terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Giácomo Casanova: O homem que amava as mulheres


Clarissa Passos-Garcia
Nem a nossa repórter foi poupada dos encantos de Casanova.
Ele era tão bom na arte da paquera que seu sobrenome virou sinônimo de "conquistador". Giácomo Casanova nasceu em Veneza, em 1725, filho do casal de atores Zanetta e Giuseppe. Há quem diga, entretanto, que o menino era filho do dono do teatro onde eles trabalhavam (se isso é verdade, Casanova puxou o pai biológico, pois adorava sair com mulheres casadas). Na juventude, Casanova estudou para ser padre, mas foi expulso do seminário. Além das muitas amantes, ele teve diversas profissões: foi espião, violinista, escritor e tradutor. Morreu aos 73 anos, depois de muita esbórnia. Amargurado com as limitações sexuais causadas po uma infecção urinária, escolheu bem as últimas palavras: "Vivi como um filósofo, morri como um cristão".
O senhor afirma, em sua autobiografia, ter dormido com 122 mulheres. É verdade?
GIÁCOMO CASANOVA - Vamos abandonar as formalidades. Pode me chamar de "você".
Está bem. Mas voltando ao número...
Ah, tive momentos muito divertidos, mas meu lndário currículo amoroso encobriu outros fatos de minha vida que são deveras interessante. Aliás você é casada?
Sou sim. O senhor... você pode citar outros feitos pouco conhecidos?
Eu fui um dos criadores da loteria francesa. Também traduzi a Ilíada, de Homero, para o italiano. Escrevi ensaios, adaptei algumas peças teatrais... Aceita uma ostra, um champanhe?
Não obrigada. Não como frutos do mar.
(Cochichando) Grumf. Ô, mulher difícil...
...mas fico com o champanhe!
Ôpa vejo uma luz no fim do túnel.
Como?
Nada, não. Continue. Você é muito interessante.
Er... obrigada. Você foi preso em Veneza a mando da inquisição, não? Por quê?
Eu estava envolvido com magia. Sempre tive certo interesse por essas coisas.
E você foi o primeiro a escapar da prisão de Piombi, em Veneza. Como?
Saí pelo telhado, entrei de novo por uma janela e, confundido com um nobre, ganhei as ruas pela porta principal. Depois, achei mais sensato abandonar minha cidade e me mandei para Paris Você gostaria de conhecer Paris?
Já conheço... mas gostaria de voltar. Este champanhe está ótimo... Onde eu estava? Ah sim. Você foi bem recebido em Paris, mesmo sendo fugitivo?
Lógico! Eu era figurinha disputada nas festas da corte. Foi, assim borboletando pelos salões mais luxuosos, que conheci gente como Voltaire e Mozart. Deixe-me encher sua taça de novo.
Você se aproveitaria do seu conhecimento sobre magia para atrair as mulheres?
Sim. algumas delas eram bastante crédulas. A marquesa d·Urfé, por exemplo, achava que eu tinha poderes e seria capaz de transformá-la em homem! Ela me sustentou por sete anos, até perceber que era tudo enrolação.
O  você fez quando ela descobriu?
Bem, fiz o que eu sempre fazia quando era pego num escândalo: fugi. Sua taça está vazia outra vez. Mais um pouco?
Acho que vou aceitar. E você... (hic!) não se cansava de fugir?
Claro que não. Minhas virgens me permitiram conhecer toda Europa. Estive até em um mosteiro em Zurique, na Suíça. Sabe que, com 35 anos, considerei virar monge? Mas mudei de idéia quando pousei os olhos na bela baronesa de Roll. Um pitéu. Mas nem se compara a você.
Puxa (hic!), obrigada. O que você (hic!) da fama que tem hoje?
Acho que mereço. Quer tirar a prova?
Tem outro (hic!) champanhe por aí?
Pra você? É claro. Venha comigo. Ah, só um instante deixa eu anotar aqui no meu caderninho: cento e vinte e... três.

Aventuras na História n° 042

 

 

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