Alexandre Versignassi
O presidente americano George W. Bush anunciou essa idéia em
janeiro último. Na verdade, o principal interesse parece ser político: Bush
tentará se reeleger em novembro e missões com astronautas costumam turbinar a
popularidade de governantes americanos. Apesar desse grande porém, a proposta
até que tem um fundo científico. O plano é fazer da Lua um degrau para missões
tripuladas a Marte. Uma base permanente seria instalada no satélite em 2020 e
serviria para aprendermos a sobreviver e fazer pesquisas num ambiente tão
hostil quanto o marciano, mas bem mais próximo de nós. Por exemplo: se ficar
provado que há gelo na Lua e em Marte, seria mais prudente usar o satélite para
desenvolvermos um método eficiente de explorar a substância. Por quê? Simples:
a viagem à Lua demora só três dias, contra seis meses para chegar ao Planeta
Vermelho. Imagine se um pesquisador em Marte precisasse pedir novos
equipamentos à Terra para manter sua equipe viva usando a água marciana. Como
os astronautas teriam que esperar pelo menos seis meses até que chegasse alguma
coisa, não haveria o que fazer, a missão seria abortada e bilhões de dólares
iriam parar no lixo. Já numa base lunar daria para testar quantos equipamentos
fossem necessários. Ou quantos o orçamento permitisse, pois é na questão
financeira que esse ousado projeto pode emperrar. Antes do plano lunar de Bush,
a Nasa, a agência espacial americana, esperava somar mais 800 milhões de
dólares aos 15 bilhões que recebe anualmente. Mas o presidente ianque anunciou
um acréscimo de só 200 milhões anuais. O problema é que analistas estimam em
100 bilhões de dólares o retorno à Lua! Além disso, uma pesquisa feita após o
anúncio do plano de Bush mostrou que 61% dos americanos são contra gastar mais
dinheiro para voltar ao satélite. Se a opinião pública não mudar, a Lua pode
continuar deserta por um bom tempo.
Planos não faltam
Propostas para
colonizar o satélite vão de hotel espacial a usina de energia solar.
OUVIDO CÓSMICO
A colonização da Lua
seria ótima para pesquisas astronômicas. Radiotelescópios, capazes de detectar
qualquer forma de radiação no espaço, operariam livres dos ruídos da nossa
atmosfera. Seria como um telescópio Hubble elevado à décima potência.
AEROPORTO SIDERAL
Lançar um satélite a
partir da Lua gasta só um vigésimo da energia necessária para lançar o mesmo
equipamento aqui da Terra, onde a gravidade é seis vezes maior. Com uma boa
estrutura de mineração e algumas fábricas instaladas na Lua ficaria mais barato
fazer nossos satélites e naves espaciais por lá.
MATÉRIA-PRIMA LOCAL
O único jeito de viabilizar os projetos lunares seria usar
material de lá. As rochas do satélite têm, entre outras substâncias, 42% de
oxigênio, 21% de silício e 26% de metais (ferro, alumínio, titânio). O silício,
por exemplo, serviria para fazer painéis solares. Mas, para a mineração lunar vingar,
faltam técnicas eficientes para separar tais elementos de impurezas.
FÉRIAS FLUTUANTES
A Lua não vai ser só
dos astronautas. Pelo menos é o que pensam os donos da rede Hilton, que sonham
em montar um hotel ali. Uma área de lazer com quadras precisaria ser
pressurizada para que os turistas não explodissem pela falta de pressão
atmosférica. A vantagem é que abrigaria belas partidas de basquete. Um jogador
de 100 quilos se sentiria pesando o equivalente a 16 quilos. Teria cada
enterrada...
QUILOWATTS LUNARES
Montar na Lua uma
usina colossal de energia. Essa é a proposta do físico americano David
Criswell. Campos de painéis solares coletariam luz e a transformariam em raios
de microondas. Estes seriam enviados à Terra por antenas e convertidos em
energia elétrica. Para Criswell, isso poderia substituir as usinas da Terra até
2050 e as empresas envolvidas lucrariam 1,6 trilhão de dólares por ano!
Revista Mundo Estranho Edição 25/ 2004
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