São os gigantescos blocos que compõem a camada sólida
externa do nosso planeta, sustentando os continentes e os oceanos.
Impulsionadas pelo movimento do magma incandescente no interior da Terra, as
dez principais placas se empurram, afastam-se umas das outras e afundam alguns
milímetros por ano, alterando suas dimensões e modificando o contorno do relevo
terrestre. Esses gigantescos fragmentos atuam como artistas que recriam a
paisagem da Terra. Aliás, a palavra tectônica vem de tektoniké, expressão grega
que significa "a arte de construir". "Mas é mais correto chamar
essas estruturas de placas litosféricas, já que elas se estendem por toda a
camada exterior do planeta, a chamada litosfera", diz o geofísico Eder
Cassola Molina, da Universidade de São Paulo (USP).
A litosfera possui cerca de 150 quilômetros de espessura,
uma ninharia perto dos 6 371 quilômetros necessários para se chegar até o
centro do planeta. Cada vez que as enormes placas se encontram, uma grande
quantidade de energia, equivalente a milhares de bombas atômicas, fica
acumulada em suas rochas. De tempos em tempos, o arsenal é liberado de forma
explosiva, através de terremotos que chacoalham o globo - geralmente, nas
bordas das placas. Nos limites dos blocos que sustentam oceanos, a trombada
subterrânea pode dar origem a vulcões, quando montanhas de rocha derretida
aproveitam as fendas para subir por entre as placas.
Quebra-cabeças planetário
Terremotos e vulcões concentram-se nas bordas das dez placas.
PLACA DO PACÍFICO
A maior placa oceânica - são cerca de 70 milhões de
quilômetros quadrados - está em constante renovação na região do Havaí, onde o
magma sobe e cria ilhas vulcânicas. No encontro com a placa das Filipinas, a
placa afunda em uma região conhecida como fossa das Marianas, onde o oceano
atinge sua profundidade máxima: 11 034 metros.
PLACA DE NAZCA
A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros
quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10 centímetros menor pelas trombadas com a placa sul-americana. Esta, por
ser mais leve, desliza por cima da placa de Nazca, gerando vulcões e elevando
mais as montanhas dos Andes.
PLACA SUL-AMERICANA
Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32 milhões de
quilômetros quadrados, sente pouco os efeitos de terremotos e vulcões. No centro
do continente, a placa mede 200 quilômetros de espessura. Na borda com a placa
da África, os terrenos mais jovens não passam de 15 quilômetros.
PLACA DA AMÉRICA DO NORTE E DO CARIBE
Com 70 milhões de quilômetros quadrados, engloba toda a
América do Norte e Central. O deslocamento horizontal em relação à placa do
Pacífico cria uma fronteira turbulenta: em um dos limites, na Califórnia, está
a falha de San Andreas, famosa pelos terremotos arrasadores.
PLACA DA ÁFRICA
No meio do Atlântico,
uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que
esse bloco se afaste progressivamente da placa sul-americana - com quem formava
um continente único há 135 milhões de anos - e cresça de tamanho. A tendência é
passar os 65 milhões de quilômetros quadrados atuais.
PLACA DA ANTÁRTIDA
A parte leste da placa, que há 200 milhões de anos estava
junto de Austrália, África e Índia, chocou-se com pelo menos cinco placas
menores que formavam o lado oeste. O resultado é um bloco que dá suporte à
Antártida e a uma parte do Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de
quilômetros quadrados.
PLACA INDO-AUSTRALIANA
O bloco de 45 milhões
de quilômetros quadrados que sustenta a
Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e a maior parte do oceano Índico ruma
velozmente para o norte. Além do subcontinente indiano se chocar com a Ásia, a
borda nordeste bate na placa das Filipinas, criando novas ilhas na região
turbulenta.
PLACA EUROASIÁTICA
OCIDENTAL
Sustenta a Europa,
parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar Mediterrâneo. Na trombada com a
placa indo-australiana, nasceu o conjunto de montanhas do Himalaia, no sul da
Ásia, onde há mais de 100 montanhas com altitudes superiores a 7 mil metros.
Sua área total é de 60 milhões de quilômetros quadrados.
PLACA EUROASIÁTICA ORIENTAL
Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40 milhões de
quilômetros quadrados choca-se contra a placa das Filipinas e com a do
Pacífico, na região onde fica o Japão. O encontro triplo é tumultuado e dá
origem a uma das áreas do globo com maior índice de terremotos e vulcões.
PLACA DAS FILIPINAS
Essa pequena placa de apenas 7 milhões de quilômetros
quadrados concentra em seus limites quase a metade dos vulcões ativos do
planeta. Colisões com a placa euro asiática oriental causam terremotos e
erupções destruidoras, como a do monte Pinatubo, em 1991, considerada uma das
mais violentas dos últimos 50 anos.
Revista Mundo Estranho Edição 16/ 2003
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