo na indústria cinematográfica – embora tenham buscado inspiração no kinetoscópio, aparelho similar produzido por Thomas Edison e William Dickson e patenteado em 1891 nos Estados Unidos.
O primeiro protótipo da máquina de Auguste e Louis foi criado em 1894. O invento consiste de uma câmera que fotografa e projeta as imagens em uma velocidade de 16 quadros por segundo – contra 40 a 48 quadros por segundo do kinetoscópio de Edison e Dickson (o que torna a ação mais natural). Algumas melhorias em relação à criação dos americanos, como a possibilidade de filmagens mais longas e projeção com mais luminosidade, fizeram com que o cinematógrafo ganhasse mais notoriedade. “O mecanismo de funcionamento desses primeiros aparelhos dos Lumière foi usado na obtenção da patente do cinematógrafo, em 13 de fevereiro de 1895”, diz Jean-Marc Lamotte, responsável pelo patrimônio do Instituto Lumière, que fica em Lyon, na França.
O protótipo do cinematógrafo, segundo Jean-Marc, foi mantido com Louis Lumière até sua morte, em 1948. A família então guardou a invenção até 1994, quando foi doada à coleção do museu do Instituto Lumière. Além do protótipo, o museu também guarda o primeiro cinematógrafo fabricado em série, usado nas exibições públicas pioneiras. Bem conservados, os aparelhos poderiam ser colocados a qualquer momento para funcionar. Mas isso não está nos planos do Instituto. “Devido ao inestimável valor histórico dessas peças, preferimos deixá-las atrás de uma vitrine, fora de operação”, diz Lamotte.
Aventuras na História n° 042
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