quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Afinal, bronzeamento artificial faz mal à saúde


É melhor evitar, Wanessa, pois, em excesso, ele faz mal sim. A Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda o uso da técnica com fins estéticos e, em fevereiro deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, criou uma série de restrições ao uso das câmaras de bronzeamento, como a necessidade de avaliação médica antes da exposição e a proibição do uso por menores de 16 anos. O receio dos médicos se deve ao fato de que as máquinas de bronzeamento emitem raios ultravioleta do tipo A (UV-A) em quantidades bem maiores que as emitidas pelos raios solares. "A partir de dez sessões por ano, a pessoa passa a ter risco de desenvolver câncer de pele", diz a dermatologista Ediléia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Um dos tipos mais mortais da doença, o melanoma, pode surgir a partir de inocentes pintas na pele, após várias sessões. "Além disso, o bronzeamento artificial aumenta o risco de incidência de câncer em regiões que, normalmente, são pouco expostas ao sol, como as pernas", afirma Ediléia. Algumas clínicas de bronzeamento, porém, contam com médicos que defendem o método "Quem tem a pele muito clara não deve se bronzear nem mesmo sob o sol. Mas, se não é esse o caso, após uma avaliação cuidadosa, duas sessões semanais de até 30 minutos não são prejudiciais", diz o dermatologista Roberto Cressoni, que presta assessoria para clínicas de bronzeamento em São Paulo. Roberto lembra ainda que as máquinas também têm finalidade terapêutica em alguns casos, pois doenças de pele como psoríase e vitiligo podem ser tratadas com exposições controladas de UV-A. De qualquer forma, vale lembrar que a opinião mais importante nessa polêmica questão é mesmo a da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Portanto, todo cuidado é pouco.

Cor perigosa
Uso frequente desse tratamento estético aumenta a chance de desenvolver câncer de pele.
1. Quando os raios UV-A emitidos pela máquina de bronzeamento atingem a pele, ela reage ao ataque de radiação aumentando a produção de melanina, um pigmento escuro que a protege. Mas o efeito não é instantâneo e o bronzeado leva horas, ou dias, para aparecer, dependendo do tipo de pele de cada pessoa 2
2. Mesmo nas peles escuras, os raios UV chegam às camadas profundas da pele, rompendo as fibras de elastina e colágeno que a sustentam, causando flacidez e enrugamento precoces. O mesmo efeito ocorre com quem toma sol sem proteção, mas a quantidade de raios UV é maior nas máquinas de bronzeamento.
3. A exposição frequente aos raios UV acaba danificando o DNA das células da pele. Em alguns casos, as mutações fazem essas células se multiplicarem de modo descontrolado. Isso é o câncer. Os primeiros sinais da doença podem demorar anos para se manifestar.

Como agem os bronzeadores?
Esses produtos prometem uma pele morena se baseando em três fatores. Primeiro, eles fazem a luz do Sol penetrar na pele devagarinho, barrando parte da radiação. É o mesmo princípio dos filtros solares, mas com uma intensidade bem menor. Enquanto nos filtros o fator de proteção é 15 ou 30, por exemplo, num bronzeador ele é de 2 ou 4 - o que significa que, se você estiver usando o produto, dá para ficar duas ou quatro vezes mais tempo debaixo do Sol que se estivesse com a pele desprotegida. O segundo princípio do bronzeador é lubrificar a pele. "Isso evita que ela descasque e faz com que a cor do verão dure mais tempo", diz o dermatologista Luiz Carlos Cuce, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O terceiro segredo é a fórmula rica em betacaroteno, um pigmento que tinge a camada superficial da pele, aumentando a impressão de que ela ficou morena. "Essa substância se deposita na epiderme dando uma coloração dourada que se mistura à do bronzeado real", afirma a dermatologista Nina Rosa Rigoni, de São Paulo.
Outro tipo de produto parecido, mas com uma ação diferente, é o creme de bronzeamento automático, também conhecido como autobronzeador. Quem passa o creme no corpo tem a pele escurecida por um tipo de açúcar, a dihidroxiacetona (DHA). Quando essa substância interage com a superfície da pele, as células ganham instantaneamente um tom amarronzado. É como se fosse uma camuflagem provisória, garantindo uma cor morena mais intensa que a dos bronzeadores comuns. O grande problema é que o tal creme precisa ser reaplicado a cada três dias. Conforme o corpo se livra das células mais antigas da camada externa da pele (veja na seção Saúde a pergunta sobre descamação), o bronzeado de laboratório também cai por terra. Uma coisa é certa: nem os bronzeadores tradicionais nem os automáticos protegem contra queimaduras. Por isso, mesmo que você já saia de casa com a pele morena, nem pense em economizar no filtro solar.

Revista Mundo Estranho Edição 16/ 2003

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