Tudo indica que esse estranho apelido nasceu nas ruas da
França. No século 12, a palavra camelot - provavelmente, uma modificação do
árabe khmalat, que significava "tecido rústico e felpudo" - entrou
para o vocabulário francês para designar um tipo de tecido feito com pêlo de
camelo. Importado de países do norte da África e do Oriente Médio, o produto
era muito apreciado por sua textura macia, pelo brilho e por ser um bom
isolante térmico. "No comércio de Paris, esse tecido popular era anunciado
aos berros pelos vendedores, que foram batizados com o nome da mercadoria que
vendiam. O problema é que, muitas vezes, o pêlo de camelo não passava de uma
imitação barata de pêlo de cabra. Assim nasceu o sentido que associa o camelô a
um vendedor de produtos falsificados", afirma o etimologista Deonisio da
Silva, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Mais tarde, variações na
língua francesa assimilaram o sentido pejorativo com o verbo cameloter.
Registrado pela
primeira vez no século 17, o termo significa "vender quinquilharias ou
proceder sem polidez". Dois séculos depois, a palavra camelote foi usada
com o sentido de "mercadoria grosseira, de acabamento insuficiente".
Da França, o vocábulo cruzou o oceano Atlântico e aportou no Brasil, no início
do século 20, onde manteve o sentido depreciativo.
Revista Mundo Estranho Edição 16/ 2003
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