A expressão "Guerra Fria" surgiu em 1947, quando o
assessor presidencial americano Bernard Baruch usou o termo para se referir à
intensa rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética após o fim da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Diferentemente desse terrível conflito real, a
disputa entre as duas grandes potências era travada mais no campo político.
Como ambas evitavam se enfrentar com armas, a suposta guerra era fria,
limitada, e não quente, total. Na década de 50, a tensão entre as duas superpotências
levou a uma grande política de alianças. Os Estados Unidos formaram com países
europeus a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma força militar
unificada para resistir à presença dos soviéticos na Europa. Estes, em
resposta, criaram o Pacto de Varsóvia, que unia os países comunistas. Também
nos anos 50 ocorreu a Guerra da Coréia (1950-1953), marco de uma tática comum
nos tempos de Guerra Fria: o uso de aliados nos conflitos militares. Os
soviéticos, apoiando a Coréia do Norte, opuseram-s à Coréia do Sul, que tinha o
suporte americano. Servindo-se dessas espécies de "testa-de-ferro",
as duas grandes máquinas de guerra do mundo fugiam de um confronto direto, que,
diante do arsenal atômico de ambas, poderia até destruir o planeta. O auge da Guerra
Fria ocorreu em 1962, quando a União Soviética decidiu instalar secretamente em
Cuba mísseis que poderiam atingir os Estados Unidos. "A chamada Crise dos
Mísseis teve desfecho favorável a Fidel Castro (ditador cubano), pois os
americanos deram aos soviéticos a garantia de que não invadiriam Cuba em troca
da retirada dos mísseis", diz o historiador Clodoaldo Bueno, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis (SP). Mesmo após a solução da
crise, a disputa entre os dois países prosseguiu. Só em meados dos anos 80 as
tensões diminuíram. Entre 1985 e 1991, Mikhail Gorbachev, líder soviético,
iniciou a democratização de seu país, incentivando o mesmo nas nações aliadas
dos soviéticos. Em 1991, com a desintegração da União Soviética em várias
repúblicas, a Guerra Fria finalmente chegou ao fim.
O ano em que o mundo quase acabouCrise dos Mísseis, em 1962, marcou o auge da tensão entre Estados Unidos e União Soviética.
1. Em 1959, Fidel Castro assume o poder em Cuba. O país, a menos de 200 quilômetros dos Estados Unidos, aproxima-se dos soviéticos. Em julho de 1962, os americanos recebem informações de que a União Soviética enviara mísseis para Cuba. Em setembro, o presidente americano John Kennedy anuncia que não iria admitir que a ilha virasse uma base hostil.
2. No mês seguinte, os americanos reforçam os serviços de
espionagem para obter mais detalhes sobre a movimentação soviética. Fotos
aéreas de aviões espiões confirmam a instalação de bases de lançamento em Cuba
e, no dia 14 de outubro, o presidente Kennedy é notificado oficialmente da
presença de mísseis balísticos soviéticos na ilha.
3. Especialistas
americanos fazem análises detalhadas dos dados disponíveis e chegam a uma
conclusão sobre o alcance dos mísseis instalados em território cubano: eles
poderiam atingir em questão de minutos várias cidades do leste dos Estados
Unidos.
4. A tensão se agrava e Kennedy considera a hipótese de
invadir imediatamente Cuba. Entretanto, ele opta por outras duas ações: de um
lado, inicia negociações diplomáticas com os soviéticos; de outro, anuncia, no
dia 22 de outubro, um bloqueio naval à ilha. Navios americanos passariam a
confiscar armas soviéticas que tentassem chegar a Cuba.
5. Em 27 de outubro,
a Crise dos Mísseis chega ao auge. Durante uma missão de espionagem sobre
território cubano, um avião U-2 americano é derrubado. O major Rudolph Anderson
Junior, que pilotava a aeronave, morre no incidente.
6. Um dia depois,
porém, o conflito que parecia certo é evitado pelo primeiro-ministro soviético
Nikita Kruschev. Ele informa a Kennedy que a construção das bases seria
suspensa. Os mísseis em Cuba começam a voltar para a União Soviética. Em 20 de
novembro, o bloqueio naval é suspenso e a crise, que deixou o mundo à beira de
uma guerra nuclear, termina.
Revista Mundo Estranho Edição 25/ 2004
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